Mensageiro das estrelas – II

Com este artigo encerramos o capítulo sobre Galileu Galilei (1564-1642), que, a exemplo de outro cientista já citado neste espaço, também integra a lista de titãs da ciência aos quais se referiu Isaak Newton quando disse: “Se eu pude ver mais longe foi por estar sobre ombros de gigantes.” E, para comprovar que Galileu era realmente um desses gigantes cujos ombros proporcionaram a Newton ampliar tanto os horizontes da ciência, julgamos oportuno transcrever, abaixo, breve passagem do artigo anterior em que destacamos a relevância das invenções, descobertas e demais realizações desse cientista de importância ímpar em sua época.

“Ao combinar, no século XVII, o pensamento indutivo com a dedução matemática, Galileu, considerado Pai da Ciência Moderna,  conseguiria criar o método experimental no estudo das ciências, o que viria possibilitar ao cientista realizar notáveis feitos em benefício do avanço da ciência, como os que, a seguir, ele aponta:  

“Construiu seu próprio telescópio; desmitificou lendas, estabeleceu princípios e causou uma renovação na história da ciência; descobriu o isocronismo do pêndulo e o aplicou na medição do tempo; descobriu e enunciou as leis que regem o movimento pendular; idealizou e desenhou um relógio preciso, utilizando o pêndulo; inventou o termômetro; depois de criticar abertamente a lei do movimento enunciada por Aristóteles, realizou pesquisas em dinâmica, das quais resultaria sua lei do movimento; idealizou a balança hidrostática; formulou os princípios da dinâmica; estabeleceu a lei da inércia (só então ficaria sabendo que Giordano Bruno realizara o mesmo feito antes dele); fundamentou cientificamente a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico; e por último, mas não menos importante para o avanço da ciência, inventou uma diversidade de ferramentas.”    

Em 1610, já em Pádua e lecionando matemática na Universidade, Galileu publicou a obra O Mensageiro das Estrelas. Nesse livro ele anuncia novidades no campo das ciências. Novidades essas resultantes, aliás, de suas próprias  descobertas científicas, entre as quais as montanhas e crateras da Lua, os quatro maiores satélites de Júpiter e um aglomerado de estrelas, “o que deixaria em situação delicada a filosofia natural e a astronomia da época”. 

Telescópio de Galileu. Segundo um estudioso, não se sabe ao certo quem inventou o telescópio, mas o primeiro pedido de patente foi feito em 1608 pelo holandês Hans Lipperhey. Em  1609 Galileu construiu seu primeiro telescópio. De acordo ainda com o estudioso, enquanto os dos holandeses tinham aumento de três a quatro vezes, os primeiros telescópios de Galileu já tinham aumento de nove vezes.

Se, por um lado, opina um historiador, Galileu não inventou o telescópio, por outro, é histórico que foi ele o primeiro a utilizar esse aparelho científico para estudar o céu, a partir de 1609. Como é sabido, as comemorações dos 400 anos desse feito do astrônomo italiano levaram a comunidade científica a nomear o ano de 2009 como o Ano Internacional da Astronomia.

Principais obras de Galileu

l O Mensageiro das estrelas – além de descrever o relevo da Lua, os quatro grandes satélites de Júpiter e a constituição da Via Láctea, endossa a opinião de Nicolau Copérnico, que formulou a teoria do heliocentrismo.

l História das manchas e acidentes do Sol

l Discursos e demonstrações matemáticas – sobre duas novas ciências relacionadas com a mecânica.

l Diálogo sobre os dois máximos sistemas do Universo – confronta o sistema de Ptolomeu, que acreditava ser a Terra o centro do Universo, e o de Copérnico, que discordava de Ptolomeu. Para o autor da teoria heliocêntrica, o centro do Universo era o Sol. Nessa obra Galileu defende a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico. Mas em 22 de junho de 1632 a teoria do heliocentrismo passou a ser considerada heresia pela Igreja Católica, que, então, podia tudo na Europa e não só condenou e proibiu a obra, como também decretou prisão domiciliar contra Galileu e o obrigou a abjurar, renegar, publicamente, a teoria copernicana. Eis, abaixo, o texto da abjuração, imposto pela Santa Inquisição, que ele teve de ler em praça pública:

“Com sinceridade e fé verdadeira abjuro, amaldiçoo e esconjuro o citado erro e heresia e, de modo geral, quaisquer que sejam, outros erros, heresias e seitas contrárias à Santa Igreja, e juro que no futuro nunca mais direi nem afirmarei, verbalmente nem por escrito, nada que dê motivo a semelhante suspeita a meu respeito de heresia, denunciá-lo-ei a este Santo Ofício ou ao Inquisidor ou Ordinário do lugar em que me encontrar.” 

Galileu morreu na cidade de Florença, Itália, em 8 de janeiro de 1642. Completaria 78 anos no mês seguinte.