Ao analisar o título da presente reflexão – Ética: um dos pilares da felicidade –, verificamos que ele é suficientemente claro e conclusivo para que se compreenda a estreita ligação existente entre a ética e a felicidade. Assim, não é apenas lícito, mas também necessário que associemos, em nossos estudos, conceitos tão elevados e importantes, capazes de suscitar tão nobres sentimentos.
Figura em primeiro lugar, no título dessa nossa reflexão, a palavra ética. Com ela, queremos expressar um caminho virtuoso que conduz à renovação da consciência e ao compromisso de coerência e respeito, pois estes devem orientar as ações humanas e fundamentar as inter-relações. Dessa forma, a atitude ética produz paz interior e, por conseguinte, felicidade.
A volatilização paulatina da ideia de moral e o elã desfigurador da busca incessante pelo prazer ou por novas formas de realização pessoal nem sempre relacionadas ao campo da ética falseiam, sobretudo nos dias de hoje, a verdadeira finalidade da vida e o legítimo sentido da felicidade. Quando, contudo, o ser humano se deixa penetrar pelos valores espirituais, que possuem em si um poder inesgotável, põe-se em condições privilegiadas no sentido de superar com dignidade os desafios próprios da época, recolhendo magníficas lições que o fortalecerão ao longo de toda a vida, especialmente nos momentos mais importantes e decisivos de sua trajetória.
Evidentemente, as diferenças de formação, interesses e prioridades entre os seres humanos que compõem o tecido social sobressaem também no momento de estudar as formas de alcançar a felicidade e o bem-estar. Todavia, há que considerar a incidência de uma completa inversão de valores quando a pessoa analisa os fatos apenas pelo reduzido olhar materialista em detrimento da visão abrangente da espiritualidade, que tanto abarca aspectos que dizem respeito à vida prática, como também se expande para o campo do transcendente, ponderado na ética e na felicidade.
É precisamente a razão ética que impele o ser humano, no mais íntimo de si, a abrir-se ao transcendente, buscando a verdade e a justiça. A verdadeira ética, que ultrapassa enormemente os condicionalismos interesseiros e preconceituosos, possui uma essência espiritual. A prova disso é que ela teria soçobrado há séculos diante das tempestades do mundo se contrariasse as aspirações mais legítimas e probas do espírito humano.
Dialogar sobre temas tão importantes – como soem ser a ética e a felicidade –, procurando reinterpretá-los à luz da espiritualidade divulgada e defendida pelo Racionalismo Cristão, constitui uma diretriz segura, que fundamenta a construção de uma sociedade mais fraterna e, por conseguinte, menos preocupada com realizações efêmeras e transitórias, que mais afastam do que aproximam as pessoas da verdadeira felicidade.
Amigos, queremos ressaltar que o esclarecimento espiritual e a conduta ética compõem o veículo para a conquista da felicidade, devendo ocupar posição de destaque em nosso dia a dia. Ao esclarecer-se acerca da transcendência da vida e conduzir-se de modo ético, o ser humano permite que se estabeleça em seu interior a harmonia, que lhe atribui a faculdade de reconhecer que, para viver com plenitude e ser feliz, deve cumprir seus deveres com retidão e amor, sem jamais apontar, censurar ou condenar seu semelhante, mas muito pelo contrário: ajudá-lo-á sempre com sua irradiação amiga e benfazeja, quando não for possível uma orientação mais próxima e fraterna.
Muito Obrigado!