Formiga o espaço digital, tornado repositório de baboseiras, com as diferentes interpretações que se fazem da liberdade de expressão. Simplesmente sem sentido. O desconhecimento ascende, de boa ou má fé. Prevalecem a informação incorreta e a desinformação intencional que esta, muito mais que a outra, desestabiliza indivíduos e instituições, desacredita, difama e rouba às fontes seu caráter de legitimidade. E, ao conhecimento, sua divulgação.
Muito dessa desinformação desbordada resultaria do que se convencionou chamar, entre os estudiosos (menção à Universidade Católica de Murcia), cultivo do engajamento. Implica ideologia, emoção, preferência política. O desejo de seguir uma tendência, promover uma causa, perseguir uma estratégica desgastada. Assim, assegurar a outros que a mídia não quer que você saiba isto e aquilo. Alveja o conteúdo sem chegar às raízes – a integridade da informação e suas fontes. Chega, ostensivamente, ao objetivo que ultrapassa o simples informar: dinheiro. Lucro puxa engajamento e vice-versa. Quanto maior o lucro, mais difícil a regulamentação do incontrolável. A indústria da (des)informação arrebanhou já intermediários: think tanks políticos e empresas de Relações Públicas.
Livro de 2021, do autor inglês Andy Norman, esboça a questão como uma doença que estaria a exigir ‘Imunidade Mental’ – o título. Há ideias infecciosas nas postagens, combatíveis com um meio melhor de pensar. Por que rejeitar Ciência e acreditar em teorias da conspiração divulgadas online? Por que a nossa sociedade está tão polarizada politicamente? O que está acontecendo de fato e por que agora? Mais importante, o que podemos fazer? Esses fenômenos, diz o autor, partilham uma causa que parece superar culpa e responsabilidade. Isso expõe o sistema imunológico mental/cultural, permitindo infectá-lo com todas essas más ideias online. Felizmente, é possível provocar um colapso contra a corrupção ideológica e chegar a uma imunidade cognitiva capaz de revolucionar nossa capacidade de pensamento crítico. Só assim, segundo Norman, devolver à humanidade seus sentidos.