Exercitando a empatia toda hora, todo dia, sempre

Empatia rima com simpatia e harmonia. Palavra que andou muito na moda, mas é o velho e conhecido “se colocar no lugar do outro”.

No dicionário Aurélio, empatia significa a “tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa”.

Difícil de pôr em prática, já que, em vez de nos colocarmos no lugar da outra pessoa, costumamos apenas observar, apontar, criticar, julgar, reclamar, esbravejar, discursar, opinar sobre a situação do outro… Então, é comum afirmarmos “Se eu fosse você, faria isso e mais aquilo”. E não no sentido da empatia, mas, de certa maneira, impor nosso ponto de vista ao outro.

Nesse ano tenebroso que passou (e para dizer como uma amiga querida e conselheira, um ano de muitos retrocessos), muitos de nós não exercitamos a empatia. E não estou falando de usar a máscara para proteger não só a si, mas ao outro também. Isso é cuidado, respeito, consciência, informação… A empatia pode ser mais. Pode ser não entornar o caldo de uma situação já difícil por natureza.

A empatia nos faz exercitar a paciência, a calma, a compreensão, o entendimento e, por isso, rima com harmonia. Rima com um ambiente saudável, por que não? Se digitarmos a palavra empatia no Google, a página nos oferecerá vocábulos semelhantes, como afeição, afeto, afinidade, amizade, amor, atração, combinação, confraternidade, fraternidade, irmanação, união, vínculo, além da já citada simpatia.

O poeta cearense Bráulio Bessa, que tem um quadro no programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, conta em seu livro Poesia que transforma, que foi movido por um sentimento de empatia para escrever o seu poema clássico Recomece. “Em julho de 2017, recebi a pauta do programa Encontro, para fazer um poema, e logo fiquei muito comovido com a história. Estaria presente uma menina chamada Laura Beatriz, que sete anos antes, em 2010, perdera vários familiares num deslizamento no morro do Bumba, em Niterói. Ela fora entrevistada pela Fátima Bernardes [na ocasião] e, mesmo criancinha, aos 8 anos, a menina havia passado muita força.”

Ele continua: “Foi uma responsabilidade muito grande para mim falar sobre aquele assunto, e Laura Beatriz foi a inspiração do meu poema. O que eu diria para aquela menina? Se eu estivesse vivendo aquilo, o que precisaria escutar? Fui movido por um sentimento de empatia. Todo dia é dia de recomeçar”.

Enfim,

É preciso de um final

pra poder recomeçar,

como é preciso cair

pra poder se levantar.

Nem sempre engatar a ré

significa voltar.

Remarque aquele encontro,

reconquiste um amor,

reúna quem lhe quer bem,

reconforte um sofredor,

reanime quem tá triste

e reaprenda na dor.

Essa é a poesia (empatia, simpatia, harmonia…). Essa é a lição. Aprendamos a exercer a empatia, sem esquecer o que aconselha Caruso Samel no capítulo Harmonia, do livro Reflexões sobre os Sentimentos, da estante racionalista cristã: “Saiba, mediante esforço consciente, manter a harmonia em si mesmo para poder disseminá-la entre os seus semelhantes de maneira natural e sincera”.

Ele ensina ainda que “devemos ficar atentos, simpáticos e de bom humor na relação com outras criaturas”. “Precisamos ser racionais e cristãos, tratando nossos semelhantes como queremos que nos tratem, com respeito e dignidade”. Com empatia. Anotado?