A emoção é o resultado de reações subjetivas associadas ao temperamento, personalidade e motivação. A palavra emoção deriva da palavra latina emovere que tem o significado de “mover para fora” (o prefixo e, abreviação de ex, significa “fora”). Por sua vez, a palavra emovere significa “movimento”. Note-se que a palavra motivação, também vem de movere e tem também o sentido de movimentação. Não existe uma única classificação para as emoções (ver livro de Caruso Samel Valor dos sentimentos – Capítulo Sentimentos e emoções: o que os distingue, página 14). Vale a pena observar que a emoção não é apenas o seu comportamento e muito menos que o seu comportamento não faz parte essencial da emoção.
A emoção abrange um campo muito vasto de estudos e experiências. Em neurologia, emoção é um impulso neural que deflagra um organismo para a ação. Ela se diferencia do sentimento, porque, conforme observado, é um estado neuropsicofisiológico. O sentimento, por outro lado, é consciente e raciocinado, enquanto a emoção é apenas filtrada através dos centros cognitivos do cérebro, mais especificamente pelo lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em acréscimo à mudança psicofisiológica. Desde Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, o campo das emoções tem sido objeto de muitos estudos e teorias diferentes, sendo seu mecanismo estudado em profundidade pelos neurologistas.
A comoção é a ação ou o efeito da emoção, como, por exemplo, a agitação violenta devido a algo inesperado que aconteceu, tal como em uma batida de carro no trânsito. Em Medicina, comoção é um abalo de um órgão em consequência de um choque de origem orgânica, ou melhor, nervosa. Outra variante é a emoção contundente e imprevista, como um traumatismo. Os dicionários mostram, também, abalo, surpresa e susto como sinônimos..
Teorias sobre emoção e comoção. Dada a importância dos sentimentos e emoções na vida comportamental das pessoas, muitas teorias foram criadas por pesquisadores psicólogos e psiquiatras famosos após a invenção da tomografia computadorizada e a ressonância magnética, principalmente no século XX. Tais teorias foram criadas tendo por base o mapeamento do cérebro em experiências organizadas com técnicas avançadas visando ao estudo de muitas emoções.
Vamos nos referir, neste artigo, a uma das teorias pioneiras que é a Teoria de James-Lange. William James, no artigo What is an Emotion? (Mind, 9, 1884: páginas 188-205), argumenta que as experiências emocionais são devidas principalmente à experiência de alterações corporais. Por sua vez, o psicólogo dinamarquês Carl Lange também propôs uma teoria similar na mesma época, postulando que todas as emoções são desenvolvidas a partir de reações fisiológicas aos estímulos recebidos. Daí porque a teoria é conhecida pelo nome de Teoria James-Lange.
Precisamos compreender que, de acordo com essa teoria, cada nova situação conduz a uma alteração do estado corporal. Como escreveu o próprio James: “a percepção das alterações corporais assim que elas ocorrem é a emoção”. E James ainda continua argumentando que “nos sentimos mal porque choramos, ficamos com raiva porque agredimos, ficamos com medo porque trememos, entretanto, nós não choramos, agredimos nem trememos porque estamos sentidos, com raiva ou amedrontados, como era de se esperar”.
Verificamos, portanto que esta teoria é sustentada por experiências e nos diz que, ao se manipular um estado corpóreo qualquer, uma emoção esperada é induzida. Por apresentar explicações invertidas que contrariam a intuição e o bom senso apresentado pelas demais teorias, ela é mal compreendida.
Voltemos à emoção do choro para exemplificar a inversão mencionada: ”Eu estou chorando porque estou me sentindo mal” versus “Eu estou me sentindo mal porque estou chorando”.Esta teoria, deste modo, assegura que primeiro a pessoa reage a uma situação (chorar acontece antes da emoção e só depois interpreta suas ações como uma resposta emocional). Assim, podemos dizer que o fundamento dessa teoria é que as emoções servem para explicar e organizar as reações dentro de nossa mente.
O fenômeno da comoção coletiva. A manifestação coletiva é um fenômeno comum na vida em sociedade. Em muitos casos, elas surgem em pessoas com sentimentos e emoções afins e ocorrem em situações que nos pareciam difíceis de acontecer. Essa surpresa coletiva tem o nome de comoção coletiva, que parece derivar do sentimento de empatia que todos os seres humanos possuem em maior ou menor grau. Aqui, também, muitas teorias foram formuladas pelos pesquisadores sobre por que isso acontece.
Nós sabemos que as diferenças de comportamento são uma característica comum entre as pessoas. Apesar disso, há momentos em que ocorre uma espécie de catarse ou contágio e determinados sentimentos ou emoções se manifestam em uma coletividade de pessoas ao mesmo tempo. Isso se chama comoção coletiva.
Podemos mencionar outro fator recorrente que embasa as comoções coletivas. Trata-se aqui do fator imitação. Os exemplos são inúmeros. É a imitação de comportamentos que nos traz a sensação de pertencer a um grupo de pessoas. Podemos citar as torcidas nos jogos de futebol em que cada time tem sua torcida que delira quando um jogador faz um gol. A meta é ser o time vencedor como fator impulsionador. O mesmo pode-se apontar a pequenos grupos como num restaurante: quando alguém escolhe um determinado prato, pessoas de outras mesas próximas também adotam essa opção, pedindo a mesma coisa. Trata-se, nos dois casos citados, da sensação de pertencimento a um grupo.
No mundo atual, com as emissoras de TV e a Internet ligando quase todo mundo com as mais diversas notícias, ocorrem preferências coletivas que formam verdadeiros canais de divulgação de conhecimentos, com grupos de opiniões comuns, mas também antagônicas Aqui também ocorre a comoção coletiva. Outro exemplo, bem comum e conhecido de todos, é o comportamento dos seguidores de diferentes partidos por ocasião das eleições, muitas vezes se transformando em verdadeiras histerias populares nas ruas das principais cidades.
Conclusão. Vimos, neste artigo, que, apesar das diferenças geradas por diferentes graus de espiritualidade presentes nas pessoas que habitam este nosso mundo de escolaridade, a vida em comunidades e nas sociedades organizadas encontra muitos motivos para desenvolver certas emoções positivas, tanto isoladamente como coletivamente. Basta querermos!