Numa época conturbada como a que atravessamos, é necessária mais do que nunca a colaboração da mulher. Se esta tem a coroa de glórias, como guia da família, na participação da sociedade, cabe-lhe também grande peso na derrocada de uma sociedade cuja juventude se desvia tanto do bom caminho, que chega a fundar um clube onde os sócios são rapazes que já lesaram alguém em 50.000 cruzeiros.
Cabe, então, à mulher, enquanto o homem tem anseios de chegar à lua, pensar mais no arranjo moral do lar. Procure compreender bem, tanto os filhos como o marido, para que possa encaminhá-los; transforme o lar num recinto agradável onde não existam o ódio e o vício, onde as dores encontrem lenitivo e não haja ambiente para a propagação do mal.
A dona de casa tem duas importantes tarefas a realizar: uma material e outra psicológica. A primeira consiste em tornar o lar atraente: casa limpa e bem arrumada, água fresca para matar a sede, comida bem-feita e roupa com bom aspecto, por ser bem cuidada. A segunda, é mais difícil porque depende de ter a mulher sã consciência de que ninguém é perfeito e que ela vai encontrar no esposo, não o príncipe encantado com quem sonhou, mas um homem como todos os outros, com defeitos e virtudes. Como criatura inteligente e honesta, aproveite-se do que ele tem de melhor em seu benefício e no da família.
Quanto aos filhos, procure compreender-lhes as várias inclinações para reprimir falhas e desenvolver virtudes. Não pense, porém, que corrigirá defeitos com ameaças, pancadas ou queixas. Tudo isso será afirmação do seu fracasso como Mãe.
As crianças são forças adormecidas, mas prontas a despertar para o bem ou para o mal, tudo dependendo da orientação que lhes derem.
Esteja a mulher atenta a cada problema que surja no lar, mostre-se interessada em solucioná-lo, acredite no bem, apoie-se na força do pensamento e verá como tudo se resolverá serenamente sem atritos, nem explosões de cólera ou mostras de covardia.
Quando falta em casa o dinheiro, tanto o homem como a mulher procuram meio de obtê-los, mas se desaparece a harmonia, ao invés de recuperarem-na, sai cada um para seu destino em busca de prazeres materiais, desquite ou divórcio, que em nada concorrerão para beneficiar a família.
Por que não evitar o mal ao invés
de tentar remediá-lo ou apagá-lo no vício ou nas paixões?
O fracasso dos pais é uma grande mágoa na vida dos filhos e uma verdadeira tortura na continuação da existência dos próprios cônjuges, embora, por vaidade, não a deixem transparecer.
O lar é um organismo, cuja vida depende do bom funcionamento de todos os órgãos. Desde que se desarticule um, não haverá equilíbrio e, quando o desequilíbrio é total, só resulta um meio: recorrer a remédios violentos que também são venenosos.
As crianças precisam de um lar onde encontrem o conforto de uma vida sadia, onde todos se compreendam, onde exista perfeita colaboração de pai e mãe, onde sejam educadas pelos bons exemplos de tranquilidade, afeição, lealdade, amor ao trabalho e grande dose de boa vontade. Cumpre, então, a mulher como responsável pela eficiência do lar, ter as boas iniciativas que resultem de coragem, ponderação, espírito de tolerância.
Não há crianças taradas nem “juventude transviada”, mas vítimas de adultos mal-educados.
Pouco adiantará um juiz de menores porque não há, a par, o de maiores para resolver os casos lamentáveis, cuja solução transpôs os limites do lar. Cuidemos das crianças! Orientemo-las racionalmente e a vida se tornará melhor!
Publicado em 8 de dezembro de 1958.