Todo ser humano é único, dinâmico e portador de uma dignidade intrasferível, donde resulta que todos, indistintamente, devem se conscientizar do próprio valor, desenvolvendo a percepção crítica de seus limites e sobretudo assumindo a direção e o desenvolvimento de suas imensas potencialidades. Quando a pessoa se deixa iludir pelo materialismo, obscurece seu interior e perde a autoconfiança, de modo que, quanto mais se afasta de si, tanto menos percebe o imenso poder que possui.
No Racionalismo Cristão, pugnamos pelo esclarecimento espiritual, que representa a autêntica via que conduz ao autoconhecimento. É este, por seu turno, que permite que o ser humano, apoiado em seus atributos, se fortaleça plenamente e alcance êxito em seus projetos.
A pessoa que não é receptiva à visão transcendente da vida e se mostra, portanto, refratária ao esclarecimento espiritual tem uma visão minimizada ou deturpada de si. Menospreza seus talentos e potencialidades e, na maior parte das vezes, manifesta uma percepção da vida e dos fatos que se contrapõe à realidade.
Esclarecido espiritualmente, o ser humano consegue elevar-se acima das dificuldades e adversidades que surgem em seu caminho, sem jamais consentir com atitudes e comportamentos que ofusquem os valores espirituais que traz dentro de si. Trabalha ativamente no sentido de espiritualizar-se cada vez mais, eliminando más inclinações, selecionando os pensamentos e aprimorando a conduta. Na verdade, o esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão enseja o desenvolvimento de um estilo de vida sóbrio, que produz segurança emocional, serenidade, fortaleza e paz interior.
Teimam os materialistas, impenetráveis que são aos valores espirituais, que todas as conquistas da modernidade se reduzem ao oferecimento de conforto, bem-estar físico e diversão. Com certeza, os genuínos avanços experimentados pela sociedade, ou seja, aqueles que promovem a condição humana e elevam o nível das relações entre os seres, encontram fundamento, via de regra, na articulação ordenada dos atributos espirituais. Ora, o bom senso aponta que nada de útil pode surgir fora do uso adequado da razão, da inteligência, da lógica e da criatividade.
Uma vez que fizemos alusão aos materialistas, torna-se necessário dirigir-lhes algumas palavras.
Se os materialistas da conturbada época em que vivemos, conhecida como contemporaneidade, a considerassem como um tempo – como de fato o é – que oferece inúmeras e excelentes oportunidades de crescimento pessoal, ético e moral, não teriam, evidentemente, o comportamento que costumam ter de desprezar os valores do espírito com tanta intensidade.
Para despertar em tais pessoas, inveteradas pelo consumo e inclinadas ao egoísmo, um rasgo de lucidez contra os sentimentos mesquinhos e reducionistas que acalentam é que trabalhamos diuturnamente, pois nosso repúdio se dirige aos erros e aos vícios, jamais ao ser humano, que, como dissemos no início desta reflexão, tem uma dignidade acima de toda prova. As pessoas – atente-se bem – não devem ser avaliadas apenas pelo eventual desvalor de suas ações, mas sobretudo pelo enorme valor de sua essência.
Estamos convictos de que o esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão é capaz de interromper a marcha depreciativa que marca a vida do materialista e retirá-lo do alheamento em que se encontra.
A presente reflexão tem como ponto central a dignidade humana. E qual é a origem de tão grande qualidade? Trata-se de sua essência espiritual, imorredoura e indestrutível.
A desconfiança e o ceticismo da mentalidade contemporânea conduzem ao materialismo doentio e obscurantista. Muitas vezes, impedem as pessoas de perceber e intuir algo tão óbvio quanto a realidade espiritual. É contra esse estado de coisas que nós lutamos, asseverando o imenso valor do esclarecimento espiritual e de seu principal corolário: o autoconhecimento.
Felizmente, o trabalho dos racionalistas cristãos tem demonstrado sua fertilidade, de modo que já percebemos, em alguns setores e grupos, uma visível e positiva transformação: o excessivo apego à matéria, o desequilíbrio e a indisciplina cedem lugar, pouco a pouco, a uma manifestação cada vez mais consciente da vontade, fundamentada no desenvolvimento racional dos atributos espirituais. Tal procedimento honesto e conduta elevada demonstram a disposição de, a um só tempo, fruir da lucidez e harmonia oriundas dos valores espirituais propostos pelo Racionalismo Cristão e corresponder aos talentos inatos para o desenvolver das potencialidades humanas que, como dissemos lá no início, permite que todos se conscientizem do seu próprio valor.