O equilíbrio psíquico, que é um dos elementos que compõem a saúde integral, revela-se a partir do momento em que a pessoa toma consciência de suas responsabilidades, primeiro para consigo mesma, depois para como a coletividade. Para isso, contudo, é necessário que ela aprenda a controlar-se e a pensar bem, posto que a saúde integralmente considerada se relaciona intimamente com o domínio próprio e com a qualidade dos pensamentos emitidos.
Pensando de forma elevada e vigorosa, o ser humano se isola – e, por que não?, se protege – da influência deletéria das dependências materializadas, que há tanto escravizam a humanidade. Dessa forma, ele se conecta consigo mesmo, confiando na amplitude e no poder de seus atributos espirituais. Pensar elevadamente e de forma disciplinada: eis um dos passos mais importantes que a pessoa pode dar na direção de sua independência e de sua felicidade, ensina-nos o Racionalismo Cristão.
A desorganização das ideias, os conflitos internos e a inversão dos valores, tão flagrantes na sociedade contemporânea, têm origem na forma equivocada como as pessoas direcionam seus interesses e energias. Muitos são os que buscam apenas a conquista de bens materiais, a satisfação pessoal, o consumo desinteligente e o poder. Infelizmente, nem tantos assim buscam o verdadeiro triunfo: o dos valores espirituais sobre os impulsos egoísticos e as tendências sabotadoras. Por essa razão, podemos dizer que a crise que assola o mundo não se restringe ao âmbito da saúde física, mas se espraia também pelo domínio da saúde psíquica.
À medida que o ser humano se esclarece espiritualmente, compreendendo suas reais necessidades, mais facilmente se dá conta do sentido efêmero e transitório das conquistas exteriores, que, embora sejam, de certa perspectiva, importantes, não conduzem à realização pessoal. Toda vez que logra atingir uma meta estabelecida, o ser humano alheio aos valores espirituais é quase que simultaneamente tomado pelo tédio e por um vazio existencial que, não raras vezes, o asfixia emocionalmente. Dessa forma, somente a consciência do dever cumprido com ética, valor e exatidão produz um bem-estar duradouro e revigorante.
Entre as muitas iniciativas que devemos adotar para conquistar e manter o equilíbrio psíquico, que é consequência natural do domínio próprio, uma deve ser eloquentemente realçada: a análise criteriosa em torno da transitoriedade dos aspectos materiais e da indestrutibilidade dos valores do espírito. Na verdade, quando o ser humano observa a realidade que o envolve, o que só se pode dar pelo prisma ampliador da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão, evita amargas desilusões e jamais se permite desequilibrar emocional e psiquicamente.
Há dois aspectos básicos a ser ressaltados quando se aborda o tema do equilíbrio psíquico: um essencial, outro superficial. Consideramos essencial o equilíbrio que surge como corolário do domínio próprio, que é, por seu turno, indispensável para o desenvolvimento da sensibilidade e do intelecto. Superficial ou artificial é o equilíbrio adquirido pela ação de medicamentosos ou de processos que oscilam entre os extremos do fanatismo deplorável ou de um indiferentismo não menos censurável.
Reunimos nesta breve reflexão subsídios para que o estudioso do Racionalismo Cristão desenvolva um equilíbrio psíquico sustentável, fecundo e essencialmente estruturado, que seja articulado com o desenvolvimento de seus atributos e faculdades e com o firme propósito de aperfeiçoamento ético e moral com o qual se identifica qualquer pessoa de boa vontade.
Muito Obrigado!