Dissemos inúmeras vezes que há em todo ser humano uma propensão natural para o amor, da mesma forma que há um incessante anseio por crescimento espiritual, harmonia e paz interior. A depressão e outros distúrbios a ela relacionados desviam o ser humano desse caminho de encontro consigo mesmo e de conquista de objetivos. Trata-se, portanto, de um tema importantíssimo no contexto de nossas pesquisas e estudos dentro dos ensinamentos do Racionalismo Cristão, razão pela qual estamos retornando a ele neste artigo.
A crise psíquica que atravessa a sociedade contemporânea, exteriorizada pelos índices alarmantes de pessoas que sofrem de depressão e doenças a ela relacionadas, outra coisa não significa senão uma crise espiritual. Mostra-se, assim, de máxima urgência o estímulo de reflexões e práticas espiritualistas indicadas pelo Racionalismo Cristão, que revigorem o espírito, clareando as ideias e restabelecendo o equilíbrio emocional. É precisamente nesse sentido que direcionamos nossos esforços e preparamos esta reflexão.
O ser humano não nasce pronto, muito menos possui uma mente desprovida de conhecimentos. Na verdade, ele traz em seu íntimo contradições, conflitos e antagonismos a superar e sublimar. Para tanto, possui potencialidades e atributos que devem ser despertados e desenvolvidos de maneira racional e efetiva. Contudo, a superação dos transtornos psíquicos se dá, no mais das vezes, por meio do autoconhecimento, ou seja, pelo reconhecimento de que as forças internas que todos possuem são muito maiores que os problemas que se apresentam.
A sociedade deve encarar a ansiedade com a máxima preocupação e seriedade, pois esta, quando exacerbada, possui inúmeros pontos de contato com a depressão. Ambas, que causam enormes prejuízos psíquicos à humanidade, têm o medo como raiz comum. Este, por seu turno, reflete o desconhecimento da vida em sua mais vasta expressão. Destacamos a importância do ser humano se fortalecer espiritualmente através da limpeza psíquica recomendada pelo Racionalismo Cristão para controlar a ansiedade e combater a depressão.
É fundamental que reflitamos sobre uma importante questão: a partir do momento em que o ser humano compreende que sua essência é única e eterna, dando-se conta de que jamais está sozinho, experimenta uma profunda sensação de paz, afastando de si, naturalmente, a tensão e a ansiedade, a insegurança e o medo. Não há, portanto, segredo algum para lutar contra a ansiedade e a depressão – o que há é a necessidade urgente de autoconhecimento e abertura para o transcendente, exteriorizados no amor-próprio e ao próximo, na gratidão pela vida, na disposição de trabalhar e ajudar a quem precisa e na força de vontade dirigida para a prática do bem.
Todos podem despertar a consciência sobre suas qualidades espirituais e suas múltiplas possibilidades de superação, desde que se predisponham, livres de preconceitos e tolos condicionalismos, a olhar a vida de maneira mais ampla e realística. Nesse sentido, torna-se necessária a exaltação e a vivência de um humanismo saudável, que busque converter a vida em uma elevada e digna oportunidade de crescimento ético e objetivo, sem retirar-lhe a beleza e a poesia de que resultam sua significação e legitimidade.
O ser humano é, em grande medida, o arquiteto de sua própria vida. Ao longo de sua existência, consciente ou inconscientemente, elabora metas e projeta ações. Metaforicamente, assenta dia após dia os tijolos de uma construção que o poderá elevar ou aprisionar – tudo depende da maneira como pensa e encara as circunstâncias que o envolvem. No que concerne à superação da depressão e demais transtornos psíquicos, tal raciocínio é válido e pertinente. Com certeza, a visão racionalista cristã lança importantes luzes sobre o tema ora tratado, auxiliando o ser humano na identificação das próprias potencialidades. É valendo-se delas que ele há de vencer os obstáculos com dignidade e valor.