A vida humana é cheia de problemas: alguns, próprios do mundo, outros, oriundos do homem, que não sabendo usar suas faculdades, cria por vezes dificuldades, fomenta incompreensões, quando devia procurar saná-las sem afetar interesses alheios.
Certamente as soluções dos problemas do mundo não surgem por encanto, precisam ser planejadas, trabalhadas e encaminhadas sob um critério definido que não se afaste da realidade, que possua autenticidade, e não oculte nos seus meandros fins ilícitos, contrários ao bom senso.
Tudo que é feito calmamente, sem atropelos, e passa por amplo estudo e acurada meditação, tem possibilidades de aproximar-se da perfeição e apresenta relativa eficiência. Todo trabalho consciente é tranquilo, requer análise serena e esforço concentrado, para que se obtenha resultados apreciáveis. Neste particular, a sensatez e o equilíbrio são conselheiros, ajudam a encontrar o melhor caminho e a obter solução adequada.
Por mais difíceis que os problemas pareçam ou se apresentem, podem ser resolvidos, desde que passem pelo crivo da razão esclarecida, não se vinculem a interesses puramente pessoais, e haja na sua realização espírito de renúncia, dominando apenas uma preocupação: o cumprimento do dever. Dar outro sentido é desfigurar o objetivo e conduzir a resultados que não expressam o verdadeiro conteúdo, porquanto não se ajustam a bons princípios que acautelam a integridade, tanto nos julgamentos como na moral, destacando-se os sentimentos elevados, a clareza de raciocínio, a lógica na apreciação de fatos, fazendo, enfim, prevalecer sempre medidas sensatas que não prejudiquem nem atentem contra a dignidade humana.
Mas, quando dominam sentimentos inferiores e mesquinhos, para salvar aparências ou satisfazer vaidades, os problemas se complicam, tomam colorido diferente, assumem aspectos egoísticos e, na maioria dos casos, causam intranquilidade, trazem prejuízos e incertezas.
O homem que é movido pela paixão e pelos preconceitos sociais, não possui conhecimentos reais das coisas, é um foguete das circunstâncias, e sem se aperceber torna-se o veículo da desordem e dos desajustamentos, impedindo o desenvolvimento da virtude e dos princípios sadios que pugnam pela ordem, pela compreensão e pela tolerância.
O mundo é assim de dificuldades, de sofrimentos, mas também não deve o homem aumentar suas lutas, ao contrário precisa compreendê-las e estudar os motivos, a sua razão de ser, para que se conduza melhor e ganhe méritos na prática de ações que enobrecem.
Publicado em 20 de fevereiro de 1967