Como evitar o medo e os pensamentos negativos que levam ao insucesso? Constata-se aí um questionamento muito atual e ao mesmo tempo rico em possibilidades e de múltiplos aspectos. Pelo interesse que de imediato desperta e o sentimento que causa, estabelece-se frequentemente a dificuldade de uma análise mais rigorosa acerca de sua força e profundidade.
É válida, oportuna e digna de todo o crédito a ideia de que o controle do pensamento e a disposição psíquica inclinada ao autodesenvolvimento constituem valiosíssimos instrumentos para atenuar a onda de desânimo e pessimismo que permeia a atmosfera fluídica do planeta e que muitas vezes afeta o ser humano mais sensível.
Em nossa reflexão procuraremos demonstrar a eficácia do esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão no combate ao medo e a suas desagradáveis consequências.
A natureza integral do ser humano o coloca em contato com duas realidades distintas, ainda que indissociáveis: o espírito e a matéria. Este é o fundamento do edifício dos conhecimentos racionalistas cristãos que nos propomos a divulgar e defender em todos os nossos encontros, artigos e alocuções.
Desprezar os fatores extramateriais, quais sejam, psíquicos, emocionais, sentimentais e espirituais, em sua autenticidade e abrangência, para analisar apenas a ação dos elementos materiais, perceptíveis pelos imprecisos sentidos físicos, é simplificar e reduzir demasiadamente a apreciação dos problemas e dramas vivenciados por homens e mulheres nas mais distintas épocas e lugares.
A preocupação e o cuidado com o teor e a qualidade dos pensamentos irradiados exercem um papel preponderante no questionamento acerca de quais sentimentos devem ser cultivados e acalentados e quais devem ser suprimidos e desconsiderados. Este balanço íntimo possibilitará à pessoa alcançar a verdade dos fatos com mais facilidade e segurança. Nessa perspectiva, é válido salientar que o raciocínio, como atributo do espírito, é reconhecidamente uma das dimensões fundamentais do ser humano, de tal modo que seu exercício, isto é, a operação racional, o auxilia consideravelmente na seleção e organização de seus pensamentos.
Estando à margem de qualquer dúvida a estreita ligação entre o pensamento e a realidade, também não se deve ignorar a relação que, por força dessa circunstância, se estabelece entre o controle dos pensamentos – que se obtém com disciplina, método e força de vontade voltada para a prática constante e desinteressada do bem – e a paz de espírito a que tanto almeja o gênero humano.
As irradiações associadas aos pensamentos nobres e elevados consubstanciados com leituras amenas e instrutivas realizadas pela pessoa consciente do valor do trabalho honesto e benfeito têm, sem dúvida, o poder de neutralizar vícios e alimentar virtudes, primeiro do próprio emissor, depois de todos aqueles que tiverem força de vontade para seguir-lhe o exemplo. Note-se que há, na base desse conceito, um tipo de pensamento que enobrece quem o cultiva: é aquele que promove a reação enérgica de uma pessoa diante do mal que se lhe depara e a quer dominar. Dito pensamento, contudo, pressupõe fortaleza de ânimo – consequência da convicção na vida espiritual e da disposição de viver em profunda serenidade, apesar de todas as circunstâncias crônicas, difíceis e insidiosas que a vida humana não cessa de oferecer.
Há pessoas – e, infelizmente, não são poucas – que, desde os primeiros anos de vida, foram atemorizadas, seja pela insistência com que ouviam histórias esdrúxulas e desconexas, seja por conta do desconhecimento da realidade espiritual de seus pais e responsáveis, que não sabiam lhes dar respostas adequadas às diversas dúvidas que, de forma espontânea ou em agitações inflamadas, surgem nessa fase da vida.
Com o passar do tempo, algumas dessas pessoas permaneceram presas a seus medos e pavores; outras, ao invés disso, amadureceram, superaram tais traumas e tornaram-se fortes e corajosas. Isso demonstra que não é o medo o fator preponderante capaz de fragmentar a personalidade humana, causando-lhe dor e sofrimento, e sim a forma como cada um lida com ele.
Sob o ponto de vista da experiência pessoal do estudioso da transcendência, a enorme contribuição que o esclarecimento espiritual proporciona à coletividade é precisamente o de converter o temor constante da vida em amor constante pela vida e tudo o que ela proporciona.
Sem dúvida, esse entendimento se desdobra na compreensão de que medos e temores, dramas e angústias podem e devem ser superados pelo ser humano a partir do direcionamento adequado de sua inteligência e vontade. Tal consciência não surge apenas em nível intelectual, mas se estabelece na dimensão espiritual de cada um – daí resulta o valor e mesmo a necessidade de abertura para a espiritualidade.
Como deve proceder a pessoa para não se deixar assaltar por vãs inspirações e por pensamentos negativos, alimentadores dos insucessos? Certamente, nutrindo em seu espírito ideais sublimes, elevados, pois estes comunicam energia, coragem e vigor, dissipando as intuições malfazejas e medrosas. São os ideais virtuosos que infundem valor na caminhada do ser humano, principalmente nos momentos mais difíceis e complexos.
Há que ressaltar, todavia, que no conjunto das virtudes a serem conquistadas e desenvolvidas pelo estudioso do Racionalismo Cristão ocupa posição de admirável grandeza o trabalho honesto e dedicado. Logo, o ócio está na origem de incontáveis malefícios, na medida em que gera insegurança, angústia e, não raro, alimenta um medo infundado e avassalador.
Àqueles que do temor constante são cativos e cujos ânimos desalentados clamam por segurança e paz, advertimos: não se iludam. Os pensamentos negativos não se enraízam na mente da pessoa que se dedica às atividades construtivas da vida e administra racionalmente seu tempo, dedicando parte dele a seu semelhante num gesto de altruísmo e amor ao próximo. Aliás, diga-se já, quem assim procede é realmente livre e corajoso, posto que cumpre seu dever e honra seus compromissos sem jamais se envaidecer por isso. Assim, a humildade de que se faz portador bloqueia todas as arremetidas maliciosas do insucesso, do atraso, da inércia, fazendo-o agir com sinceridade, honradez e honestidade, sem constrangimentos nem exagerações; com certeza, nunca cede conscientemente ao menor ou mais leve impulso de temor.
A crise de medo e insegurança é um dos aspectos mais angustiantes da sociedade contemporânea, que desordenada e indisciplinadamente se agita no afã de buscar proteções exteriores e fantasiosas, tão inadequadas quanto ineficazes.
O ser humano que desconhece sua origem e valor se vê, no mais das vezes, tão desesperadamente sufocado pelas garras do medo, que na ânsia descontrolada de se livrar de tal sentimento entrega-se à primeira solução que lhe sugere, mesmo que remota e duvidosamente, um vislumbre de segurança.
Para combater o temor constante e despropositado, amigos, não há nada mais eficaz que o esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão, pois este é o farol que ilumina as inteligências confusas e inquietas perdidas no labirinto intricado do pessimismo contumaz e na confusão dos sistemas contaminados de preconceitos pseudoespiritualistas.
Muito se tem avançado no campo da tecnologia, e somos entusiastas desse progresso. Paradoxalmente, todavia, há tempos que a humanidade em seu conjunto não se apresenta tão atemorizada, insegura e impotente, o que nos demonstra que todo desenvolvimento que se limita às exterioridades, aos aspectos materiais da vida é estéril, egoísta e, portanto, incapaz de dar segurança ao ser humano.
Fortalecidos pela disciplina da limpeza psíquica recomendada pelo Racionalismo Cristão e por pensamentos elevados, positivos e de benquerer, todos estarão encorajados para enfrentar os desafios que a vida se nos apresenta.
Muito Obrigado!