Na conjuntura em que se encontra o Brasil, precisamos formar mais técnicos de graus médio e superior para vencer o subdesenvolvimento em quase todos os setores das atividades humanas; precisamos também de mais escolas e professores para acabar ou pelo menos diminuir o analfabetismo, que é um dos responsáveis pela situação em que nos encontramos, porque povo instruído e bem cuidado tem maior capacidade e discernimento para fomentar o progresso e o seu próprio bem-estar.
Ao invés de constar da nossa Carta Magna a proscrição do analfabetismo no Brasil, os nossos legisladores emendaram-se, agora, para conceder o direito do voto aos analfabetos, estimulando-os com isso a permanecerem sem saber ler nem escrever.
A educação é uma das maiores prioridades de um país civilizado, porque um povo culto tem mais capacidade para resolver os seus problemas econômicos e sociais.
Além da criação de mais escolas de primeiro grau, os governos e as instituições particulares deveriam criar também mais escolas vocacionais para formação de técnicos e artífices competentes, a fim de que a produção agroindustrial melhore em qualidade e quantidade, para que o Brasil fique em condições de concorrer vantajosamente nos mercados mundiais.
Quem exerce uma atividade, por vocação espontânea, tem prazer no trabalho e procura fazê-lo com mais perfeição e produtividade.
O trabalho racionalizado e criterioso, sem desperdício e negligência, diminui o custo da produção pelo bom aproveitamento das matérias-primas, do tempo do trabalhador e dos esforços conjugados das equipes de uma empresa. Os técnicos geralmente se formam para exercer uma especialidade por um impulso de vocação.
Existe, em São Paulo, e em outros centros industriais, carência de técnicos habilitados, mormente de grau médio, porque eles são os homens-chave da indústria, como assessores dos engenheiros e intermediários entre patrões e operários.
O ensino profissional deveria ser gratuito, para que não se torne um privilégio para poucos e prejuízo de muitos que desejam especializar-se por vocação e amor ao trabalho.
O nosso empirismo caboclo precisa dar lugar ao planejamento técnico-científico, de maneira objetiva e racional, tanto na agricultura como na indústria.
Muitos países se tornaram bem desenvolvidos pela técnica racionalizada e pelo planejamento científico executados com eficiência e honestidade.
O Brasil necessita de mais pessoas habilitadas em educação, higiene, nutrição, agronomia, produção industrial, e ter menos doutores e burocracia, para tirar parte da nossa gente da pobreza e da ignorância em que ainda se encontra, não só no interior do país, mas também nas pequenas e grandes cidades.
Disse Artur Torres Filho: “Já é tempo de abandonarmos a preocupação exclusiva dos melhoramentos urbanos, isto é, os de simples fachada, enveredando resolutamente pela política agrícola, procurando integrar o homem no renascimento econômico das forças do País”. E acrescentamos nós que isso se faça, porém, preparando e educando o indivíduo para o trabalho estafante e nobre da lavoura.
Gente educada sabe alimentar-se bem, cuidar melhor da saúde e dos seus próprios interesses.
Povo culto e esclarecido sabe lutar e vencer as vicissitudes que encontram no seu meio ambiente.
Pompeu A. Cantarelli
Publicado em 19 de junho de 1985.