A necessidade do controle emocional ocupa, em nossas reflexões, um lugar central. Como administrar as emoções? Constata-se aí um questionamento prático e, ao mesmo tempo, rico em possibilidades. Pelo interesse que de imediato desperta e o sentimento que suscita, estabelece-se amiúde a dificuldade de uma análise mais rigorosa acerca de sua força e profundidade. Oportuna e digna de todo o crédito a ideia de que o controle das emoções e a disposição psíquica inclinada ao autodesenvolvimento constituem valiosíssimos instrumentos para uma experiência de vida plena e feliz.
A preocupação e o cuidado com o teor e a qualidade dos pensamentos irradiados exercem um papel preponderante no estudo acerca do controle das emoções. Quais pensamentos devem ser cultivados e acalentados e quais devem ser suprimidos e desconsiderados? Este balanço íntimo possibilitará à pessoa chegar à verdade dos fatos com mais facilidade e segurança e, assim, implementar em sua vida de maneira eficaz o gerenciamento de suas emoções. Nessa perspectiva, é válido salientar que o raciocínio, como atributo do espírito, é reconhecidamente uma das dimensões fundamentais do ser humano, de tal modo que seu exercício, isto é, a operação racional, auxilia consideravelmente a pessoa na seleção e organização de seus pensamentos, sentimentos e emoções.
Com base nessas considerações, a razão desempenha uma função moral de grande importância no que diz respeito à execução dos atos humanos e às articulações no campo mental, como a análise dos pensamentos emitidos, que devem ecoar, inequivocamente, uma disposição interna à reflexão, ao exame criterioso, ao cultivo das virtudes e à busca pela ampliação do senso moral, pois assim o ser humano estará exercendo uma forte influência positiva no conjunto das intenções e pensamentos.
Estando à margem de qualquer dúvida a estreita ligação entre os pensamentos e as emoções, não se deve ignorar a relação lógica estabelecida, por força dessa circunstância, entre o controle dos pensamentos, que se alcança com disciplina, método e força de vontade voltada para a prática constante e desinteressada do bem, e a paz de espírito advinda da serenidade emocional, tão almejada pelos seres humanos.
As irradiações ligadas aos pensamentos nobres e elevados consubstanciados com leituras amenas e instrutivas realizadas pelo ser humano cônscio do valor do trabalho honesto e benfeito têm, sem dúvida, o poder de neutralizar vícios e alimentar virtudes, primeiro do próprio emissor, depois de todos aqueles que tiverem força de vontade para seguir-lhe o exemplo. Note-se que há, na base desse conceito, um tipo de pensamento que nobilita quem o cultiva, que fomenta a reação enérgica de uma pessoa diante do mal que se lhe depara e a quer dominar. Dito pensamento, contudo, pressupõe fortaleza de ânimo – corolário da convicção na vida espiritual e da disposição de viver em profunda serenidade, apesar de todas as circunstâncias crônicas e insidiosas que a vida humana não cessa de oferecer.
Nesse âmbito, deve-se considerar o grave perigo de alimentar pensamentos materializados e contraproducentes, capazes de formar um invisível campo malfazejo que, em meio à volubilidade das vãs aspirações, imobiliza o ser humano, impedindo-lhe o equilíbrio emocional e a concretização de seus projetos. Surge, então, a disciplina como importante ferramenta na construção do controle emocional. Imagine-se, por exemplo, uma pessoa que, ao se levantar pela manhã, ordene, de forma clara e objetiva, os atos que pretende desenvolver durante o dia. Tal pessoa evitaria em muito a possibilidade de descontrole emocional. Por mais que se possa, indevidamente, argumentar em contrário, fixar horários para as atividades diárias representa liberdade, e não imobilidade, pois permite um melhor aproveitamento das energias e êxito na concretização dos projetos.
Com certeza, as inquietações absorvidas pelo espírito indisciplinado e afeito a divagações estéreis entorpecem-lhe o desenvolvimento, constituindo um verdadeiro empecilho para a autorrealização do ser humano.
A conduta inteligentemente equilibrada, que lida bem com as emoções, apresentando várias formas comportamentais, sempre harmoniosas e coerentes com o momento e com as circunstâncias, constitui apenas a exterioridade de uma alma que valoriza e defende ideais elevados e sublimes. Tenha esta referência, amigo leitor, como de máxima relevância. Quem deseja controlar suas emoções deve principiar por compreender a importância de se religar aos conteúdos espiritualistas da prática do bem, da empatia, do apreço pelas virtudes e do amor ao próximo, repletos de significados e sabedoria, autênticos sustentáculos de uma vida digna.
Àqueles que ainda sentem dificuldades de gerenciar suas emoções, sugerimos que meditem sobre o valor de suas potencialidades e talentos, que não poderão se manifestar positivamente no turbilhão de uma personalidade descontrolada e intranquila. Lembrem-se também de que vocês estão cercados de pessoas – filhos, amigos e parentes – que os amam e consideram. Não os decepcionem; aprendam a controlar suas emoções e todos os seus relacionamentos tornar-se-ão imensamente mais fecundos. O ânimo de perseverar neste propósito de corresponder ao amor e à consideração recebida constitui, antes de tudo, um dever moral.
Em alguns dos pontos aqui abordados, insistimos na necessidade da disciplina, pois esta é, ao mesmo tempo, a argamassa e a ferramenta necessária para a edificação de uma vida harmônica. Munidos de tais subsídios, ponhamos mãos à obra, por assim dizer, toda vez que tivermos de restaurar o edifício de nossas emoções.
Dado que não se concretiza nada de útil e bom em meio à desordem, isto é, sem método e disciplina, é importante ater-se ao fato de que, para realizar suas mais sinceras aspirações com segurança e satisfação, não pode o ser humano desprezar estes valores. Por fim, mas não com menos importância, há que ressaltar que a adesão a uma experiência de vida metódica não significa, de modo algum, extinção da liberdade, mas representa, antes, o desabrochar da vitalidade, da espontaneidade e da criatividade na vida cotidiana.
A busca pelo equilíbrio da mente traduz-se num convite ao respeito próprio e ao respeito ao próximo, atitudes que dão sentido à vida. Na medida em que nos comportamos sábia e virtuosamente, evitamos um incontável número de infortúnios. Nosso sincero desejo, amigos, é que reflitam sobre o que dissemos, absorvam e pratiquem os ensinamentos racionalistas cristãos, acima de tudo, pensem bem para bem viver.
Muito Obrigado!