Consequências do estudo da espiritualidade

O estudo da espiritualidade divulgada e defendida pelo Racionalismo Cristão tem sua especificidade definida pela inserção e aplicação de conteúdos transcendentes na existência física. Ele harmoniza princípios elevados e sublimes com as limitações próprias dos seres humanos e, mais ainda, fomenta a disciplina e fortalece os seres humanos. Importantíssimo é o conhecimento da espiritualidade, que advém de tal estudo, para o caminhar seguro e produtivo neste planeta de escolaridade, mormente na sociedade em que vivemos, onde o materialismo sobressai, desencadeando grandes distúrbios e sofrimentos.

A principal consequência do estudo que promove o conhecimento espiritualista é a ampliação do olhar, ou seja, a expansão do horizonte existencial. Esse estudo consiste em ajustar o imperativo de autoaperfeiçoamento inato em cada ser humano com as demandas da vida prática. Ao esclarecer-se, a pessoa fica mais bem aparelhada a penetrar em sua realidade mais profunda e a encontrar os subsídios necessários para a compreensão dos dramas que vivencia, bem como para a superação dos desafios com os quais se depara ao longo da vida.

O estudo sério e criterioso dos ensinamentos racionalistas cristãos, seguido da atitude ética na vida cotidiana, é sempre válido e produtivo ao ser humano, independentemente das condições por que esteja passando. Afirmamos isso com a convicção de que a visão transcendente insere no ser humano a capacidade de vislumbrar em todas as etapas de seu desenvolvimento biológico uma oportunidade de crescimento moral, intelectual e sobretudo espiritual. Quando a pessoa estuda a espiritualidade, promove, em grande medida, o estudo de si mesma e das circunstâncias que a envolvem.

Não concebemos uma espiritualidade separada do mundo, e sim um conhecimento espiritualista que tem aplicação objetiva na vida cotidiana. Não haja dúvida: é por meio da saudável relação que o ser humano consegue estabelecer com o meio no qual está inserido que a experiência espiritualista alcança sua plenitude neste mundo, marcado pela transitoriedade e, de certa forma, pela relatividade.

O estudioso da espiritualidade, embora, muitas vezes, esteja imerso em um ambiente hostil e até antagônico a seus valores e legítimos anseios, jamais deve esconder-se ou privar-se de falar a verdade. Antes, deve mostrar presença, fazendo com que as pessoas a sua volta reflitam, por meio de seu exemplo e conduta, sobre os princípios espirituais, morais e éticos absorvidos do Racionalismo Cristão.

Ao contrário do materialista, que busca a satisfação de seus instintos e a aquisição desinteligente de bens que não poderá levar consigo ao término de sua existência terrena, o ser humano que, pelo estudo e empenho pessoal, absorveu e pratica os princípios que fundamentam o estudo da espiritualidade procura viver dentro de uma ordem racional que alicerça o equilíbrio pessoal, capaz de apurar qualidades e de conservar a paz interior.

Na presente reflexão, buscamos apresentar como a mais notável distinção do estudo da espiritualidade a ampliação da consciência, que conduz à aplicação prática de princípios elevados e sublimes – princípios que transcendem aos interesses materialistas. Não concordamos com aqueles que revestem o estudo da espiritualidade de aparências românticas e místicas. Para nós, a espiritualidade e seu estudo representam realidades vivas, que permitem o aperfeiçoamento do gênero humano por meio do autoconhecimento, da modulação de anseios e do influxo das mais fortalecedoras intuições, como nos ensina o Racionalismo Cristão.