Nomes mais conhecidos do empirismo britânico – 3

História do racionalismo – 131

Com este segundo artigo sobre George Berkeley, encerramos o capítulo a respeito desse filósofo e cientista. Após conhecer as obras de importantes pensadores, como Renê Descartes, Francis Bacon, Thomas Hobbes e Isaac Newton, Berkeley sentiu-se entre a cruz e a caldeirinha.

E não sem motivo: inspirado nas ideias desses pensadores, o cientista Berkeley descobriria também seu pendor para a filosofia. Agora teria de conciliar sua condição de bispo anglicano, profundamente arraigado à sua fé religiosa, com sua condição de filósofo e desenvolver suas próprias ideias.

E foi em reação ao materialismo do pensador Thomas Hobbes que Berkeley optou por criar seu sistema filosófico, que chamou de “doutrina imaterialista”.

Mas assim, negando a existência da matéria, ele estava se opondo não só a Hobbes, como também aos demais filósofos da Era Moderna e até mesmo à generalidade dos que filosofaram na Antiguidade Clássica, isto é, no mundo greco-romano desse período.

Ser é ser percebido. Segundo Berkeley, “as coisas sensíveis” seriam aquelas que são imediatamente percebidas pelos sentidos, sendo esse o princípio em que se baseiam suas ideias sobre a inexistência da matéria.

Para ele, uma cadeira, uma mesa ou qualquer outro objeto são apenas ideias na mente de quem os percebe. “Assim sendo, os objetos não podem existir sem ser percebidos.”

Esse primeiro trabalho de Berkeley, como filósofo, publicado por ele em 1710, é, no dizer de um paulistano amigo meu, um dos sistemas filosóficos mais controversos da História da Filosofia. E Berkeley, acrescentou ele, teve de pagar caro por isso: foi massacrado por duras e prolongadas críticas em sua época.

No entanto, a partir daí, George Berkeley decidiria levar a sério sua missão de filósofo e cientista, e valorizar melhor seu tempo para, desse modo, poder, realmente, escrever suas importantes obras, mercê das quais viria a ombrear com ilustres filósofos e cientistas de sua época.            

Principais obras e ideias de Berkeley:

Alciphron ou o filósofo minucioso. Trata-se de um diálogo filosófico entre quatro personagens, no qual Berkeley combate os livre-pensadores e faz apologia do cristianismo, demonstrando assim aos “incréus” que, entre seus deveres de bispo, constava o de defender, sempre, sua “querida fé”;

Siris. Esse livro não se limita apenas a um  tratado a respeito das virtudes medicinais da água de alcatrão. Nele Berkeley revela também o que pensa sobre as cadeias do ser e a gradual ascensão que vai do mundo dos sentidos e da mente até chegar ao transcendental – Deus, a essência trina;

Comentários Filosóficos. Nessa obra, o autor aborda uma variada gama de questões, como metafísica, epistemologia, filosofia da ciência, psicologia da visão, além de medicina, economia, política, moral, física e matemática;

De motu. Essa obra, com título em latim, trata sobre o movimento e sobre o princípio, a natureza e a causa da comunicação dos movimentos;

Três diálogos entre Hylas e Philonous. Os dois debatem aí a possibilidade de as coisas sobre as quais pensamos, com o auxílio de nossas ideias, poderem existir para além dessas ideias;

O Analista ou um discurso dirigido a um matemático infiel;

Tratado sobre os princípios do conhecimento humano; e

A teoria da visão confirmada e explicada.