Depressão à luz da espiritualidade – III

Na sequência dos artigos sobre a depressão à luz da espiritualidade, iniciamos dizendo que o esclarecimento espiritual é a pedra angular que fundamenta nossas reflexões acerca das questões que orbitam o tema dos transtornos psíquicos, sobretudo o da depressão. Tal é a importância de relacionarmos a lucidez e a vivência de valores transcendentes com a vitória sobre o estado depressivo, que podemos afirmar que sem a consciência da espiritualidade, presente na essência de todo ser humano, os tratamentos empregados nas patologias psíquicas são superficiais e, não raras vezes, ineficazes.

Sem que seja necessário adentrarmos em conceituações profundas ou especializadas acerca da psicologia ou da psiquiatria, somos capazes de afirmar que a imensa maioria dos seres humanos tem plena consciência dos elementos que subtraem sua saúde física e psíquica. Quem desconhece que para gozar de maior saúde integral terá de adotar um estilo de vida racional e equilibrado? Na verdade, quem tiver o mínimo de bom senso concordará que o pessimismo, os vícios, as mágoas, a preguiça e a indisciplina estão na base de um incontável número de distúrbios emocionais.

Pelo exposto no parágrafo anterior, nossos leitores facilmente compreenderão que a superação da depressão e demais patologias congêneres não é tão complexa como proclamam alguns setores e que tampouco requer conhecimentos extraordinários e sofisticados, inalcançáveis para a maioria. Com certeza, valorizando as próprias potencialidades, o ser humano que sofre alguma espécie de desarmonia emocional dá o primeiro passo na direção do equilíbrio psíquico. Tenha-se em mente: é a consciência iluminada pela espiritualidade proporcionada pelo estudo dos ensinamentos do Racionalismo Cristão que contribui eficazmente para que o ser humano se mantenha fortalecido, se recupere de um problema emocional ou consiga administrá-lo de maneira racional.

No percurso que conduz ao equilíbrio emocional e à saúde psíquica, é imperioso que a pessoa elimine da mente ideias improvisadas, românticas e fantasiosas acerca da vida. Viver requer coragem, abnegação, empenho, resiliência e disciplina. Sem essas virtudes, ninguém resiste condignamente às decepções e frustrações próprias deste mundo. Há que ter coragem para vencer-se a si a mesmo, pois vencendo-nos a nós mesmos vencemos a depressão, o medo e a insegurança.

O esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão, repetimos, e suas articulações ético-morais produzem um imenso benefício ao ser humano, mormente no atual momento histórico, repleto de problemas socioeconômicos e psicossociais ensejadores de desequilíbrio emocional. Contudo, o progresso e o alcance prático no conhecimento espiritualista exigem, por assim dizer, vigor de pensamento e ânimo resoluto – colunas mestras da saúde psíquica.

No horizonte do esclarecimento espiritual, emerge ainda uma importantíssima virtude, um tanto desprezada em tempos de relacionamentos agitados e superficiais: falamos da paciência. Detendo-nos sobre seu significado, compreenderemos o quanto ela é necessária para lidarmos com a depressão. Muitas pessoas exigem uma pronta resposta ao iniciar um tratamento contra a depressão; é por isso mesmo que insistimos na necessidade de paciência. A superação do problema se circunscreve a um processo que varia de pessoa para pessoa e sobre o qual incide uma variada gama de fatores que foge à previsão do próprio ser humano.

Desejamos aos amigos que nos acompanharam nesta reflexão e a tantos quantos se dedicam ao estudo sério da espiritualidade que absorvam deste trabalho subsídios capazes de auxiliá-los a consolidar o conhecimento de que possuem uma essência espiritual indestrutível e de que, por essa razão, são capazes não só das maiores realizações, como também da manutenção de uma personalidade estável, serena e produtiva, por meio do contato renovado com os valores da transcendência defendidos pelo Racionalismo Cristão.