No topo da montanha

Algumas viagens nos levam a experiências mais radicais. Por exemplo, no dia a dia, muitos de nós somos adeptos da meditação, autorreflexão, 7 minutos de irradiação de manhã e à noite, yoga e a outras tantas atividades mais introspectivas. Mas imaginem cinco minutinhos no escuro total, dentro de uma caverna a 50 metros abaixo da superfície, ou então a 400 metros acima dela, no topo de uma montanha, onde o único barulho é o do vento ou de um bichinho qualquer por entre a vegetação.

Daria para ficar horas pensando na vida, no que somos e no que queremos ser, com a maior satisfação e sem aquela correria diária. A natureza é maravilhosa, e deveríamos valorizá-la mais. Ela nos dá sossego, silêncio e nos motiva a mudar. Por que não?

Quando tiramos um tempo livre de obrigações e nos submetemos a diferentes experiências temos a oportunidade de recuperar a calma e a alegria que teimamos não enxergar no dia a dia. É um tempo que se tem para pensar, refletir, meditar, respirar fundo… Coisas que, geralmente, não fazemos porque não temos tempo. Mas o tempo da natureza é diferente – e devemos aprender com isso. Levam-se séculos até uma rocha ter determinado formato. Levam-se séculos para a formação de stalactites e stalagmites, que são fruto da calcificação de minerais após a ação de infiltrações na pedra. É só depois de um tempo enorme que surgem os belos e grandiosos formatos que, depois, contemplamos.

E para que resgatar essa calma? “Calma e raciocínio ajudam a resolver os casos difíceis que a todos se apresentam. Muitos são os que têm a lamentar as resoluções tomadas impensadamente, de um momento para outro, sem antes refletirem o bastante para as ideias se acomodarem. Vale sempre a pena meditar, antes de tomar qualquer direção no caminho da vida”, ensina Luiz de Souza no livro Ao Encontro de uma Nova Era, editado pelo Racionalismo Cristão.

Mas é preciso se enfiar numa caverna ou subir a montanha para recuperar a calma e o bom humor? É preciso tirar férias para estar satisfeito? Não parece razoável. Subir a montanha não está à nossa disposição. Por isso, é necessário saber meditar, tirar uns minutos conosco, ainda que à nossa volta esteja o maior furacão. O recolhimento e o não falar impensadamente podem nos ajudar a tomar as decisões corretamente, sem tanto sofrimento e desgaste.

Só precisamos da vontade de assim proceder e da vontade de ler, estudar e pôr em prática os ensinamentos.

Em tempo, essa viagem maravilhosa foi na região de Lençóis (BA), na belíssima Chapada Diamantina.