Procuramos reunir na presente reflexão um expressivo conjunto de subsídios filosófico-espiritualistas, lastreados pelos conceitos do Racionalismo Cristão, que são transcendentes e libertadores, a fim de que o estudioso da espiritualidade, ou seja, o ser humano que se empenha em compreender a realidade de maneira mais ampliada, abrangente e integradora, tenha em mente não apenas o valor da experiência espiritualista, mas sobretudo seu caráter prático.
Em nossos estudos filosóficos e multidisciplinares a respeito da experiência espiritualista, encontramos muitas expressões e reflexões dignas de atenção. O estudo dos atributos inerentes ao espírito, por exemplo, cujo valor, embora dispense comentários, é sempre mencionado em nossos encontros e reuniões, significa a essência transcendente do ser humano, expondo as incontáveis possibilidades e potencialidades que, próprias de cada pessoa, são utilíssimas no campo dos desafios existenciais.
É por meio da articulação saudável estabelecida entre o ser humano e seus atributos espirituais que a experiência espiritualista alcança sua plenitude neste mundo de escolaridade, marcado pela transitoriedade e pela relatividade. Defendemos eloquentemente que a criatividade, a lógica, o autodomínio, o equilíbrio psíquico, a percepção, a sensibilidade e os demais atributos se ampliam e se desenvolvem no cotidiano por meio de um estilo de vida ético, espiritualizado e disciplinado, que valoriza o trabalho honesto e o bem-estar psíquico.
O conceito exato de experiência espiritualista tem relação direta com a mais profunda e autêntica experiência humana, pois comporta os sentimentos, anseios, projetos, emoções e convicções típicos dos seres humanos. Resulta de tal constatação a noção de que cada ser humano é uma unidade indissociável formada por espírito e matéria. Quando, por meio do esclarecimento espiritual, ele toma posse desse conhecimento, pode-se afirmar que deu um grande e sustentável impulso em seu itinerário de autoaperfeiçoamento, consolidando uma personalidade livre e consciente de seu próprio valor, ensejadora de uma visão panorâmica da vida e de seu sentido.
O que deve pretender a pessoa ao vivenciar conscientemente uma profunda experiência espiritualista? Em última análise, não mais do que a paz interior, advinda tanto da liberdade de conduzir-se em consonância com suas mais elevadas aspirações, como da dedicação às disciplinas construtivas da vida, à ampliação de seus atributos e faculdades espirituais, à família e à comunidade na qual está inserida.
Não haja dúvida de que inúmeros conflitos se estabelecem sempre que a pessoa condiciona sua realização interna a fatores externos, em detrimento da paz advinda de uma consciência tranquila. Esta, que não depende de artifícios ou elementos fora de si, tem como base uma experiência espiritualista autêntica e realisticamente estabelecida, sem extravagâncias e sem os subterfúgios desconcertantes da imaginação ou de eventuais sentidos ocultos.
Por meio da reflexão acerca da experiência espiritualista, bem como de seu sentido, valor e dimensão prática, procuramos estimular, antes de tudo, o fortalecimento e o esclarecimento dos seres, para que um número cada vez maior de pessoas na sociedade contemporânea consiga fazer resplandecer dentro de si a plenitude de suas potencialidades, assumindo um protagonismo existencial que subordine os impulsos materializados e inadequados ao império da razão e do bom senso. Na verdade, essa deve ser, em primeiro lugar, a meta pessoal de cada um de nós, e depois, o instrumento para o estabelecimento sustentável e harmônico de uma experiência espiritualista que proporcione autoaperfeiçoamento e evolução espiritual, como nos ensina o Racionalismo Cristão.