Os gestos de reconhecimento, em seu sentido mais abrangente, designam o conjunto de atitudes ou palavras diretamente destinado a exprimir, de forma objetiva, gratidão a uma pessoa, a uma coletividade ou à vida como um todo. Correspondem a uma gama de ações relacionadas ao ato de retribuir favores materiais, morais e espirituais de maneira sincera e desinteressada. A consecução de gestos de reconhecimento representa, acima de tudo, no campo de nossos estudos, um empreendimento realizado por pessoas íntegras, éticas e espiritualizadas.
A definição dada anteriormente acerca dos gestos de reconhecimento sublinha a função essencial que eles têm em relação ao aprimoramento ético-moral dos seres humanos. Com certeza, na vida de quem busca amadurecer espiritualmente, a capacidade de reconhecimento ganha um espaço de destaque, que influi na formação da personalidade e na conquista da própria felicidade. Conservar o sentimento de gratidão e exteriorizá-lo sempre que possível – não segundo a lógica materialista, mas como um imperativo espiritual – é uma característica do ser humano honrado e virtuoso.
Se a manifestação do sentimento de gratidão está interpenetrada de interesses pessoais e mesquinhos, exaure-se o alto valor de seu significado, de modo que ela é descaracterizada e corrompida. Se, por outro lado, a gratidão surge a partir da reflexão e análise dos abundantes mecanismos, internos e externos, que auxiliam o ser humano em sua caminhada por este planeta, é possível contemplá-la no que ela tem de mais significativo e sublime, absorvendo sua força e positividade.
O reconhecimento que, na presente reflexão, equivale à gratidão representa o alicerce de uma pedagogia de respeito e paz que deve influenciar os seres humanos, as famílias e a sociedade de forma ampla, suscitando uma revisão de conceitos e paradigmas. O recurso à gratidão dissolve a raiva e a indiferença, o egoísmo e o preconceito, podendo ser usado de maneira individual ou coletiva na conservação da paz. Os gestos de gratidão produzem, historicamente, imenso benefício, não só a quem eles são dirigidos, mas sobretudo a quem os protagoniza.
Aqueles que adotam a prestatividade como um dos princípios norteadores da vida dão ao mundo uma importante demonstração de respeito à humanidade, inspirando outras pessoas a agir da mesma forma, ao mesmo tempo que fomentam o precioso e nobilitante sentimento de gratidão, bloqueando em si os impulsos egoísticos que dificultam o desenvolvimento espiritual. A gratidão assume importância e dimensão sempre ascendentes na existência de quem percebeu que a vida representa uma grande oportunidade de crescimento espiritual, como nos ensina o Racionalismo Cristão.
O fato de acreditarmos em nós mesmos, ou seja, no valor de nossos atributos e potencialidades, não nos deve deixar vaidosos ou prepotentes – muito pelo contrário. Deve gerar em nosso espírito o sentimento de responsabilidade e sobretudo de gratidão. Tal convicção ilumina nossa consciência, fazendo-nos perceber como os atos de reconhecimento são importantes na conquista dos objetivos e das aspirações que legitimamente acalentamos.
As reflexões aqui expostas nos permitem concluir que a pessoa verdadeiramente grata pelas oportunidades que a vida não cessa de oferecer age sem esperar prestígio ou compensação, mas avança com firmeza em direção à mais nobre meta que o ser humano deve almejar na vida: o desenvolvimento espiritual. Ser tido como alguém que sabe agradecer com sinceridade e dignidade, muito mais do que uma distinção social, é um regozijo espiritual. Digno dele é todo aquele que faz de sua vida um contínuo caminhar na direção do próximo e da prática do bem.