Toda análise séria e fundamentada das razões e dos motivos que levam pessoas, grupos e empresas ao êxito e à maturidade será inexata se não levar em conta a enorme importância de desenvolver e consolidar, antes de tudo, com racionalidade e lucidez, uma criteriosa visão do futuro.
A preocupação e o cuidado com o dia de amanhã não dizem respeito apenas o campo empresarial e corporativo ou a algumas pessoas em particular, mas a todos os seres humanos, visto que, sem uma perspectiva de médio e longo prazo, dificilmente alguém desenvolve de forma adequada seus atributos espirituais.
A vida neste mundo de escolaridade que é a Terra está de tal forma estruturada que constantemente promove a aprendizagem individual e coletiva dos seres humanos, além de ensejar a adaptação flexível das pessoas aos novos panoramas e paradigmas que continuamente vão se configurando sob o fluxo incessante de ideias e pensamentos.
É inegável, todavia, que existe uma tensão entre a inovação e adaptação e os meios de objetivá-las. É precisamente nesse sentido que o tema que ora analisamos sobressai em importância, pois a inovação e a adaptação, imprescindíveis na conquista do êxito nos empreendimentos e na vida de forma geral, pressupõem a capacidade de projetar situações, diagnosticar eventuais problemas, antever soluções, enfim, ter uma racional visão de futuro.
A força e a vivacidade próprias do estudo da espiritualidade proporcionado pelo Racionalismo Cristão permitem ampliar significativamente o olhar sobre a necessidade humana de ter uma visão de futuro fundamentada na inovação e na adaptação. A análise do valor da capacidade de inovação e adaptação do ser humano ante o dinamismo da vida ganha uma consistência diferenciada sob a compreensão de que inovar não é necessariamente melhorar algo existente, mas muitas vezes criar e aplicar soluções inéditas frente aos novos desafios, o que se obtém por meio do desenvolvimento consciente dos atributos da criatividade e da espontaneidade.
No que se refere à adaptação, deve-se ter em mente que adaptar-se não é aceitar passivamente as novidades amoldando-se a elas, mas discernir racionalmente entre inúmeras possibilidades antes impensadas qual é a melhor postura a adotar, qual é a melhor opção a fazer, tendo sempre como prioridade o aprimoramento do espírito.
O esclarecimento espiritual e a vontade de vencer com dignidade os desafios que a vida não cessa de oferecer são os elementos que permitem ao ser humano reconhecer as magníficas potencialidades inerentes a sua essência. Tais elementos, em verdade, sustentam toda visão de futuro bem-sucedida e permitem o estabelecimento de estratégias que unem simultaneamente o desenvolvimento espiritual e a conquista da estabilidade material e emocional.
A visão de futuro, analisada na presente reflexão à luz da espiritualidade que nos oferece o Racionalismo Cristão, tem referência direta com um conceito muito comum em nossos estudos filosófico-espiritualistas: a organização. Por certo, a organização, consequência da disciplina e do método, representa uma providência que resguarda as pessoas das irresponsáveis improvisações que, não raras vezes, antecedem as derrotas, os fracassos, enfim, as experiências negativas das quais, quase sempre, a pessoa não se recupera facilmente.
Para se desenvolver uma visão de futuro criteriosa e harmônica em relação às necessidades evolutivas do espírito, é preciso cultivar um raciocínio lúcido, com traços de criatividade e salutar empreendedorismo, afastando projetos mirabolantes e estratégias fantasiosas, que funcionam somente na teoria.
Há que ter os olhos direcionados para a frente, para o futuro, mas ao mesmo tempo é imperativo manter os pés bem firmes no chão, ou seja, ater-se à realidade objetiva.
Sem nos afastarmos do tema, pretendemos informar àqueles que não têm dado a devida atenção a seus projetos, que não têm procurado vislumbrar as consequências próximas e remotas de seus pensamentos e comportamentos, que é plenamente possível, em qualquer fase – uma vez que o espírito é eterno –, reorganizar a vida, ampliar análises, traçar novas estratégias e romper com os limitados horizontes que uma existência indisciplinada e desorganizada impõe.
A vontade de acertar iluminada pela consciência espiritualista – não haja dúvida – vence a procrastinação e a preguiça mental, amplia a inteligência e o raciocínio e faz com que o ser humano reconheça a própria força e o poder que tem de projetar o futuro e agir de forma a conquistar, com previsibilidade e disciplina, as melhores condições para seu aprimoramento intelectual e espiritual, como nos ensina o Racionalismo Cristão.