Estou escrevendo como um desabafo e em busca de orientação sobre os meus problemas. Tenho 46 anos, dois filhos, de 18 e 11 anos, e estou separada há cinco meses após 20 anos de casamento e quase 30 de relacionamento.
Tenho muitos conflitos com o filho de 11 anos. Ele é muito inteligente, faz amigos facilmente, líder em todos os lugares aonde chega, porém não me respeita, me desafia o tempo todo, me cobra o tempo todo, não aceita limites colocados por mim em coisas básicas (tomar banho, fazer as atividades escolares…). Estamos passando por dias muito difíceis.
Essa situação piorou muito depois que o pai se mudou. Continua sendo muito presente com as crianças, porém, infelizmente, muitas vezes tirou minha autoridade de mãe diante do meu filho, às vezes questionando minhas atitudes, aceitando as “chantagens” do nosso filho, e eu sempre fiz o papel de bruxa. Claro que meu filho percebeu a situação e se aproveita dela.
Quando percebi que a separação estava mesmo para acontecer, tive muito medo de várias coisas, mas a principal era qual seria a reação desse filho a partir daquele momento e confesso que está sendo pior do que eu imaginava. Ele me culpa o tempo todo pela separação, apesar de já termos conversado várias vezes com ele, me desafia cada dia mais, me agride com palavras muito duras, tento muito manter o equilíbrio, mas em alguns momentos não consigo. Tenho medo dele tentar me bater, já vi isso muitas vezes nos olhos dele.
Ele está em tratamento com psicólogo, frequentamos uma casa racionalista cristã e faço a limpeza psíquica no lar. Em alguns momentos sinto muito medo de não conseguir reverter essa situação.
Amo demais meu filho, sei que tem a questão espiritual (reunidos na mesma família para saldarmos alguma dívida), sei que tem os conflitos da idade e o fato dele ser muito mais próximo ao pai, mas preciso cuidar do meu filho para ele não se perder.
Estou sofrendo muito, o meu filho mais velho, mais próximo a mim e bem mais tranquilo, está angustiado com tudo isso. Muitas vezes me sinto fracassada por não ser capaz de cuidar do meu filho. A dor dessa situação é infinitamente maior que a causada pela separação, não tem comparação.
Quanto ao ex-marido, me senti muito decepcionada pelas atitudes e palavras dele em relação a mim, não consigo ver a pessoa com a qual convivi durante quase toda a minha vida nessa que estou vendo agora – frio, seco, estúpido comigo, fazendo coisas que criticava em outras pessoas. O que sinto por ele nesse momento é apenas mágoa por todas as vezes que ele não me apoiou na orientação do nosso filho, dando-lhe a entender que poderia me desrespeitar. O meu filho dá todo o valor ao pai e diz que me odeia.
Nunca imaginei viver as coisas que tenho vivido, meu filho ameaçou tirar a própria vida. Preciso protegê-lo para que ele não se perca.
Minha mãe é uma pessoa depressiva e desenvolveu a depressão com a síndrome do pânico assim que me separei, porque “invertemos” os papéis há alguns anos e sempre fui a “forte” da família. Agora choro escondido, fujo das pessoas para não expor o quanto estou triste e não falar sobre a situação com o meu filho. Tenho muita fé que isso tudo vai passar, mas dói muito. Quero deixar claro que sei que não sou vítima de ninguém, que tudo tem explicação nessa ou em outras vidas, mas penso que o meu ex-marido deveria ter uma atitude mais correta e firme. Já passei pelo atendimento personalizado logo que aconteceu a separação, pretendo agendar novamente. Obrigada pela oportunidade de expor minha situação e de me ajudarem.
Resposta: Prezada, o melhor que um racionalista cristão deve fazer, ao deparar-se com tanto sofrimento e decepções, é recolher-se a um lugar tranquilo e silencioso, refletir longamente, fazer sua autoanálise com critério e bom senso, e ler com muita calma e atenção a orientação de Luiz da Mattos, inserida na página 34 do livro Prática do Racionalismo Cristão, 13ª edição, para fortificar-se e entender como proceder diante dos reveses:
“Quando sentirem o ânimo fraquejar, quando perceberem que a vontade se abate e o desânimo tenta envolvê-los, elevem o pensamento, desprendam-se de tudo que possa perturbá-los e procurem, dentro de si mesmos, a serenidade, a paz e a conformação de que carecem, para enfrentar e suportar as vicissitudes da vida.”
É preciso saber pensar e saber controlar as emoções, para manter a serenidade e a paz necessárias ao domínio próprio e ao raciocínio lúcido, é preciso conformação, para buscar uma solução lógica e inteligente, diante da realidade do momento, é preciso avaliar o sofrimento do outro, para entender as suas reações e, ao invés de criticá-lo, tentar ajudá-lo, tentar compreendê-lo e apoiá-lo, utilizando o diálogo franco e honesto, mas com carinho, atenção e amor, nunca aceitando provocações nem discussões, sabendo que ali também está um espírito em evolução, apesar da pouca idade do corpo físico.
Mágoas, ressentimentos, tristezas excessivas, pensamentos fixos nos problemas só causam má assistência astral e tornam o convívio no lar muito difícil, e aquela pessoa mais esclarecida tem por obrigação reverter tudo isso e incentivar a harmonia, a solidariedade, o desprendimento e a união familiar, para que possa haver condições de diálogo e de entendimento entre todos.
O cumprimento da disciplina racionalista cristã deve ser incentivado no lar, principalmente pelo exemplo dos mais esclarecidos, que devem mostrar-se equilibrados nas mais difíceis situações, sempre com pensamentos firmes e otimistas, sem medo do futuro, mas lutando para conduzir sua prole, com êxito, no caminho espiritual.