Na vida há um ponto essencial a que nem sempre damos a devida importância: é o cumprimento do dever. Começa desde a infância, quando vai despertando na criança a compreensão da vida.
Depois do raciocínio desenvolvido, conhecemos a necessidade inadiável de cultivar em nossa vida este sentimento que por si só iluminará nossos passos.
Nos palácios dourados existe luxo, prepotência e vaidade, mas infelizmente o brilho das consciências fica quase sempre empanado pela névoa do indiferentismo, pelo negror do egoísmo.
Os indivíduos laboriosos de fronte erguida trazem sempre o sorriso nos lábios e têm a mente equilibrada por compreender que o dever faz parte da vida…
Em defesa dos nossos mais caros interesses caminhamos desassombradamente, quer sobre tapetes, quer sobre urzes. Por maiores que sejam as glórias mundanas, jamais se igualam a uma consciência limpa, serena, iluminada pelo dever cumprido. Mesmo nos campos de batalha, está o cumprimento do dever a impor-se para que haja ordem na defesa da Pátria ultrajada. Anibal, Alexandre, César, Napoleão e muitos outros que alcançaram glórias imorredouras, tinham sempre por divisa o cumprimento do dever.
Nos lares, nos campos, nas fábricas, nas escolas, nos hospitais; quer estejamos no dorso azul do oceano, quer sobre as nuvens no espaço, só a noção do dever nos garante o equilíbrio de que necessitamos.
As páginas de nossa história estão repletas de atos de valor e desprendimento. Retrocedamos ao nosso passado glorioso e contemplemos aqueles que desprezavam a própria vida, cheios de valor para cumprirem o sagrado dever para com a Pátria. Mártires e guerreiros que puseram o dever acima de tudo; nomes aureolados de luz que a posteridade pronuncia com orgulho e respeito.
Como nos sentimos orgulhosos com a vida de um Tamandaré — o Nelson brasileiro, que serviu o Brasil 75 anos ininterruptamente… Barroso — o destemido, e Caxias — o magnânimo, levando a paz, a concórdia, por toda parte onde fosse necessário. Entre estes quantos e quantos nos têm dado o exemplo do cumprimento do dever!
“Mas nem todas as espadas são de aço. Há também espadas de luz. O pensamento é uma arma mais poderosa que canhões”.
Cada um na sua esfera vai galgando os degraus do progresso, amparado pela confiança que dá a consciência do dever cumprido. A pena, a palavra, em todos os tempos, vem levando aos seres a concórdia, o altruísmo, a liberdade… Em um mundo de ilusões como a Terra, para que o espírito possa sentir-se feliz é preciso que tenha ideal, e que este ideal seja nobre e devidamente cumprido.
Publicado em 20 de julho de 1964.