Nada vem do nada – 4

Evidências científicas da existência de Deus

Estamos aqui diante do maior desafio de todos os tempos desde a aurora do surgimento do homem na Terra. Em uma noite estrelada, sem nuvens, não há quem não se tenha maravilhado diante da grandeza do Universo. Mais profundamente ainda nos deslumbramos, a cada dia, com as descobertas do Telescópio Espacial Hubble e, desde há dois anos, com as informações e fotos do Telescópio Espacial Web, verdadeira maravilha da Tecnologia, distribuídas pela NASA e mostradas em vídeos pelo Youtube e outras mídias. Neste artigo, que encerra a série de quatro, vamos percorrer alguns caminhos e evidências apresentadas por cientistas em várias áreas do conhecimento humano, entre elas a Biologia, a Cosmologia e, finalmente, a Física Quântica.

Metodologias usadas para provas e evidências. Para o bom entendimento dos leitores, torna-se necessário apresentar a diferença entre prova e evidência. Ambos necessitam de um ou mais cientistas observadores, porém a prova necessita conformidade com o método científico. O método científico é mais rigoroso e tem duas condições essenciais: a repetitividade e a falseabilidade do experimento por qualquer cientista em qualquer lugar da Terra. Todas as ciências utilizam instrumentos. Não podemos falar em prova para algo, no caso Deus, que não pode ser objeto da experimentação humana, mas podemos falar em evidências, que têm por base a seguinte estrutura padrão inferencial:

1. Evidências da natureza

2. Estrutura lógica

3. Inferência para conclusão

Esta estrutura não dispensa a priori a ideia de um motor padrão superior perfeito (o Criador, Força Criadora ou Inteligência Universal). A existência dessa Força Criadora é sentida por todos e por toda parte, demonstrável através do método comum da inferência científica, também conhecido pelas religiões como teologia natural, que é a ciência que demonstra a existência de Deus usando evidências e lógica, conforme demonstrou Aristóteles e mais tarde Santo Tomás de Aquino nos seus cinco caminhos, apresentado no segundo artigo desta série, mediante forte e inquestionável argumentação bem fundada, que nenhum cientista ousou criticar.

No primeiro artigo dessa série demonstramos que a existência de Deus não pode ser provada simplesmente pela redução ao infinito mediante a lei de causa e efeito por exigir uma primeira causa autocriada – a Inteligência Universal ou Deus.

Importante assinalar que a regressão ao infinito é possível para cadeias causais, como por exemplo no sequenciamento genético da árvore genealógica de uma família (avô, pai, filho etc). A regressão ao infinito é impossível para cadeias instrumentais ou essenciais (que dependem de uma potência inicial para dar partida aos efeitos sequenciais), como é o caso da lei de causa e efeito regressiva ao infinito, que não serve para provar a existência de Deus, conforme demonstrado no primeiro artigo desta série. De quatro artigos, Deus não foi criado por acaso. A potência deve ser causada por algo que realmente existiu no momento da criação. Algo no início da cadeia de eventos deve ser real por si só para dar início e não depender de mais nada.

Evidências na Biologia. As evidências de um Ser Superior, que as religiões chamam de Deus, são amplas nas chamadas ciências naturais, como na Biologia, na Zoologia, na Cosmologia e outras, com amplitudes diferentes. Aqui, vamos considerar como exemplo o corpo humano, essa maravilha fascinante aos nossos olhos! Consideremos o olho humano, um dos mais complexos órgãos depois do cérebro, cuja estrutura e funcionalidade são difíceis de explicar sem uma inteligência por detrás de sua criação.

Essa estrutura comum no processo evolutivo do reino animal não escapou a Darwin na sua obra a Evolução das espécies, em que disse: “órgãos complexos como o olho seriam difíceis de explicar em termos do processo gradual delineado pela minha teoria”. Atualmente, a Biologia Molecular explica.

Outros cientistas defendem o ponto de vista que os seres humanos são apenas animais sem propósito algum em um universo também sem propósito. Assim pensou o famoso zoólogo Richard Dawkins quando disse: “o Universo que observamos não tem nenhum projeto, nenhum propósito, nenhum mal e nenhum bem, nada além de indiferença sem sentido, somos máquinas para propagar o DNA. É a única razão de viver de cada objeto vivo” (Revista Ciência, agosto 15, 1997, pág. 892).

Evidências em Cosmologia e Cosmogenia. Os cientistas dessas áreas científicas chegam à conclusão de que a ordem e a harmonia universal partem das observações astronômicas desde o século XVII por Galileu Galilei e, mais recentemente, pelas observações telescópicas mais profundas ocorridas desde a colocação, no espaço, do Telescópio Espacial Hubble (está operando há 25 anos) e mais recentemente do Telescópio Espacial Web, que opera há dois anos. Dentre muitas teorias para a criação do Universo a mais aceita pelos cientistas atuais é do Big Bang. Os argumentos usados por essa Teoria baseiam-se e seguem o modelo padrão inferencial (evidência – lógica = conclusão), expostos anteriormente neste artigo.

Isso responde à pergunta: “Como teria sido o início do Universo e do Tempo?”, simultaneamente, mas não responde às perguntas “Quem ou o que criou o Universo e suas leis absolutas e imutáveis?” e “Qual o seu propósito?”

O que dizem ou disseram os nossos melhores cientistas? O astrofísico, mais respeitado por todos, Stephen Hawking, em uma palestra intitulada O Início do Tempo, declarou a visão da maioria dos astrônomos de hoje: “O Universo não existiu desde sempre. Em vez disso, o Universo, e o próprio tempo, tiveram um começo no Big Bang, cerca de 15 bilhões de anos atrás”. Nós acrescentamos que as leis naturais e imutáveis também começaram a existir ao mesmo tempo que o Universo e o Tempo.

Albert Einstein, o consagrado físico, autor da teoria da relatividade e ganhador do Prêmio Nobel, admitiu que houve uma inteligência impressionante revelada na existência das leis naturais durante a criação do Universo. São suas essas palavras: o sentimento religioso do cientista assume a forma de um espanto arrebatador diante da harmonia da lei natural, que revela uma inteligência de tal superioridade que, comparado a ela, todo o pensamento e ação sistemáticos dos seres humanos é um reflexo totalmente insignificante (Einstein: A Centenary Volume, ed. AP French, Harvard – University Press, 1979, p. 305).

Nossa conclusão: tudo tinha que estar perfeito desde o início para o Universo existir como ele é e com o propósito que tem, que, no meu entender, são a existência das leis evolutivas que sustentam a perfeição e a harmonia de tudo e de todos que nele existem.

Provas em Física Quântica. A Física Quântica foi criada em 1927 por vários físicos, notadamente Niels Henrik David Bohr (1885-1962), físico e filosofo dinamarquês; Werner Karl Heisenberg (1901-1976), físico teórico alemão; Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858-1947), físico teórico alemão; considerado o pai da física quântica, Mais tarde, em 1932, Niels Bohr e Heisenberg criaram a chamada Interpretação de Copenhague para unificar os fundamentos teóricos da Física Quântica com a Física Clássica newtoniana que, por sua vez, embasam a Mecânica Quântica e suas aplicações. Segundo essa interpretação, a realidade quântica não pode ser descrita de forma independente, mas sim através de uma relação entre o observador e a coisa observada. Isso significa que são as medições e observações de um observador que permitem a compreensão da realidade quântica.

Segundo a interpretação de Copenhague, a verdadeira natureza dos fenômenos quânticos é determinada pela relação dinâmica entre o observador e o objeto observado. Nesse contexto, os objetos quânticos, seja um elétron ou um fóton, não possuem propriedades intrínsecas e definidas até que sejam submetidos a uma medição ou observação. O mundo quântico é um mundo fascinante e muitas vezes não intuitivo. Tudo depende das circunstâncias, do observador e das condições de medida. Para que tudo aconteça há necessidade de um observador desde o início dos tempos.

Conclusão. Do que foi exposto neste artigo final de uma série de quatro artigos, ficou claro que Deus não é objeto de prova por parte da Ciência em sua visão ampla. Porém, ficou claro que as ciências naturais como a Biologia, a Zoologia, a Cosmologia e outras se contentam com as evidências, conforme definido neste artigo. As ciências exatas, como a Matemática, a Física e a Química, necessitam provar o objeto de suas teorias e experiências. Ora, como Deus não é objeto de estudo das ciências em geral, por terem elas escopo essencialmente materialista, não existe prova científica da existência de Deus (Inteligência Universal), no sentido rigoroso que as ciências exatas exigem uma prova científica. Somente os estudos e exploração racional e lógica, atributos que fazem parte do arsenal evolutivo do homem, permitem captar um entendimento mais amplo da metafísica, que tem escopo essencialmente transcendental.