Surpreendeu a opinião pública a tranquilidade do governador do estado do Rio de Janeiro ao dizer que sua família teve um fim de semana gracioso em hotel de luxo em Angra dos Reis. O chefe do Executivo esteve na cidade para verificar a onda de violência que aterroriza sua população. Em pronunciamento louvável, disse que assim deve agir um governante, e aproveitou para acusar de desinteresse antecessores, porque não sobrevoaram, também, regiões deflagradas e palcos de tiroteios constantes.
Esse sobrevoo da autoridade em helicóptero da Polícia gerou indagações quando posto em confronto com outra explicação dada pelo governador fluminense. Ele disse que suas despesas ele pagou com seu cartão de crédito, mas os familiares gozaram da gentileza da direção do hotel. Era uma “inspeção” de caráter oficial, o que lhe permitiria utilizar aeronave de propriedade do estado e o dispensaria de dispor do cartão de crédito? Ou era um passeio com a família às aprazíveis paragens da Costa Verde, o que o obrigaria a arcar com as despesas – suas e dos patrocinados?
Entrevistas aqui e ali, declarações adiante e acolá, rede social ativada puseram o governador no centro das atenções, mas os holofotes precisaram ser desviados para um incidente tão ou mais grave que o favorecimento na estada da família do governante: os tiros a esmo lançados de uma metralhadora do helicóptero.
A rajada sobre a mata é questão do comando do militar que atirou, mas a historinha da estada zero oitocentos é de muita gravidade. E preciso cortar o mal pela raiz, porque certamente foi a partir de um agradinho assim que se chegou aos recentes casos de um tríplex no Guarujá e a reforma em um imóvel da filha de outro ex-presidente da República.