A maioria das nações tem se preocupado com os impactos ambientais causados pelas diversas atividades da humanidade. O crescimento industrial, sobretudo dos países mais desenvolvidos e de maiores economias, e o desmatamento, que põe o Brasil em posição desconfortável, são apontados como os principais agressores da natureza. Como preciosa vantagem competitiva, temos uma formidável diversificação da nossa matriz energética, com o predomínio das fontes renováveis de energia, com destaque a hídrica, responsável por cerca de 80% da nossa capacidade instalada de geração de energia elétrica; a eólica, que já tem crescimento sustentável que a habilita como importante fonte primária, postergando o uso das caras e prejudiciais ao meio ambiente termoelétricas; e a solar (objeto de artigo complementar e despretensioso publicado na pág. 15 da edição de maio de 2019, de A Razão).
Apontamos os principais benefícios de um sistema fotovoltaico (o Sol como fonte):
- Os ambientais têm seus destaques pela não emissão de dióxido de carbono na sua operação ao longo de sua vida útil e, portanto, colabora para a diminuição do preocupante efeito estufa e, concomitantemente, dos danos à saúde dos seres vivos.
- Contribui para a diminuição da demanda de energia e em consequência também das perdas técnicas. Evita os custos marginais para expansão da capacidade instalada do sistema nacional de energia elétrica que é, em grande parte, interligado. Já há pesquisas avançadas e prestes a ser lançadas no mercado de placas fotovoltaicas que têm a capacidade de gerar energia durante a noite. Vislumbra-se, desta forma, inovação tecnológica revolucionária.
- Com a tecnologia dos inversores híbridos, que transformam corrente contínua em alternada, o sistema pode funcionar sincronizado à rede da concessionária ou distribuidora como também quando cessa o fornecimento de energia por essas empresas. O projeto, neste caso, necessita de uma ou um conjunto de baterias e traz o benefício de maior autonomia da instalação fotovoltaica, embora seja mais cara.
- A energia solar é a mais democrática das energias primárias, pois chega a todos sem nenhuma estratificação. A priori, a maioria das residências, prédios de condomínio, comerciais e industriais, pode ter instalado um sistema fotovoltaico. As principais condicionantes são: área de telhado ou de terreno disponível; consumo de KWh e preço da tarifa de energia com valores que compensam o investimento (Lembramos que pagamos um dos KWh mais caros do mundo); inclinação do telhado mais próximo possível da latitude do local. Este não é um pré-requisito fundamental.
- Segundo setores que fazem avaliação de imóvel, a existência de um sistema fotovoltaico aumenta de 8% a 10% o valor de revenda em virtude dos benefícios até aqui apontados e a proteção também contra a chamada inflação do KWh.
- A amortização do investimento é, em média, de quatro a cinco anos, com vida útil de 25 anos. Tem custo de operação e manutenção bastante baixo. Exige meramente uma limpeza muito simples, de preferência duas vezes por ano. Há diversas formas de se obter financiamento junto às instituições governamentais e privadas. Os seus encargos podem ser pagos com o valor monetário desembolsado a menos pela redução do consumo dos KWh. O excedente de energia gerado pelo sistema fotovoltaico é injetado na rede da concessionário ou distribuidora, contribuindo para diminuir o tempo de retorno do investimento (pay back).
- Há um número razoável de empresas capacitadas que oferecem pacote completo que abrange projeto, execução, assistência técnica pós venda e assessoria para escolha da melhor opção, de acordo com o perfil do cliente.
Por fim, justificamos este artigo porque há uma grande polêmica com referência à modificação na Resolução 482, sobre geração distribuída, que pretendia fazer a Aneel, a qual inviabilizaria a expansão da energia solar no Brasil. Ainda bem que já há sinalização de que não haverá grandes modificações, e a versão final será feita pelo Congresso Nacional. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar e com base em dados oficiais de órgãos do governo, para cada R$1 investido em sistema fotovoltaico de pequeno e médios portes, o setor devolve mais R$3 em ganhos elétricos, econômicos e ambientais. No acumulado, já são mais de 100 mil empregos, daí a reiterada importância de que haja regras claras e não prejudiquem a fotovoltaica para que saia da fase de maturação para a consolidação em caráter definitivo. Não podemos nos notabilizar como um país que teima em “remar contra a corrente” em flagrante falta de bom-senso. Reiterando, todos sabemos que o mundo clama por atitudes tecnológicas e sociais que preservem o meio ambiente, já tão agredido. A natureza e as gerações futuras ficarão imensamente agradecidas. É uma atitude transcendental e de cunho também espiritual.