Valendo-nos primeiramente dos dicionaristas, a sinonímia apresentada para discernimento pode ser resumida na seguinte expressão: capacidade de compreender situações usando o bom senso e separar o certo do errado, o verdadeiro do falso, o joio do trigo. Os seguintes vocábulos têm sentido assemelhado: inteligência, perspicácia, acuidade, agudeza, argúcia, clarividência, engenho, fineza, finura, lucidez, lume, percepção, prumo, sagacidade, senso e sutileza. É claro que os significados opostos ou maus podem ser usados para praticar atos indignos e reprováveis. Por isso mesmo, após avaliada a situação pelo discernimento, entra em cena o livre-arbítrio para a escolha final da melhor solução, como regra de natureza espiritual, de acordo com o grau espiritual da pessoa.
Conceitualmente, discernimento é a faculdade de escolher o que é certo ou que se nos parece melhor, usando critério ou juízo, sem se arredar do bom senso, visando a obter, com auxílio do raciocínio e da lógica, resultados adequados ao nosso modo de sentir, pensar e agir sobre os fatos da vida. Este termo está intimamente associado às linhas de pensamento no âmbito da filosofia, psicologia e espiritualidade. É esse tripé, historicamente na ordem indicada, que vem servindo de apoio ao discernimento ao longo da história humana através dos séculos e milênios.
Na filosofia o discernimento sempre se serviu da boa argumentação usando-se o raciocínio e a lógica. Na psicologia o discernimento vale-se das percepções ou insights repentinos. No amplo aspecto da espiritualidade, o discernimento é alcançado pela intuição, da qual somos todos portadores.
Natureza do discernimento. O que o leitor aprendeu até aqui seria suficiente para encerrar este artigo, todavia, vamos estendê-lo um pouco mais. Pode parecer “chover no molhado”, mas não é, dada a importância do tema. Enfim, ser criterioso no pensar e agir é tudo que a pessoa precisa para acertar mais e errar menos. Isso equivale a dizer que levar a sério nossa razão de ser é meio caminho andado para vencer obstáculos e ser vitorioso tanto na vida particular como na profissional e na espiritual.
Deixar de prestar a atenção ao que interessa para nossa vida é um ato de leviandade indesculpável, já que a inércia é um freio para o ser humano alcançar o êxito material e a evolução espiritual. Em primeiro lugar, isso dificulta alcançar nossos objetivos profissionais, mediante a tomada de decisões corretas e perder a satisfação íntima de realização de nossos objetivos. Em segundo lugar, o acúmulo de erros por não seguir o que nos aponta o bom discernimento, contrariando nossas boas intenções, traz desânimo e perda de confiança em nós mesmos, diminuindo nossa capacidade de avaliar situações e pessoas com empatia, solidariedade e justiça.
Dessa forma, a conclusão óbvia é que o discernimento é uma faculdade intelectual que agrega bom senso em tudo que pensamos e fazemos, separando o que é correto do que é incorreto. E isso é essencial no mundo moderno de rápida transformação. Com tais atitudes, aprendemos a desprezar o que nos é inútil e falso.
3. Importância do discernimento na vida das pessoas. O bem mais valioso em nossas vidas é a informação. Quando nos relacionamos, nos diálogos que travamos com as pessoas, estamos sempre passando ou recebendo informações que exigem de nós a prática do discernimento. Daí, a necessidade de aprendermos a ouvir ou escutar com muita atenção como fator de aprendizagem. Afinal só nos interessa perceber o que é adequado, desprezando o que for inadequado. Dessa forma, buscamos a verdade dos fatos.
Contudo não basta adquirirmos a melhor das verdades se o nosso conhecimento não nos for útil material e espiritualmente. Daí, precisarmos de extremo cuidado quando tivermos que nos valer do que é difundido pelas mídias sociais ou da internet de uma maneira mais geral. Por isso mesmo, torna-se necessário exercitarmos racional e logicamente o nosso senso crítico sob a sombra do bom senso, evitando adquirir notícias falsas e difundi-las como verdadeiras.
4. Como melhorar o discernimento nas nossas decisões. Como melhorar nossa acuidade mental, nosso discernimento? Como nós bem o sabemos, o poder de seleção e escolha exige muito treino para não compactuarmos com pessoas descuidadas e fatos inverídicos. Para isso, vamos elencar algumas recomendações a seguir.
A primeira recomendação já está contida na introdução a este tema, que é a seleção das fontes de informação. Nem é preciso nos estender muito sobre isso. As fontes precisam ser confiáveis, provenham elas de pessoas ou da mídia social. As pesquisas por informação na internet, embora de fácil consulta, exigem extremo cuidado. Questionar a informação será sempre necessário.
A segunda recomendação é comparar diferentes fontes confiáveis de informação para um mesmo assunto, ainda que as informações já colhidas nos pareçam verdadeiras. Isso é feito mediante rigorosa análise. Na dúvida, façamos sempre uma checagem dos dados a partir de outra fonte confiável. Estaremos, assim, preparados para enxergar o assunto sob várias óticas e opiniões.
Outra linha de recomendação é usar a nossa faculdade de análise conferindo a nossa linha de escolha, antes de tomar decisão, com outra linha oposta de informação. Para isso, há necessidade de ter mente aberta para argumentar com acerto sem teimar com nosso informante e ver claro o que ele está lhe passando. Opiniões divergentes podem nos ajudar e reforçar nossos pontos de vista. Em muitos assuntos isso funciona, diversificando nossos conhecimentos para a escolha final.
5. Conclusão. Concluímos, portanto, que o discernimento é a faculdade do bom senso, não do senso comum, conforme a abrangência de informações que passamos neste artigo. E mais, que ele é a base para tomarmos decisões acertadas mediante o uso do nosso livre-arbítrio.
Como se isso não bastasse, invocamos também o uso de nossa intuição, da qual somos todos portadores, para nos escudar no bom uso do discernimento em conjunto com a intuição, o que ao longo de nossas múltiplas vivências terrenas nos levará à sabedoria dos fatos e situações.