Rute Helena Macário, militante da Filial Santos (SP)
Meu avô já dizia: “O que é bom já nasce feito”. Será? Vejamos:
O espírito não é um papel em branco. Ao tomar posse de um corpo físico vem a este plano terreno com seus atributos para serem desenvolvidos, aperfeiçoados e também imperfeições, deficiências e falhas de vidas pregressas, gravadas em seu corpo fluídico, corrigidos. Ao iniciar uma nova existência é desejável que cumpra as quatro fases que compõem a vida física que são infância, mocidade, madureza e velhice, cada qual com suas experiências e conhecimentos que levará para a etapa subsequente. Se essas etapas forem bem aproveitadas e o indivíduo construiu seu patrimônio espiritual ao longo da existência física, estará então preparado e estruturado psiquicamente para os revezes, infortúnios e adversidades que encontrará em sua trajetória. Realmente as crianças até os primeiros sete anos de vida vivenciam em muitos momentos aspectos da esfera psíquica de seus campos de estágio onde se encontravam antes da posse do corpo físico. Tais ocasiões podem facilmente ser reconhecidas quando a criança parece estar alheia, desatenta e, por vezes, ausente dos acontecimentos ao seu redor e em contato com as suas percepções sensoriais. Fase esta em que têm lugar as inclinações, predisposições, habilidades e temperamento, aos quais os pais e responsáveis devem estar atentos para corrigir as tendências quando reveladas impróprias e inapropriadas, revelando comportamentos que demonstram falha de caráter. Não é demais lembrar que os exemplos falam mais que as palavras e que cabe aos pais proporcionar aos pequenos bom ambiente fluídico onde colham bem-estar, harmonia e princípios educativos elevados, para que possam desenvolver-se com vigor e força espiritual, sempre alicerçados no respeito e na compostura moral. Lembrando o que dizia o mestre Luiz de Mattos: Educar a criança é gravar em mármore.
Os espíritos, antes de tomarem posse de um corpo físico, ainda em seus campos de estágio recebem instruções espiritualistas e estímulos da boa conduta para que alcance êxito em sua jornada. Todos, sem exceção, são contemplados com essa mesma preparação. Porém a maioria deixa de lado essa preparação a certa altura da existência física, com procedimentos e atitudes que ficam mais evidentes no limiar da juventude, onde falam mais alto as sensações materializadas, dando lugar aos vícios e aos comportamentos degradantes. Todos estão sujeitos ao meio e à sofrer influências próprias deste plano terreno quando ainda não tenham suficientemente fortalecida sua personalidade em fazer valer a vontade e o livre-arbítrio voltados para a prática dos conceitos da elevada moral cristã. Embora em um mesmo núcleo familiar os filhos recebam todas as mesmas orientações educativas para formação da personalidade, é preciso lembrar que cada um deles está em um nível espiritual diferente e responde em conformidade com essa realidade evolutiva.
Daí observar-se que em uma mesma família existem filhos de comportamentos diversos. Os espíritos trazem tendências tanto boas quanto más de suas vidas pregressas que se manifestam na existência em curso, além de erros arraigados no íntimo da estrutura espiritual, principalmente quando existem no transcorrer da vida material os gatilhos que favorecem hábitos condenáveis, impulsos negativos e falhas morais que levam o indivíduo a afastar-se da linha da boa conduta. A responsabilidade dos pais, principalmente durante a infância e a mocidade, se resume em duas palavras simples, mas de especial significado: atenção e vigilância, quanto aos seus comportamentos, sabendo dar a eles a liberdade para que se lancem ao mundo embasados na orientação correta, dos conceitos disciplinares de respeito, cumprimento dos deveres, justiça e honradez, lealdade, entre outros valores que seguramente o levarão ao crescimento e equilíbrio psíquico. Do contrário, se a educação for deficiente revelará as falhas morais observadas no decorrer da vida adulta. Educar bem é a maior herança que os pais podem deixar aos filhos. (Luiz de Mattos)
Não se pode esquecer que os filhos escolhem os pais no projeto feito pelo espírito ainda em campo astral e também existem os débitos espirituais a serem resgatados, tanto para espíritos desempenhando o papel de pais, quanto para outros desempenhando o papel de filhos. No planejamento universal que visa à restauração e evolução, tudo foi idealizado para que alcance seu propósito.
Os espíritos mais renitentes que teimosamente persistem nos erros avolumando existências e mais existências em busca da recuperação de sua estrutura espiritual, precisarão de pais que lhes deem diretrizes e aconselhamentos com firmeza e vigor espiritual para que possam ajustar-se no caminho correto das boas ações, da fraternidade, do respeito e do cumprimento do dever. Todos erramos porque somos falíveis e aqui estamos neste mundo-escola para aprender. Quando temos o esclarecimento espiritual e por falta de raciocínio erramos, temos a consequência dolorosa do que esses erros causaram a nós mesmos ou a semelhantes. De alguma maneira, em algum momento ou por alguns instantes no transcurso da vida, o indivíduo deixa de lado os conselhos e orientações de seus pais, alguns retomam o caminho correto, outros seguem firmando-se na contramão da espiritualidade sem rumo certo pela estrada da vida. Somente aquele que tem consciência do resultado desastroso que traz a inoperância de atos espiritualistas, sabe da necessidade que há em formar nos lares uma mentalidade dirigida para o progresso evolutivo. O bem gera o bem de acordo com a lei de atração.
Os indivíduos movidos pelas práticas humanistas que lhe servirão de base para seus atos, sentimentos e pensamentos são potentes indutores da prosperidade, da bonança e do bem-estar, encontrando ânimo, vigor e alento vindo dos campos superiores da espiritualidade. Sejamos então conscientes da responsabilidade em preparar melhores seres humanos para o mundo que queremos ter com mais amor e respeito uns pelos outros.