Não é unânime entre os pesquisadores da área a ideia de que as Olímpiadas modernas, concebidas pelo parisiense Pierre de Coubertin, sejam uma extensão ou um ressurgimento dos jogos olímpicos que tiveram lugar na antiga civilização helênica, cujo início e razão de ser não é possível indicar com precisão.
Para além das contendas e discordâncias estabelecidas entre historiadores, é inegável o fato de que tais eventos promovem uma série de consequências positivas para as nações que deles participam e, de forma geral, para o conjunto dos seres humanos. Sobre os benefícios que transcendem às honrarias, aos prêmios e às medalhas é que iremos falar nesta reflexão.
Este artigo, não obstante seu caráter espiritualista, não pretende criticar a relevância financeira de um evento da magnitude das Olimpíadas, que têm espaço em diferentes países e acontecem de quatro em quatro anos, à semelhança dos eventos análogos da Antiguidade, que passaram a ser quadrienais a partir de 680 a. C.
Cumpre-nos deixar claro que a geração de empregos e o fomento à tecnologia, à logística, à farmacologia, à indústria, ao esporte, ao comércio etc. são importantíssimos, principalmente quando há justa distribuição dos resultados auferidos.
Fundamentados na lúcida concepção espiritualista defendida pelo Racionalismo Cristão, desejamos suscitar, acerca do tema das Olimpíadas, um entendimento mais ampliado, sem, contudo, nos desviarmos de uma linha lógica e coerente.
Para nós, é inegável e indiscutível que determinados valores presentes em uma Olimpíada, como o senso ético, a disciplina, a honra, a perseverança, a solidariedade, a fraternidade, a alteridade, a empatia e a força de vontade, transcendem enormemente aos fatores e ganhos de ordem material.
A cada Olimpíada a que assistimos, percebemos um incremento tanto de racionalização no que concerne às regras, quanto de profissionalismo dos atletas e equipes, bem como uma valorização crescente da disciplina, sem a qual o sucesso é impossível. Trata-se de louvável e notória evolução, que não podíamos deixar de realçar.
Na esteira desse raciocínio, muito podemos aprender como os valorosos atletas de nosso tempo, não apenas com aqueles que ocupam o altiplano dos podiums e que ostentam expressivas medalhas, mas também com aqueles outros que perseverantes e fortes não desistem ante a eventual derrota nem se deixam intimidar com os desafios com os quais se deparam.
À medida que amadurecemos com o passar dos anos, reconhecemos cada vez mais que as Olimpíadas modernas, à semelhança do que ocorre com os seres humanos, encontram-se em processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento. Portanto, podemos aprender coisas importantes ao analisá-las – e com muito mais razão aprenderemos o que de positivo elas ensinam se a analisarmos pelo ângulo da espiritualidade, como procuramos demonstrar nesta reflexão.
Com base nos valores ora apresentados, poderemos condignamente, com o braço forte e com a cabeça erguida, levantar a tocha da espiritualidade divulgada e defendida pelo Racionalismo Cristão, cuja chama inextinguível de amor ao próximo a todos ilumina e aquece.