A presente reflexão não pretende expor a síntese de um texto de ficção, nem a de uma narrativa histórica ou biográfica. Nosso principal objetivo é compartilhar os conhecimentos vivos e transformadores que emanam do estilo, da personalidade e da alma de Luiz Thomaz. Todas as suas realizações dão conta da grandiosa estatura moral que possuía, alicerçada por uma inteligência sempre aberta à prodigalidade da vida e por uma coragem verdadeiramente extraordinária.
Falar de Luiz Thomaz é falar de um coletivo de qualidades arrematado por um caráter sagaz e robusto, pleno de humildade e de heroísmo. A beleza de sua trajetória brilha de tal forma até os nossos dias, que não titubeamos em afirmar que seu exemplo põe de pé aqueles que se encontram sobrecarregados pelos problemas da vida, da mesma maneira que entusiasma empreendedores, anima projetos e ilumina consciências. Toda a sua existência neste planeta foi um autêntico hino ao altruísmo – a um altruísmo diferenciado e raro, alimentado pela seiva do trabalho honesto, discreto e disciplinado.
Quando, na introdução a esta reflexão-homenagem, deixamos claro que não exporíamos uma narrativa histórica, fazemo-lo por termos consciência da magnitude da personalidade de Luiz Thomaz. O ilustríssimo percurso de nosso homenageado, a benemerência e a força que irradiam de seu nome não cabem nos moldes da historicidade. Concordamos com Victor Hugo, que denunciava: “ela, a história, que muitas vezes coloca sombra onde víamos raios”.
A dignidade, a maturidade espiritual, a brandura, a compostura, o brio e o comedimento que formam e informam a personalidade de Luiz Thomaz transcendem a quaisquer narrativas biográficas, não que elas não tenham valor ou importância – claro que têm! –; apenas não dão conta de abarcar a vida de um gigante como o nosso homenageado. Luiz Thomaz soube identificar, com extrema clarividência, a relevância de seu desiderato, penetrando-o em todo o seu profundo significado, de modo que o valor de suas atitudes não fazia senão confirmar a própria lucidez de que era portador.
Na verdade, homenageamos Luiz Thomaz ao seguir-lhe os passos, elegendo seu exemplo como modelo de vida. Ele, de fato, nunca buscou aplausos, nem perdeu tempo analisando o que os outros achavam da maneira austera como se conduzia. Luiz Thomaz seguiu sempre em frente, a despeito da aprovação alheia. Estruturou sua vida sobre os pilares da respeitabilidade, fazendo ouvidos surdos às palavras vazias. Construiu imenso patrimônio material; contudo, infinitamente menor que seu patrimônio moral.
Que grande lição nos dá Luiz Thomaz! Sem nunca almejar louvores, adquiriu tão alto prestígio, que reverbera até os nossos dias, e assim será nos tempos vindouros. Enquanto honra, disciplina, diligência, operosidade, honestidade e benevolência forem virtudes inestimáveis, o nome do cofundador do Racionalismo Cristão e do Jornal A Razão e companheiro inseparável de Luiz de Mattos, brilhará como estrela de primeira grandeza na noite dos séculos.
Prezados amigos, se há uma parte da humanidade que se desgasta pela posse de bens materiais com o fim de expandir a própria vaidade, também uma outra há, fulgurante e digna, que se move na direção do bem-estar espiritual do próximo, empenhando-se na promoção do gênero humano. Sem dúvida, nosso homenageado é fidedigno representante desse grupo de escol.
A grandeza que lhe era particular, a ética e a equanimidade que irradiavam de seus costumes e ações, a polidez de suas maneiras, enfim, a parcimônia que o distinguia, tudo isso suscita sublimes sentimentos.
Desejamos a quantos nos ouvem que penetrem cada vez mais na luz que emana de Luiz Thomaz e que saibam bem aproveitar o manancial de virtudes universais que ele legou à humanidade.
A vida de Luiz Thomaz, como tivemos a oportunidade de esclarecer, não pertence exclusivamente a uma época, mas é sentida ainda hoje, inspirando e movendo. Deixemo-nos, portanto, inspirar e mover pela força de seu exemplo e certamente honraremos seu nome e nossa própria existência. Viva Luiz Thomaz!
*Luiz Alves Thomaz nasceu em 4 de agosto de 1871 na cidade de Moita, Portugal e faleceu na cidade de Santos, estado de São Paulo, em 8 de dezembro de 1931.