O que dizer ao pai fotografado na Turquia segurando a mão da filha de 15 anos que estava debaixo dos escombros, já sem vida? Se eu estivesse lá, daria “apenas” um abraço apertado no senhor Mesut Hancer. Como não estou, restaram as palavras:
O mundo está sujeito a catástrofes. Nós, humanos, estamos sujeitos a elas. Faz parte do viver terreno. Como se fosse uma turbulência de avião: é preciso atravessar.
Este não é o primeiro terremoto, nem será o último. Estas não são as únicas vítimas. A sua filha foi envolvida por uma fatalidade. Viva o luto, aceite-o e siga em frente. Ela também seguiu.
Tente lembrar-se só das coisas boas vividas no tempo em que foi possível sua filha estar neste plano terreno. Pense nela sempre suavemente.
Na crônica As lágrimas, a escritora Maria Cottas tenta explicar por que se chora: “Infelizmente, porque o mundo é cheio de surpresas, de ilusões e de maldade. Poucas são as vezes que se chora de alegria. Não há meios de evitar as lágrimas, porque se a dor nos atinge tem que transbordar e, transbordando, as lágrimas saltam dos olhos e rolam pelas faces dos mais serenos, dos mais altivos e controlados do mundo. (…) Bendigam as lágrimas, porque elas são, muitas vezes, a salvação de uma alma desesperada e agoniada!”
Eu diria, por último: Chore, pai, o que precisar. Depois, siga o seu caminho, dando o conforto necessário à sua família. Ela também merece.