Espiritualidade, uma força viva

Todas as casas racionalistas cristãs comemoraram, em 26 de janeiro, os 110 anos de fundação do Racionalismo Cristão, data respeitada como o Dia da Espiritualidade. Como nas demais Casas, também na sede mundial do Racionalismo Cristão, no Rio de Janeiro, a data foi lembrada com reunião cívico-espiritualista em que o presidente da filosofia racionalista cristão, Gilberto Silva, discorreu enfaticamente sobre a espiritualidade.

A certa altura, destacou o presidente: “A espiritualidade não é, minhas amigas e meus amigos, uma teoria abstrata, como ocorre ser o pensamento de muitos indivíduos, mas uma força viva. Força que ultrapassa preconceitos e fronteiras, ignora e sobrepuja distinções étnicas e interesses mesquinhos, fazendo de povos distantes uns dos outros uma única família, como comprova, aliás, a integração e a relação de carinho e respeito entre os colaboradores da filosofia racionalista cristã em âmbito mundial.”

Gilberto Silva saudou os presentes, especialmente os jovens, e os convidou a participar do 3º Congresso Mundial do Racionalismo Cristão. “Nesse encontro, nossa Filosofia, cônscia da importância de seu percurso histórico e apoiada em seus salutares ensinamentos, visa a enfrentar os novos desafios que a atualidade impõe à eficaz e plena divulgação dos princípios norteadores que lhe são próprios”, explicou.

Preito a Humberto Rodrigues. O presidente destacou a motivação da reunião: “Com grande satisfação nos reunimos anualmente para comemorar o Dia da Espiritualidade, que, não por acaso, ocorre simultaneamente com o aniversário de fundação do Racionalismo Cristão, em 26 de janeiro de 1910. Ao dirigirmos a palavra aos racionalistas cristãos presentes, nosso pensamento volta-se para o mestre espiritualista Humberto Rodrigues, Presidente Astral do Racionalismo Cristão, sensibilizado por suas vibrantes e esclarecedoras mensagens transmitidas na Casa-Chefe no ano que passou e também nas Casas onde estivemos presentes.”

Afirmou Gilberto Silva que se reforça “nosso propósito de dedicar toda a energia que temos na divulgação da filosofia de vida que nos legaram seus fundadores, Luiz de Mattos e Luiz Thomaz, dotados de sensível e incomparável magnitude espiritual.”

Disse ainda que “a cada ano que passa essa data comemorativa nos oferece valiosa oportunidade de refletir sobre seu significado e renovar nossa convicção ao colocarmos em prática os salutares ensinamentos e as preciosas normas de conduta racionalistas cristãs. São princípios espiritualistas que iluminam a atitude ética e o comportamento moral, verdadeiros fundamentos da estabilidade psíquica e emocional.”

Rearranjo da vida. Janeiro nos inspira a autorreflexão,  disse o presidente, “pois o início do ano simboliza o recomeço, o limiar de novo ciclo, nova fase de rearranjo da vida. A simples observação desse fato traz o grande mérito de provocar importante meditação sobre as múltiplas etapas do viver. Na maioria das vezes, o repensar da própria existência indica, em seus mais amplos contornos, a recusa de repetir determinados procedimentos e de pôr em prática projetos acalentados, tendo sempre em vista a conquista de maior liberdade de pensamento e de ação.

Se tão irrecusável é a importância da liberdade, não são menos relevantes os elementos que lhe dão suporte: disciplina, honra, trabalho, sinceridade e, sobretudo, o conhecimento da espiritualidade. A firme determinação de o ser humano empenhar-se na obtenção dessas virtudes representa sublime manifestação de racionalidade e inteligência, e surge da mais profunda aspiração que ele nutre em relação ao transcendente, que é a espiritualidade.”

O presidente advertiu: “Lembremo-nos de que ser espiritualista não é simplesmente aquiescer a um conjunto de conceitos e definições ou abraçar uma determinada ideologia. Trata-se de ter atitude, de retirar-se voluntariamente da própria comodidade, sair da zona de conforto intelectual e ter a coragem de rever posicionamentos, reavaliar condutas, aprimorar, enfim, os atributos e as faculdades espirituais. Esse ampliar de perspectiva não é um fim em si mesmo, mas importante pressuposto para a prática constante, desinteressada e efetiva do bem.

Como espiritualistas, queremos e podemos oferecer nossa contribuição concreta para a superação de problemas, crises e reveses por que passa grande parte dos membros da sociedade contemporânea, tão aflita e abalada por frustrações e violências.

Nessa perspectiva, desejamos sinceramente exprimir nossa mais profunda admiração a todos que contribuem voluntariamente com a filosofia racionalista cristã, quer na condição de militantes, quer na de assistentes assíduos de reuniões públicas, cuja constante participação nos faz considerá-los fraternos integrantes dos campos vibracionais do Racionalismo Cristão.”

Valorização da família. “Estendemos nosso preito de admiração aos jovens que, cada vez mais próximos e numerosos, nos auxiliam com suas múltiplas capacidades e inúmeros talentos. Da mesma forma, não podemos deixar de destacar a importância e a generosidade dos familiares de todos os envolvidos nesse movimento espiritualista, cujo apoio e zelo fortalecem os abnegados membros da família racionalista cristã.

É sempre oportuno enfatizar a alta significação da família no contexto de nossa filosofia de vida. Há que salientar sempre a correlação essencial e a interdependência recíproca entre a família e o aprimoramento espiritual, pois é no lar que o indivíduo deve receber o primeiro sopro de espiritualidade”, disse.

Transformações pessoais. Afirmou ainda que “o despertar para a espiritualidade – uma abertura da mente para as coisas transcendentes – permite que os seres humanos reconheçam o próprio valor, ensejando transformações pessoais capazes de assegurar qualidade de vida e felicidade. Certamente esse caminho de descobertas e superações terá também momentos menos felizes. Contudo, a espiritualidade é manancial de coragem e energia, de dignidade e esperança.

O egoísmo, tão presente na sociedade pós-moderna, suscita uma forma de vida que enfraquece a consolidação e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce a alta significação dos laços afetivos. A espiritualidade, por seu turno, incentiva cooperação,  sintonia que sana, viabiliza e revigora as relações intersubjetivas.

Atualmente, abundam discursos que incentivam o consenso, a harmonia e a coexistência pacífica entre povos e nações. Não discutimos os méritos, os interesses e os verdadeiros objetivos de tais manifestações. Entretanto, a compreensão e o entendimento da relatividade de pontos de vista, a aceitação e, mais do que isso, a valorização das diferenças só é possível quando se desperta para a espiritualidade.

Independentemente da variedade de situações que o ser humano vivencia ao longo de sua trajetória na Terra, situações que acarretam, inexoravelmente, reavaliações de conceitos e até reformulações de ideias, a espiritualidade será sempre um instrumento valioso nesse dinâmico cenário. No fundo, a espiritualidade – repetimos – é uma força viva, plena de atualidade. Por isso mesmo, convém estudar com afinco e determinação o panorama espiritualista explanado nas casas racionalistas cristãs para, em seguida, aplicá-lo na vida prática, o que redundará, sem dúvida, na paz de espírito, na saúde integral, na conquista da felicidade.

Viva o Dia da Espiritualidade! Viva o Racionalismo Cristão!”