O estudo da espiritualidade através dos salutares ensinamentos do Racionalismo Cristão, é, de certa forma, o estudo de um sistema lógico, composto de princípios que se referem a situações concretas da vida. Esses princípios sustentam as ações, os projetos e os objetivos daqueles que, ao invés de se fechar na esfera escravizadora da matéria, abrem-se para a realidade que transcende os fenômenos físicos. Os atos praticados pelo racionalista cristão têm, portanto, finalidades e metas que ultrapassam as fronteiras dos interesses mesquinhos e reducionistas.
Com certeza, para quem se orienta em consonância com a espiritualidade que defendemos e procuramos divulgar ao máximo, sobretudo por meio de nossa conduta, os preceitos a que fizemos referência delimitam suas atitudes, fornecem os parâmetros para a seleção do que se há de considerar elevado, reto e digno de ser alcançado e, por exclusão racional, o que não se há de julgar producente e aceitável.
Ser-nos-á útil, nesse passo, examinar a presente reflexão com as luzes ampliativas da espiritualidade: quais fatores devemos considerar importantes para o desenvolvimento humano?
Mediante essa análise, conseguiremos diminuir, em muito, a influência que exercem em nossas vidas as teses arbitrárias e dogmáticas, tão em voga em certos setores acadêmicos que acabam por reduzir a questão, defendendo como fatores preponderantes do desenvolvimento humano a hereditariedade, o crescimento biológico, as habilidades neurofisiológicas etc.
Nós, que contemplamos o ser humano como um composto de Força e Matéria, ou seja, espírito e corpo físico, devemos entender que, além dos fatores mencionados, outros há que são de grande importância para o desenvolvimento do ser humano integral.
Há uma notável diferença entre a pessoa que tem o progresso moral como aspiração – para a qual um dos mais importantes fatores para o desenvolvimento humano é o cultivo das virtudes – e a que almeja simplesmente por reconhecimento, sucesso, bens materiais, aventuras sensuais ou coisas semelhantes. A primeira, esforçando-se em aprimorar-se cada vez mais, sente-se revigorada pelas inspirações advindas da espiritualidade; a segunda resume sua busca à satisfação egoística de seus impulsos e inclinações. É possível que ambas alcancem suas metas; que ambas adquiram o que desejam. Porém, a pessoa materialista experimentará, seja hoje ou amanhã, um vazio existencial que se pode traduzir pelo sentimento de frustração, que é, na realidade, o triste encontro com o nada. Por outro lado, aquela que entendeu quais são os reais fatores a ser amealhados para seu desenvolvimento integral é brindada, nesse caminhar, com um indescritível sentimento de bem-estar.
Sobre a essência da reflexão “Fatores para o desenvolvimento humano”, pode haver diferentes teses, múltiplas explicações e elaborações. De fato, uma reflexão semântica poderia ser útil; uma contextualização histórica poderia fornecer uma nova proposta de interpretação. Contudo, não há nada mais esclarecedor do que voltar-nos a nós mesmos e ser sinceros com nós mesmos, no sentido de reconhecer que não há desenvolvimento humano sem que sejam contemplados e vivenciados no dia a dia a honestidade, a disciplina, o trabalho, o valor, a moderação, a justiça, a equidade e a prudência.
Não é prudente pensar que alguém possa se desenvolver sem autocontrole e sem domínio próprio, até porque, sem essas virtudes, surge, nos mais das vezes, a falsa impressão de que os infortúnios sejam sempre causados por situações externas, quando, na verdade, costumam se originar na mente da pessoa que não pensa acertadamente e despreza o valor da disciplina e dos bons hábitos.
Sabemos que não é simples a busca e a vivência dos reais elementos que constituem as alavancas do integral e autêntico desenvolvimento humano. Esse processo supõe uma saudável e constante vontade de aprimoramento, uma disposição renovada para aprender coisas novas e úteis e para acolher o semelhante em suas necessidades. Com clareza, ensina-nos os salutares preceitos racionalistas cristãos que adotamos: devemos nos fortalecer para praticar o bem, e praticar o bem, amigos, é, sem sombra de dúvida, o principal e mais significativo fator para esse desenvolvimento.
Muito Obrigado!