Ninguém vê sentimentos

Ninguém vê sentimentos
Quando olho uma pessoa (mesmo que seja de minha família) posso dizer quem ela é? Posso descrevê-la como é fisicamente. Mas nessa descrição estão inclusos seus sentimentos e emoções?
É logico que não, sentimentos e emoções só se materializam quando são realizados. Meus sentimentos se materializam através de minhas ações, e mesmo assim não podem ser descritos, porque muitas vezes minhas ações podem ser totalmente diferentes de meus sentimentos.
Assim, o ato de observar não me dá condições de descrever a pessoa observada. Só consigo descrever as observações externas (físicas) que faço dela e não suas verdadeiras emoções e sentimento (espirituais).
Quando a ciência analisa o Universo, descreve apenas o que é observável materialmente. Se há algum tempo um cientista afirmasse que havia uma consciência no Universo, ou que o Universo era consciente, correria o risco de ser banido do meio científico. Hoje essa afirmação já é quase corriqueira, ou pelo menos está tornando-se aceitável.
A ciência acadêmica só consegue descrever o Universo através da observação de seu comportamento material, ou seja, de forma fria e racional. Não existem sentimentos, mas quando se coloca a existência de uma consciência abre-se uma pequena fenda cuja observação leva a níveis mais profundos de observações, pesquisas e novas interpretações.
Consciência leva a inteligência, emoções, aprendizado, sentimentos… Consciência não é matéria, mas pode materializar-se, como de uma forma muito rudimentar acontece conosco.
É mais do que evidente que não podemos comparar uma consciência tão humilde como a nossa com a Consciência do Universo, a Inteligência Universal. Mesmo com nossa consciência infantil, porém, podemos questionar: “de que é formada essa consciência?” É logico que não estamos falando de um Deus, que seria um processo involutivo (fez, acabou, está pronto); estamos falando de evolução. Se o Universo está evoluindo, se a vida é evolução, se todos os seres vivos estão evoluindo, se nós estamos num processo de evolução, então todos nós fazemos parte desse processo. Somos parte da evolução do Universo, somos como muito temos ouvido falar: “somos um Universo em miniatura”.
Embora de uma forma rudimentar e superficial, estamos começando a perceber a continuidade de nosso viver, de nossa evolução. Deixando a religiosidade de lado, a reencarnação passa a ser uma necessidade evolutiva. Não só a nossa, mas a de todos os seres vivos do Universo.
Nesse ponto abre-se uma nova fenda para novos estudos e pesquisas. “Para existir vida é preciso existir matéria?” Afinal, quem sou eu, meu corpo físico ou minhas virtudes, emoções e sentimentos?
A existência da matéria é uma necessidade para aprimorarmos nossas virtudes espirituais. Depois de inúmeras passagens pela escola terrena, percebemos que a segurança, o conforto, os prazeres que buscamos na matéria não estão na matéria, mas sim em nossas qualidades espirituais, e aí buscamos o nosso foco de vida.
E o Universo? É a matéria que o forma ou a Inteligência que o rege? Se começo a entender a magnitude desse Universo não é para me sentir pequeno ou inferior. Se em cada um de nós vive o Universo, se somos parte dele, somos tão quanto ele. O que precisamos é compreendê-lo, e só o podemos fazer compreendendo a nós mesmos, e assim como ele evolui temos que evoluir também.
A maioria dos seres humanos não sabe para que serve a vida. Nascer e morrer não basta para estar vivo, é preciso compreendê-la. Se não compreendo minha humilde (mas valiosa) vida, como poderei compreender um viver universal. Caminhar por uma estrada escura é muito mais difícil do que caminhar por uma iluminada, e essa luz, essa claridade no caminho, quem a faz somos nós. Espiritualidade é luz, é conhecimento, é evolução.
O conhecimento da vida é a realização suprema da nossa evolução. Todo passo que dermos no caminho do entendimento da vida e do nosso viver será um passo (embora pequeno) para compreendermos o caminho da evolução do Universo.
Temos muito que aprender e realizar, mas, tudo está ao nosso alcance.
Francisco Sucena Branco
Presidente da Filial São José do Rio Preto (SP)