Imparcialidade e lealdade fortalecem o ser humano

Na definição léxica, a paixão é sentimento oposto ao ato imparcial do ser humano. Ainda, segundo esta definição, age com imparcialidade a pessoa detentora de justiça, de retidão e que, em outras palavras, utiliza-se da força de vontade para sobrepor sua opinião às próprias conveniências.

A definição de lealdade conduz a pessoa a entender seu comprometimento com suas obrigações perante a sociedade e a sua própria consciência. Para isso, utiliza-se da sinceridade, da honestidade e da franqueza.

A imparcialidade é uma premissa constante na vida espiritual, alerta o Racionalismo Cristão, posto que todas as parcelas individualizadas da Inteligência Universal são essencialmente iguais, muito embora apresentem atributos espirituais de acordo com a evolução de cada uma delas. Assim, as leis universais agem de forma a garantir igualdade de direitos e deveres, considerando cada grau de desenvolvimento espiritual alcançado.

O desenvolvimento do ser humano apenas é possível se suas ações e pensamentos convergirem para os verdadeiros objetivos assim considerados pela Inteligência Universal. Portanto, comportamentos parciais refletem desequilíbrio e falta de entendimento espiritual.

O Grande Foco, sendo o ponto de emanação das leis evolutivas, organiza-se através da uniformidade de vontades e pensamentos; estes, no entanto, são manifestados com maior clareza e de forma individualizada nos seres humanos em virtude do livre-arbítrio. Nesta condição ou em outros domínios da natureza, seja em matéria fluídica ou densa, observada a diferença dos campos de manifestação, faz-se sentir, também, a unificação da Força quando se identifica a direção voltada para a evolução das mencionadas parcelas.

A organização deste planeta deveu-se à ação constante das parcelas da Força. Entretanto, esta finalidade de conteúdo evolutivo não teria sido alcançada sem o auxílio de outros mundos, ao transferirem matéria em seus mais diversos estados, consoante a lei natural que rege a igualdade frente ao processo de evolução, mas direciona e particulariza as condições ideais ao posicionamento transitório das suas parcelas. O resultado da diversidade dessas matérias constitui os diferentes corpos físicos dos seres humanos. O que a princípio é singular, parcial, destacado como escolha e de responsabilidade exclusiva do espírito, em verdade, abriga a essência da Inteligência Universal que é assegurar oportunidades iguais de evolução a todas as suas parcelas.

Os pensamentos sempre guardam relação com alguma situação ou com os sentimentos dos outros, demonstrando, assim, a conexão espiritual frequente entre os seres humanos.

A finalidade do ser que age com imparcialidade é a de ser justo e obter o reconhecimento dos que o rodeiam e não, simplesmente, atrair destes a aceitação das suas ações. Enganam-se aqueles que acalentam a intenção de conseguir a aprovação de todos; isto é impossível, pois as condutas mais equitativas frequentemente precisam frustrar interesses de certas pessoas.

Os deveres impostos pela necessidade de garantir a sobrevivência devem servir de estímulo ao desenvolvimento de atributos espirituais, porém percebe-se que a dedicação excessiva aos compromissos profissionais sacrifica invariavelmente a qualidade de vida da qual depende o bem-estar da pessoa e da família.

Estas também são exigências de cunho espiritual e que muito concorrem para o adiantamento do processo evolutivo. O ser humano precisa trabalhar, descansar e recrear como meio de alcançar equilíbrio e domínio das suas sensibilidades.

As instituições foram criadas para atender ao ser humano e não ao contrário; é perigosa a abstenção de momentos agradáveis junto aos amigos e familiares para dedicação apenas aos deveres materiais.

Todas as pessoas possuem força espiritual e render preito à sua existência através de lealdade aos princípios norteadores de uma vida sã, espiritualmente comprometida com o proveitoso convívio formado através da indispensável interação com os semelhantes no trabalho ou em sociedade, é medida que se impõe.

Extrai-se do livro Racionalismo Cristão a seguinte afirmação: “Na educação dos filhos precisam prevalecer, acima de tudo, a sinceridade, a lealdade, a justiça e a verdade. Sua curiosidade natural deve ser satisfeita com explicações racionais e convincentes, ao alcance do entendimento infantil e do juvenil, e nunca por meio de artificiosas mentiras convencionais, sempre desabonadoras.”

O ser, desde quando principia a raciocinar, pode sentir, mesmo que de maneira vaga, a existência da Inteligência Universal. No entanto, dadas as suas limitações espirituais manifestadas em inúmeros casos, não é capaz de distinguir com clareza os seus verdadeiros objetivos e deveres espirituais. Daí o comportamento comum em fixar-se na dedicação à conquista de haveres materiais e sentimentos alimentados por correntes mentais presentes no planeta Terra.

Desses comportamentos, destaca-se a lealdade dirigida a determinadas pessoas ou a espíritos livres de um corpo humano, mesmo que cega, irracional e incondicional, a quem pensam estar promovendo o bem sendo leais.

O livre-arbítrio é inato ao espírito para que este possa dirigir com certa liberdade a sua vida neste mundo. No entanto, suas ações devem ser sempre ponderadas, no sentido de que sejam observadas as leis universais e, portanto, a justiça.

Ser leal é dar apoio a outrem para que este atinja os seus verdadeiros objetivos, que sabe serem de ordem espiritual, mesmo que, por vezes, pareçam materiais. Apoiar atos que contrariam as leis evolutivas resulta no retardamento do crescimento espiritual, no surgimento de reveses e na infalível aplicação destas próprias leis.

O espírito, no curso de sua trajetória evolutiva, desenvolve, entre outros atributos espirituais, a consciência de si mesmo, faculdade que o possibilita entender a sua verdadeira essência como parcela emanada da Inteligência Universal, e os seus verdadeiros objetivos.

Também em razão do desenvolvimento desse importante atributo, faz-se capaz de melhor analisar as questões da vida e entender os sentimentos que animam tanto a si quanto os seus semelhantes. Desta forma, organiza suas ideias e mostra-se capaz de aplicar verdadeiro valor aos comportamentos que observa cotidianamente.

Logo, apresenta conduta imparcial junto aos seus semelhantes, mesmo que estes sejam entes queridos, de forma a manifestar-se sempre contrariamente a pensamentos e atos voltados para o mal, tais como mentiras, maledicência, discussões acaloradas, indisciplina, mau humor, infidelidade e tantos outros que apenas sofrimento podem causar.

Consciente da sua composição astral e física, como emanação da Inteligência Universal e Matéria, e dos seus deveres espirituais ao adotar conduta imparcial, não se deixa abater diante das críticas dos seus semelhantes por entender que estas, na maioria das vezes, têm bases preconceituosas e ausentes de lógica e de raciocínio adequados à espiritualidade.

Portanto, ao agir com imparcialidade o ser humano se eleva e se fortalece espiritualmente, demonstrando entendimento e respeito ao próximo.