Hora de falar e hora de ficar em silêncio

Rute Helena Macário, militante espiritualista da Filial Santos (SP).

A comunicação verbal ou escrita é o modo de nos relacionarmos com outras pessoas e tem bastante relevância para que possamos alcançar entendimento, trocar ideias, experiências, desenvolvermos relacionamentos, transmitirmos conhecimentos. Mas não podemos nos esquecer de que o exemplo, aliado às palavras no momento certo, dá melhores resultados e alcança de melhor forma os objetivos. A sabedoria não está em enriquecer o discurso e sim em falar silenciosamente através do exemplo. Sim, porque o silêncio fala. O professor que ministra lições aos seus alunos dando exemplos sobre a matéria em questão se faz melhor entender do que aquele que fornece apenas a teoria. Assim é com a educação dos filhos e na questão dos exemplos. As famílias de outrora seguiam um determinado padrão passado de geração para geração para educar os pequenos, mais focada nos exemplos do que nas palavras, pois o que se pretendia eram resultados práticos de disciplina, comportamento e valores morais. Muito já se ouviu a frase: “A educação se dá pelo exemplo”. Os filhos aprendiam a “ler nas entrelinhas”, pela observação das atitudes dos adultos. “Para um bom entendedor, meia palavra basta!” O ser, quanto mais sábio, mais prudente. Logo, a prudência é uma faceta da sabedoria e todo ser humano, pela sua condição de emanação da Inteligência Universal, é dotado de sabedoria, que precisará desenvolver em concomitância com a prudência (Luiz de Souza). Se para melhor conduzir-se na vida é preciso meditar e refletir, muito mais essa regra é necessária antes de falar. Esse procedimento evita muitos aborrecimentos e mal-estar nas relações humanas, porque, se as palavras não forem medidas, pesadas e ponderadas racionalmente, darão motivos para que o outro sinta-se hostilizado, dando início então a uma série de desentendimentos e desavenças.

Sempre há um modo, uma maneira educada, de grandeza espiritual de que podemos lançar mão, no que se refere às argumentações nos relacionamentos sociais. É preciso moderação e equilíbrio nas atitudes e nas palavras quando dirigidas aos semelhantes para que não se transformem em contenda os relacionamentos interpessoais.

O equilíbrio, o domínio de si mesmo, a calma, a serenidade e o comedimento como regra geral, fazem parte dos conceitos espiritualistas para que possamos viver melhor e com mais acertos. Aprendemos muito nas inter-relações, mas a sabedoria propriamente dita vem da introspecção, da meditação, do silêncio interior para que possamos acessar nossos pontos a serem fortalecidos e melhor estruturados. O silêncio é transformador porque silenciando as vozes e manifestações externas, podemos nos desnudar por dentro, e acessar o que vai em nosso íntimo, em nossa consciência.

Silêncio e autorreflexão são ferramentas libertadoras para nosso autoconhecimento. É no silêncio que estudamos, refletimos, observamos, raciocinamos, consideramos, ponderamos e avaliamos a real dimensão dos obstáculos para assim superá-los. É no silêncio também que entramos em conexão com nossa consciência, para encontrarmos as respostas assertivas, não nos apressando nas conclusões insensatas resultantes do atropelo das palavras e pensamentos quase sempre exaltados pela precipitação, no turbilhão dos acontecimentos, induzindo-nos ao erro no comando de nosso livre-arbítrio. O silêncio é uma pausa necessária nos dias que correm em nosso viver terreno pois nos desligando da materialidade daremos lugar ao transcendente, ao que realmente nos traz o equilíbrio psíquico, o que nos conecta com o Universo e recarrega nossa força anímica, vital para seguirmos em frente na trajetória evolutiva.