Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, das incompreensões da nossa época.
Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura.
– De que serve construir arranha-céus se as crianças não têm ali onde brincar? Precisamos dar um sentido mais humano às nossas construções a fim de que não sejamos prisioneiros das alturas.
O homem, na sua ânsia incontida pelo dinheiro, deve pensar também no bem-estar das crianças para que elas vivam num meio sadio e cresçam sem complexo de inferioridade.
As crianças vivem num mundo de fantasia, sem as preocupações dos adultos; elas querem brincar e viver com naturalidade, sem os artifícios da civilização.
Não estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, e também não acho que o povo deveria viver narcotizado pela esperança da felicidade na próxima existência física.
Há na Terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes e almas corajosas.
Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras, as intrigas cruéis. Temos de fazer-lhes frente.
É indispensável que conquistemos o mundo não com as armas do ódio e da violência, e sim com as do amor e da persuasão.
Quando falo em conquista, quero dizer a conquista de uma situação decente e honesta para todas as criaturas, dentro de uma paz digna através da cooperação. O mundo precisa de paz e trabalho.
Publicado em 20 de maio de 1967