Convívio social: uma respeitosa e harmônica interação

É natural, no campo dos estudos dos ensinamentos divulgados pelo Racionalismo Cristão, associar os problemas que surgem no convívio social com a indiferença do ser humano em relação à espiritualidade, pois uma existência refratária aos valores do espírito se traduz, sem dúvida, na dificuldade de interação harmônica e respeitosa com o semelhante.

Na presente reflexão, procuraremos dar centralidade ao tema do convívio social, tendo em conta a importância que as relações humanas desempenham no que tange ao desenvolvimento dos atributos espirituais e, em particular, à ampliação do caráter.

A mentalidade materialista que infelizmente impera nos mais diversos setores da sociedade contemporânea ao estimular o egoísmo, a vaidade, a dissimulação, o consumo desenfreado, a concorrência desequilibrada, entre outras condutas inapropriadas, ergue barreiras que dificultam sobremaneira o estabelecimento de relações humanas fundamentadas na ética e na compreensão mútua.

O materialismo tende a inibir a salutar disposição em acolher o próximo sem preconceitos ou distinções. Por essa razão deve ser combatido veementemente, por meio da promoção de uma consciência integradora e abrangente, composta de moderação e singeleza, que transborda na vivência suave e lúcida da espiritualidade.

O convívio social respeitoso, bem como o aprimoramento dos relacionamentos interpessoais, requer uma boa dose de maturidade, flexibilidade e tolerância. Mas como alcançar tais requisitos em termos práticos? Ampliando o horizonte das experiências pessoais por meio do esclarecimento espiritual.

Quando a pessoa se abre à espiritualidade, vivencia o influxo positivo das melhores intuições e, por conseguinte, se empenha em desenvolver sentimentos nobres e altruístas, como a solidariedade, a fraternidade e sobretudo a generosidade.

Sem dúvida, a ideia de um convívio humano saudável e respeitoso está intimamente relacionada com o desenvolvimento de sentimentos de valor, dos quais assume excepcional relevo a generosidade – conceito muitas vezes mal interpretado –, que significa mais do que fazer doações sistemáticas ou eventuais.

A generosidade, compreendida à luz da espiritualidade divulgada pelo Racionalismo Cristão, pressupõe a consciência de que o bem-estar do próximo é uma prioridade tanto quanto o bem-estar próprio. Nesse sentido, a generosidade estimula a empatia e o desapego, dissolvendo o sentimento de invisibilidade tão em voga nos dias atuais.

A absorção e a prática dos princípios espiritualistas do amor ao próximo e do respeito às diferenças conferem ao convívio social uma singular dignidade, que permite considerá-lo como uma importante iniciativa que enseja a ampliação de talentos e faculdades espirituais e particularmente do caráter.

Logo, todo convívio harmônico e sincero, proveitoso e exitoso exige a concordância com um comportamento lastreado pela moral, que, considerada em si mesma, pode ser definida, sinteticamente, como um dispositivo poderoso, eficaz e inigualável para a prática efetiva do bem. Eis o sentido abrangente e autêntico da moral. Faz-se necessário resgatá-lo, a fim de que esta não se reduza a uma ciência normativa da vida em sociedade.

Por meio do saudável convívio que o ser humano consegue estabelecer com o ambiente no qual está inserido, a experiência espiritualista alcança sua plenitude neste mundo de aprendizados, marcado pela transitoriedade e, de certa forma, pela relatividade.

Os referenciais espiritualistas naturais na consciência humana, bem como os princípios éticos conservados e aperfeiçoados pela sociedade ao longo das gerações, devem ser analisados com rigor e refletidos de forma constante, a fim de que a sociedade não incida em lamentáveis retrocessos civilizatórios.

Quando a pessoa se dedica ao estudo da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão de maneira séria e criteriosa, trancando os ouvidos às provocações levianas, transformando em ação os sentimentos positivos que acalenta e aplicando no convívio com o semelhante os conceitos assimilados, põe-se apta a compreender que as relações sociais oferecem grandes oportunidades de autoaperfeiçoamento e de ampliação do caráter e, por isso mesmo, devem ser cultivadas e valorizadas sempre e cada vez mais.