Crenças, fábulas e ídolos

Dando sequência ao nosso artigo anterior neste vamos tratar de crenças, fábulas e ídolos que, ainda nos dias de hoje, confundem a mente de muitas pessoas, escravizando-as e levando-as ao nível da insensatez.

Crenças. Cada pessoa tem a sua história de vida. Ela é única e peculiar, e isso constitui a sua personalidade. Nossa história é sempre muito rica em experiências as mais diversas e em relacionamentos diferentes variando, também, ao longo da nossa trajetória evolutiva. Apesar disso, recebemos impactos da vida que tendem a assemelhar-se nos resultados comportamentais e psicossociais.  Mas o que as crenças têm a ver na vida das pessoas? Antes de responder esta pergunta vamos entender o que são crenças.

Podemos considerar crença como sendo um conjunto de ideias, conceitos, princípios, conclusões e valores que adquirimos e adotamos em nossas vidas. Realçamos que a crença consubstancia-se individualmente e forma pressupostos mentais. Ela nos incute uma visão pessoal do mundo estruturada na maneira como moldamos e criamos nossos pensamentos no presente e para o futuro. Estes refletem o que sentimos, o que somos e como agimos face às experiências da vida. Em resumo, as crenças determinam o modo como enxergamos a nós mesmos e o mundo.

Na vida, tudo se resume num problema de aceitação das coisas como elas são, não nos deixando iludir por fantasias, mitos e lendas. É essa atitude positiva de abertura às ideias e pensamentos bem raciocinados que nos conduz à convicção, diferente da fé, esta mais sujeita às induções plantadas adredemente na mente das criaturas pelas religiões. Somente com um raciocínio forte e firmado na lógica das nossas ideias e pensamentos estaremos em condições de assumir crenças fortalecedoras e eliminar as crenças limitantes para a nossa prosperidade material e evolução espiritual. Ao final, nossas conclusões acabam tornando-se uma verdade absoluta para nós. É por essa razão que muitas pessoas agem de formas diferentes em situações idênticas.

Para efeito meramente didático, podemos visualizar três tipos de crenças: crenças hereditárias, pessoais e sociais ou coletivas.

As crenças hereditárias ou familiares são representadas por tudo aquilo que as crianças ouvem e observam no seu ambiente familiar. Em suas mentes ficam gravadas a vivência de situações que envolvem brigas dos pais por dinheiro, ciúme, traições, injustiças, excesso ou ausência de regras, forma de se comportar e, até mesmo, a forma de se portar à mesa de refeições, no que gosta de comer e na maneira de vestir. Mais que isso, certos jargões negativos, como por exemplo “você é um joão ninguém”, “você é um burro” etc. ficam registrados no inconsciente mental da criança por toda a vida.

As crenças pessoais são as criadas a partir da experiência individual face ao nosso aprendizado. Elas tornam-se verdades pelas experiências repetitivas e confirmativas das situações em jogo. Por exemplo, se você foi despedido de seus empregos repetitivamente, pode desenvolver a crença de que lhe falta algo ou não é capaz.

As crenças sociais são de natureza popular e incutidas pela mídia, pelas religiões ou pela sociedade em geral, isto é, elas são influenciadas pela cultura, variando de povo para povo. Precisamos ter muito cuidado com essas crenças. Eis alguns clichês comuns nessa categoria: muitas pessoas acham que “o mundo não tem jeito”, que os “pobres são infelizes”, que “as mulheres são inferiores aos homens” etc. Crenças como essas geram muitos preconceitos e separam as pessoas com rótulos reprováveis pelas pessoas de boa índole.

Fábulas. Fábula é uma narrativa literária em que os personagens são representados por animais que apresentam características humanas, tais como a fala, os costumes etc. Essas histórias são geralmente feitas para crianças e terminam com um ensinamento moral de caráter instrutivo. Ela pode ser apresentada em prosa ou verso e sempre encerra um ensinamento com característica didática e/ou moralizante, protagonizada por animais ou plantas. Quando os personagens são seres inanimados, forças da natureza ou objetos, a narrativa recebe o nome de apólogo, que é diferente da fábula. Esses protagonistas tornam-se verdadeiros exemplos para o ser humano, sugerindo uma verdade ou reflexão de ordem moral.

Na fábula, cada animal simboliza algum aspeto ou qualidade do homem como, por exemplo: o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga, o trabalho; a cigarra, a indolência.

A fábula teve origem no Oriente, onde existe uma vasta tradição oral.  Depois passou para a Grécia, onde foi cultivada por Hesíodo e, principalmente, por Esopo, um filósofo e sábio escravo. Mais tarde, foi passada aos romanos, distinguindo-se Fedro como seu principal propagador na forma literária. Na França e em todo o mundo são muito conhecidas as fábulas de La Fontaine, que criou uma obra-prima intitulada Fábulas, também muito difundida no Brasil. Por último, destacamos o nosso fabulista mais conhecido, que é Monteiro Lobato.

Ídolos. Essa palavra tem mais de um sentido, segundo o campo em consideração. No campo das religiões, ídolo tem o significado de imagem, estátua, figura ou objeto aos quais se presta culto como se fosse uma divindade. No sentido figurado, tem o significado de uma pessoa famosa e, no sentido mais comum nos dias de hoje, tem o sentido de pessoa admirada e venerada que se considera um modelo a ser seguido.

Todos os antigos egípcios, caldeus, povos de certas regiões orientais, gregos e romanos e todos os povos que os precederam eram idólatras. Eles adoravam e cultuavam ídolos de pedra e de barro e suas representações pictóricas, simbolizando suas divindades. Surpreendentemente, muitos povos ainda comportam-se, na atualidade, dessa maneira, tanto no Oriente como no Ocidente, com práticas insensatas desaconselhadas pelo bom senso e pela razão. Perguntamos, então: que diferença existe em reverenciar e cultuar-se o pássaro íbis dos egípcios, os dragões e as serpentes dos indianos, a pomba e o cordeiro dos cristãos? A resposta óbvia das pessoas sensatas e racionais é que não há qualquer diferença, a não ser considerá-las como símbolos ultrapassados incluídos nas religiões e mitologias antigas e arraigados na mente das criaturas sem nenhum sentido espiritual e prático.

Conclusão. Pelo exposto neste artigo e no que lhe precedeu, é surpreendente verificar que, em pleno século XXI, ainda permaneçam infiltradas e arraigadas nas mentes de uma parcela muito grande dos povos deste nosso planeta-escola uma gama muito grande de superstições, mitos, lendas, crenças e ídolos. Como uma filosofia para o nosso tempo, o Racionalismo Cristão aí está para mudar esse incompreensível e deplorável cenário.