Neste artigo vamos examinar a eterna dúvida de toda a gente: o tempo existe ou é uma ilusão humana? Vamos mergulhar em considerações bastante lógicas para responder essa pergunta, que envolve afirmar que só existe o “aqui e agora”, o momento presente. Tudo acontece no momento presente; o passado já se foi e o futuro ainda está por vir. É no presente que nós construímos o nosso passado, que se transforma em memórias ou reminiscências. Não podemos viver no passado nem no futuro – todas as tentativas humanas de fazer viagens no tempo são meras ficções científicas. Nossa abordagem refere-se apenas ao tempo vivido pelos seres humanos, isto é, ao tempo no nosso planeta-escola.
Nós sabemos que o movimento de rotação terrestre se dá no sentido anti-horário. Isso significa que, quando observamos a Terra, por exemplo, da Estação Espacial Internacional (International Space Shuttle), ou seja, de fora da atmosfera terrestre, sobre o polo norte, veremos que sua rotação ocorre no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio. Isso prova que a Terra gira no sentido oeste-leste. Daí, se poder confirmar que o movimento aparente do Sol, para nós, ocorre no sentido leste para oeste. Neste contexto, todos os habitantes da Terra, estejam onde estiverem, estão vivendo o mesmo instante ou momento presente, embora em horários diferentes, estabelecidos pela Conferência Internacional de Meridianos, em 1884.
Essa Conferência foi realizada em Washington, com representantes de 25 países. Na mesma reunião foi estabelecido o Horário do Meridiano de Greenwich (Greenwich Meridian Time – GMT). Greenwich fica no bairro de Green Park, em Londres, Inglaterra, sendo conhecido como fuso de referência zero. Nela, a Terra foi dividida em 24 meridianos, cada um com duração de uma hora, abrangendo 15 graus angulares da nossa esfera Terra (24 vezes 15 é igual a 360 graus angulares). O meridiano oposto ao meridiano de Greenwich (180 graus a leste) é chamado de Linha Internacional da Data, onde ocorre a mudança dos dias de calendário. Essas faixas horárias são chamadas de fusos horários. O meridiano oposto (180 graus) passa pela Rússia (local Okrug- vila de Uelem), por ilhas situadas no Mar de Bering, Oceano Pacífico (Ilhas Figi) e pela Antártida. São quatro os fusos horários no Brasil.
Passado, presente e futuro parecem ser características reais do mundo, mas são mesmo? Através dos séculos muitos sábios e filósofos discordaram entre si e esse debate permeia muitos livros escritos por eles. Um desses filósofos, John Ellis Mc Taggart, muito tímido porém arguto em suas colocações, era de Cambridge, conterrâneo de Bertrand Russell, que trabalhou no Trinity College durante a virada do século XX. Desde cedo, Mc Taggart dedicava atenção especial ao estudo do tempo, algo que não era incomum, pois durante esse período, muitos filósofos eram atraídos da mesma forma por esse desafiante enigma. Incomum é como Mc Taggart pensava sobre o tempo.
Em seu artigo The Unreality of Time – 1908 (A irrealidade do tempo) apresentou o exemplo da chuva e o tempo para tirar suas conclusões que o levaram a rejeitar a existência do tempo: imagine que a chuva que cai já esteve presente e agora já passou. O trovão está no futuro, mas estará presente em seguida. Como explicar esses instantes? A explicação de Mc Taggart foi muito confusa e gerou muitos debates por longos anos.
A seguir, a nossa argumentação lógica e científica, usando os mesmos eventos de Mc Taggart, complementados nesse artigo com nosso exemplo da vida real.
De acordo com a Física Clássica, para explicar os movimentos, espaço, tempo e velocidade estão sempre correlacionados por uma simples fórmula matemática: t=e/v, onde t representa o tempo, e o espaço e v a velocidade. Como premissa, vamos admitir que o tempo se escoe do futuro (do que está por vir) para o presente e deste para o passado.
Imaginemos agora o exemplo de Mc Taggart: Está chovendo “aqui e agora” (lugar e tempo presente, neste instante). De repente ocorre um relâmpago, observado pelo meu sentido da visão. Com um relógio de alta precisão, um segundo depois ouço o trovão, tempo que o som do relâmpago levou para percorrer a distância de 340 metros (velocidade do som no ar em um segundo). Mas a luz (velocidade de 300 mil km por segundo), nessa curta distância de 340 metros, levou apenas uma fração ínfima de segundo, cerca de um milionésimo de segundo para chegar até mim, podendo-se dizer que ela foi vista instantaneamente. Nesse particular, a luz estava no futuro e no presente de minha experiência. No momento inicial de referência (momento zero de minha experiência), para mim (o observador), a chuva estava no presente, o relâmpago e o trovão ainda estavam no futuro. Ao observar o relâmpago, este continua no futuro, mas se tornou presente também e o trovão ainda está no futuro. Somente um segundo após o momento de referência o trovão passou a estar no presente e a chuva inicial e o relâmpago já estarão no passado. Observem que nessa sucessão de eventos usamos um segundo de tempo, mas o encadeamento desse mesmo raciocínio seria ainda mais óbvio e válido se usássemos uma ínfima fração do tempo para o trovão ser ouvido, medido por um relógio atômico, por exemplo. Na verdade, no momento do relâmpago, todos – o observador e os três eventos (chuva, relâmpago e trovão) estiveram sempre no presente (agora), mas em locais diferentes subordinados às leis relativísticas da Física Clássica e dos horários.
Segundo o eminente autor contemporâneo Eckhart Tolle, em seu livro The Power of now (1997) – O poder do agora, “o agora” é a chave para exercer sua espiritualidade e trabalhar sua evolução como o dever exige. Veja alguns trechos de sua citada obra:
“Os mestres de todos os tempos argumentam simplesmente as vantagens de manter a presença no momento atual com base em benefícios psicológicos ou outros benefícios práticos. Eles apontam para a singularidade do momento presente que nos sugere a ideia de que o agora é tudo o que temos (temporalmente). Vou usar singular, na afirmação ‘O momento presente é singular’, para se referir a essa ideia de ‘ser o primeiro e único’. A ‘tese da singularidade’ é a ideia de que o momento presente é tudo o que temos – o único tempo. O que chamarei de ‘tese da conexão’ é uma afirmação central de vários praticantes espiritualistas, autores, palestrantes e líderes de workshops; é a afirmação de que devemos concentrar toda a nossa atenção e esforço no momento presente precisamente por causa de sua singularidade.”
“A visão que está sendo considerada é que, embora possa nos parecer que outros tempos – passado e futuro – são alvos apropriados de atenção, podemos vir a compreender (intelectual e afetivamente) que, em um sentido fundamental (talvez difícil de especificar), o que há é apenas o agora e, portanto, nossa atenção deve estar focada nele. Nosso alvo apropriado de atenção total, então, depende e surge da singularidade.”
E, para encerrar, apresentamos esta última citação de Tolle: “O Agora é a coisa mais preciosa que existe. Por que é a coisa mais preciosa? Em primeiro lugar, porque é a única coisa… A vida é agora. Nunca houve um tempo em que sua vida não fosse agora, nem nunca haverá.”