Felizmente, a promoção de valores inclusivos e solidários que permitam uma interação mais equânime, construtiva e saudável entre os seres humanos está na pauta de inúmeros países do mundo. Não somente o poder público, mas também a iniciativa privada e os mais diversos setores da sociedade estão cada vez mais conscientes da necessidade de respeitar e acolher a diversidade humana. Nesta breve reflexão, procuraremos analisar, à luz da espiritualidade divulgada e defendida pelo Racionalismo Cristão, tal temática.
O vocábulo “inclusão”, empregado em diferentes contextos para designar ideias distintas, transmite, quando visto pelo ângulo da espiritualidade, uma ideia de dinamismo, pois consiste em um conjunto de ações coordenadas e destinadas a unir pessoas, a multiplicar conhecimentos e a compartilhar experiências no contexto da pluralidade de seres humanos que compõem as sociedades.
Atualmente, estabelecem-se debates políticos, pedagógicos, jurídicos e acadêmicos em torno de medidas que buscam desconstruir barreiras que impedem a aproximação entre pessoas e grupos historicamente discriminados. Achamos pertinentes e necessárias todas as iniciativas honestas e sinceras que promovem a interação entre pessoas, bem como o combate ao preconceito e à discriminação arbitrária. Aplaudimos, por exemplo, os corajosos estabelecimentos de ensino que, ao romper as barreiras da segregação, reúnem em uma mesma sala, sem o repasse de qualquer custo financeiro, alunos com e sem necessidades especiais. Certamente, tal experiência é fecunda para todos os alunos.
É preciso transpor um desafio para que se estabeleça uma discussão séria e madura acerca do importante tema da inclusão, que interessa à humanidade como um todo: quais são os princípios e conceitos que fundamentam as atitudes e movimentos que buscam incluir e agregar? Efetivamente, estamos convictos de que as ações solidárias e inclusivas se sustentam e se ampliam enormemente quando se fundam em princípios difundidos pelo Racionalismo Cristão, que, por sua própria natureza, são perenes, ultrapassando interesses materiais e imediatos.
A construção da vida social com base no respeito mútuo e nas diferenças pressupõe a absorção de princípios transcendentes, como o amor ao próximo e a consciência de que todos os seres humanos são essencialmente semelhantes e oriundos da mesma Fonte. Tais preceitos – fortalecedores e libertadores – permitem que as pessoas se orientem pela virtude, pela vontade de aprimoramento ético e pela certeza da interdependência entre todos os seres; não por costumes, paradigmas ou normas manipuladoras, tirânicas e distantes dos autênticos e legítimos anseios sociais.
Ao individualismo, ao consumismo e à violência – além do desrespeito aos ecossistemas –, que atentam contra a dignidade humana e grassam por diversos pontos do planeta, é preciso contrapor parâmetros e conceitos espiritualistas, a fim de que as sociedades se renovem do ponto de vista das ideias e paradigmas. De uma sincera revisão de conceitos e prioridades depende a saudável sobrevivência dos seres humanos.
Falar sobre o valor dos vínculos de solidariedade fraterna e da necessidade de substituir os muros que o preconceito levantou por pontes que interligam e incluem seres humanos sempre foi muito importante. Do ponto de vista racionalista cristão, a humanidade representa uma mesma e única família, ocupando uma mesma casa: o planeta Terra. É precisamente essa consciência que dinamiza e multiplica o verdadeiro impulso à união e à inclusão; ninguém duvide.
O ser humano alcança o vértice de sua realização e maturidade quando se torna consciente de suas potencialidades e de suas responsabilidades, ou seja, quando decide ser verdadeiramente útil a si mesmo e à comunidade onde está inserido, acolhendo e auxiliando a todos indiscriminadamente. Sigamos por esse caminho e seremos promotores da união, da inclusão e da paz.