O poder da perseverança

Para conceituar o significado da faculdade da perseverança vamos recorrer aos dicionaristas. Em resumo, a palavra perseverança é atribuída como uma qualidade de uma pessoa que nunca desiste daquilo que se propôs fazer. Após uma tomada de decisão bem ponderada, a pessoa aplica toda a energia de sua vontade para realizar seu propósito, jamais desistindo.

Em oposição a essa qualidade superior, temos a procrastinação, qualidade negativa das pessoas que estão sempre adiando suas tarefas, quase nunca terminando ou completando-as. A diferença é que os que perseveram são sempre bem sucedidos em seus projetos e os que procrastinam fracassam na maioria dos casos. Isso marca decisivamente as pessoas.

Nada mais custoso, em tempo e dinheiro, nos depararmos com projetos pessoais, coletivos e públicos interrompidos antes de sua conclusão. Muitos deles sofrem deterioração com o decorrer do tempo e quando retomados demandam mais dinheiro ou verbas públicas. Os obstáculos são inúmeros e não param por aí. Deixemos os fracassos públicos por conta de quem os causou, inquestionavelmente os maus políticos.

Juntando o termo poder temos o título desse nosso artigo que pretende abordar vários aspectos que deixam marcas indeléveis na personalidade daqueles que adotam o comportamento perseverante. O poder da perseverança, como veremos, tem uma ampla conotação pragmática em várias situações na vida das pessoas sendo inclusive uma forma de fortalecer a vontade em muitos aspectos morais e práticos.

Faculdades, atributos e princípios. Segundo a filosofia Racionalismo Cristão, as palavras faculdade e atributo possuem significados semelhantes, mas não são iguais, havendo uma sutil diferença entre elas. A faculdade pode ser inata ao espírito como a mediunidade intuitiva, ou adquirida ao longo das múltiplas existências físicas, em forma de aptidões, dons ou talentos.

Outros tipos de mediunidade afloram em função da necessidade do espírito em despertar para os fenômenos transcendentais, e os atributos são inerentes a todos os espíritos, em maior ou menor grau de desenvolvimento. Finalmente, princípios são os fundamentos de uma doutrina ou filosofia.

Dez precondições para desenvolver a perseverança. Para desenvolver a perseverança, antes de mais nada, é preciso ter a vontade fortalecida como pré-requisito para a prática do bem e autoconfiança para tomar decisões acertadas face aos seus propósitos de vida. Além disso, devemos elencar as onze seguintes condições, também essenciais:

l Não ter medo de enfrentar desafios e obstáculos

l Ter raciocínio claro sobre os seus desejos, motivações e metas

l Transformar seus desejos em vontade

l Inspirar-se e apoiar-se em pessoas bem-sucedidas em condições semelhantes

l Ter autoconfiança e acreditar no seu potencial para superar os desafios

l Ter autodisciplina para seguir em frente quando tudo parece dar errado

l  Não esmorecer e encarar sempre os erros como processo de aprendizagem

l Lembrar sempre que não há substituto para a experiência

l Ter metas realistas e ser persistente e resiliente até alcançar seus objetivos

l Errar é humano, mas faça todo esforço para errar menos e acertar mais

l Finalmente, nunca procrastinar tarefas e etapas por qualquer motivo

Hábitos e padrões de comportamento perseverante: mindset. Aqui, quando nós falamos de hábitos e padrões, estamos referindo-nos às estratégias repetitivas bem-sucedidas que em psicologia se denomina mindset resiliente.

Entenda-se mindset como uma mentalidade que nos permite lidar com as adversidades de forma positiva. Essa mentalidade se adquire através de muitas experiências ao se enfrentar situações e obstáculos difíceis como aprendizado. Enfim, estamos falando de motivação adquirida. Lembre-se: não há substituto para a experiência. Manter o propósito e a conclusão do projeto bem viva e visível em nossa mente reforça nosso êxito e nossa satisfação.

Uma boa estratégia para consolidar nossos sucessos é dividir o projeto em tarefas ou etapas menores e só passar para a tarefa seguinte quando tiver terminado a anterior. Em algumas situações, é necessário manter segredo sobre o que estamos fazendo.

Outra boa estratégia é celebrar a conclusão das tarefas difíceis e, com mais razão ainda, o término bem-sucedido de seus projetos com familiares e amigos mais próximos.

 Conclusão. Não é sem razão que o livro essencial do Racionalismo Cristão colocou na Síntese dos princípios racionalistas cristãos, em primeiro lugar, o preceito “Fortalecer a vontade para a prática do bem” dentre os 20 princípios ali enumerados. Sem esse preceito bem firmado na mente das pessoas, praticar a perseverança na forma aqui indicada se torna bem mais difícil. Deixaremos, assim, de alcançar o objetivo final, na forma de satisfação pessoal.

Poderia ter citado muitos exemplos de pessoas bem-sucedidas ao longo de suas vidas, muitas vezes alcançado a partir de situações muito difíceis e até de extrema pobreza, que ocuparam e ainda ocupam posições proeminentes nas sociedades de qualquer lugar de nosso mundo-escola Terra. Aqui no Brasil podemos citar exemplos recentes como o do empresário Silvio Santos, inclusive na mídia televisiva, e a figura do admirável Rei Pelé nos esportes. Infelizmente, não dispomos de espaço para estender essa lista com tantos outros nomes famosos em vários setores de nossa sociedade.

É de se notar que a perseverança pode influenciar todas as áreas de nossas vidas: nos estudos, no trabalho, nos relacionamentos amigáveis, todas elas nos trazendo satisfação íntima quando bem realizados e sucedidos os nossos projetos. Alguns dos leitores vão notar que deixamos de mencionar o sentimento de frustração, por ser negativo e se opor à faculdade positiva de adotar sempre uma atitude de perseverança em nossos hábitos e padrões de vida.