Nos quadros da cultura contemporânea, os princípios e conceitos racionalistas cristãos, salutares e esclarecedores, oferecem o ponto de equilíbrio para o raciocínio lúcido e a ponderação de ideias, que, por seu turno, dissolvem a densa névoa do individualismo e do egoísmo, males que dificultam a interação social com vistas à construção de uma sociedade mais pacífica, acolhedora e equânime. Nesse sentido, o esclarecimento espiritual cria valores e permite expressões humanas capazes de superar as desordens emocionais que só afastam os seres humanos do caminho da paz.
A convivência entre as pessoas permite que elas se complementem e cresçam coletivamente. Conforme reconheceu Aristóteles, o ser humano é um ser social, razão pela qual tem a necessidade de interação e de intercâmbio com os semelhantes, sem o que não se plenifica nem se realiza. Buscando desenvolver a compreensão sincera dos problemas vivenciados por nossos semelhantes com um olhar empático e acolhedor, todos podemos dar um passo significativo para que, coletivamente, não experimentemos situações excludentes; para que, unidos e esclarecidos acerca da importância do respeito e da solidariedade, possamos construir uma cultura pacífica.
As noções de cooperação e de auxílio mútuo estão diretamente associadas à ideia de que todos os seres humanos possuem a capacidade de receber novos conhecimentos e abraçar ideias positivas, produzindo, a partir desses conteúdos, outros saberes que, por seu turno, hão de contribuir para o enriquecimento de toda a sociedade. Com certeza, muitos dos conflitos que surgem entre pessoas e grupos se dão por conta do individualismo e do preconceito. Tais distúrbios perdurarão até que os seres humanos absorvam os princípios da transcendência, invalidando a base materialista que os impede de crescer espiritualmente.
Desde o instante em que a pessoa compreende que sua essência é única, eterna e transcendente, dando-se conta de que jamais está sozinha e de que acumula em seu interior um expressivo número de potencialidades, experimenta uma profunda sensação de paz, afastando de si o receio de relacionar-se com aqueles que pensam diferente. Daí se demonstra a necessidade premente de autoconhecimento e abertura para o transcendente, ou seja, de esclarecimento espiritual, exteriorizado no amor-próprio e ao próximo, na gratidão pela vida, na disposição para o trabalho, no auxílio a quem precisa e na força de vontade dirigida para a prática do bem, como nos ensina o Racionalismo Cristão.
Despertar a consciência das pessoas sobre seus traços espirituais e suas múltiplas possibilidades de superação é um importante passo em direção à paz social. Devemos todos trabalhar nesse sentido. É necessária a exaltação e a vivência de um humanismo saudável, que busque converter a vida em uma elevada e digna oportunidade de crescimento ético e objetivo, sem que se lhe retire a beleza do convívio fraterno de que resultam sua significação e legitimidade.
As atitudes que promovem a paz e a solidariedade são a melhor refutação das ideias mesquinhas e distorcidas acerca do valor e da utilidade da sociedade. Representam, pois, um antídoto contra o isolacionismo e a falácia da supremacia étnica. Tais atitudes demonstram que a sociedade existe para suprir uma necessidade humana, pois somos interdependentes, interligados e irmãos em essência.
Não podemos nos esquecer de que o desenvolvimento integral do ser humano se condiciona, sim, a uma atitude de autoconfiança perante os desafios que a vida lhe oferece, mas depende sobretudo da maneira como ele interage com os semelhantes e do quanto ele se empenha para transformar positivamente a realidade que o cerca.
O realismo conquistado pela percepção espiritualista encara o convívio social e a legítima ideia de construção de uma cultura de paz sob o enfoque da confiança maior de que todos os fenômenos concorrem, em última análise, para a promoção de um processo de aprendizagem, que, como vimos sempre asseverando, tende a ser ilimitado pela própria natureza da vida.
Muito Obrigado!