Anteriormente, outros filósofos, inclusive os da Grécia antiga, já haviam preconizado o método indutivo, que caracteriza o empirismo racionalista fundado no século XVII por Francis Bacon (1561-1626), Barão de Verulâmio e Visconde de Saint Alban, nascido em Londres, onde viria a falecer aos 65 anos.
Os vultos mais representativos do empirismo são, além de Bacon, Thomas Hobbes, John Locke, Jorge Berkeley e David Hume, dos quais vamos falar posteriormente.
Bacon tinha 35 anos, quando, do outro lado do Canal da Mancha, nasceu, na França, René Descartes, fundador do racionalismo moderno.
Filósofo e político. Além de filósofo, cientista e ensaísta inglês, Bacon teve uma agitada vida de político e alcançou o alto cargo de chanceler do reino. Foi importante na formulação de teorias que fundamentaram a ciência moderna e é considerado um dos fundadores da Revolução Científica.
O precursor de Bacon cronologicamente mais próximo dele foi outro filósofo de sobrenome Bacon, mas de nome Roger, que viveu no século XIII. De fato, Roger Bacon (1214-1294), também de nacionalidade inglesa e tema de texto anterior desta série deartigos, foi quem, historicamente, pôs em prática, antes de Francis Bacon, o método indutivo.
Embora sem poder reivindicar para si a originalidade do método indutivo, o fundador da filosofia empirista é, efetivamente, Francis Bacon.
O empirismo racionalista, iniciado por Bacon, e o racionalismo moderno, que vai, mais tarde, originar-se com Descartes, dominariam os séculos XVII e XVIII.
Duas metades de um todo. Essas duas correntes não devem, no entanto, ser consideradas apenas como movimentos filosóficos paralelos. Com efeito, enquanto se desenvolviam e se desdobravam ao longo desses dois séculos, apresentavam vários pontos de intersecção e se identificavam em muitos aspectos. Desse modo, entrelaçavam-se e fundiam-se no conteúdo filosófico, em seus objetivos e ideais científicos, sociais e políticos, completando-se ambas como duas metades de um todo.
Como bem observa um historiador, a concepção do empirismo a respeito do Universo é substancialmente fenomenista, como a do racionalismo. No entanto, o primeiro é um fenomenismo empirista, em que se dá toda ênfase à observação, à experiência, e o segundo, um fenomenismo intelectualista, matemático.
O progresso das ciências é a preocupação dominante da filosofia de Bacon, principalmente as ciências da natureza, às quais imprime novas e dinâmicas diretrizes. Ele “lança as bases lógicas da nova ciência e da nova filosofia, que deveriam dar ao homem o domínio da realidade”.
O propósito de Bacon. Ao elaborar sua obra, o propósito de Bacon era tirar a ciência do marasmo e da estagnação, libertando-a do árido escolasticismo, que tanto a emperrou e atrasou durante séculos. Segundo ele, as ciências, quase estacionárias, estavam a merecer incremento digno da espécie humana.
A Europa, que fôra despertada do “sono medieval” pelos gloriosos clarins renascentistas, encontra em Francis Bacon, no dealbar do século XVII, um dos grandes vultos que traçaram os novos rumos da história moderna, “o homem que deu o toque de reunir e mobilizou todas as inteligências”.
A extensa e variada produção intelectual de Bacon consta de três partes: a jurídica, a literária e a filosófica. Esta reúne seus principais escritos filosóficos, entre os quais, a Instauratio Magna (Grande Restauração) e o Novo Organon, “obra culminante de sua vasta síntese”.
Em Novo Organon, Bacon apresenta e descreve um novo método para as ciências, a fim de substituir o Organon de Aristóteles, filósofo grego.