Segundo os dicionaristas, a palavra indiferença está intimamente associada com os seguintes sinônimos: desinteresse, desprezo, menosprezo, apatia, desdém, falta de solidariedade, de cuidado, de consideração, de atenção, descaso. Mais remotamente, pode ter relação com displicência e insensibilidade ao próximo.
Sob o ponto de vista psicológico ela é parte de nossa cultura e corre solta dentro de nossa estrutura política e social. É uma espécie de desafetação frente ao sofrimento alheio. Olhando sob o ponto de vista de alguém que recebe uma atitude indiferente de outrem, ela passa uma mensagem assaz dolorosa de “não estou nem aí”, ”é problema seu”, “eu não me importo com você”, ou até mesmo de profundo desprezo com uma expressão bem típica de “eu estou me lixando por você”. No fundo, é um tipo de apatia que nos causa profunda angústia por nos deixar insensível ao problema do outro, de uma falta de solidariedade e empatia incompreensíveis. Assim, quando no cotidiano de suas atitudes você se encontra indiferente com algo ou alguém ao seu redor, cuidado, a indiferença afasta e principalmente gera perdas significativas na trajetória da sua vida.
O que ocorre, na verdade? Como explicar esse comportamento, essa frieza para com nosso semelhante? E, do ponto de vista do semelhante, como não se deixar levar pela insensibilidade alheia? Essas são as perguntas que vamos tentar responder ao longo desse nosso artigo. Para uma resposta geral, genérica, podemos afirmar, desde já, que a pessoa indiferente não se importa com os sentimentos e emoções do outro.
A banalização da indiferença, o que vem acontecendo no mundo-escola Terra, cada vez mais profundamente, é uma atitude de baixa consideração e carência afetiva pelos nossos semelhantes e que se opõe ao sentimento positivo de solidariedade e de empatia.
Banalização. É muito louvável pensar no nosso bem-estar, mas não devemos ser insensíveis com o sofrimento alheio. Isso é alimentar cada vez mais a indiferença pelos que precisam de nossa atenção, muitas vezes em momentos difíceis de suas vidas. Atitudes de indiferença manifestam-se cada vez mais nas pessoas que não se comovem com as necessidades do outro, que não se importam com o outro, que não se comovem perante a injustiça, que abandonam ao deus-dará a miséria humana. Essas são atitudes que, infelizmente, estão se banalizando e se globalizando pelo planeta Terra.
Temos que evitar achar normal algo que é reconhecidamente ruim, como é o caso do sentimento de indiferença. Nós sabemos muito bem o efeito que a repetição de erros causa num mundo globalizado como o nosso, principalmente quando agravada pela mídia e através da internet. O que é divulgado errado fica difícil de mudar. As atitudes de indiferença tornam as pessoas brutalizadas. O ser humano sempre merece respeito. O que se dirá, então, se a vítima ou ofendido for um familiar ou um amigo? O desinteresse e o desrespeito são sinais de mau caráter. Boas maneiras e um caráter ilibado são sempre apreciados em qualquer ambiente. Desfazer um mal entendido é sempre difícil.
Torna-se, pois, fácil deduzir que os seres humanos que se afastam desse conjunto de atividades estão jogando fora a sua existência física, consciente ou inconscientemente. Por isso, temos que combater a indiferença para tudo e por todos os nossos semelhantes. A vida é feita de momentos felizes e tristes, estejamos sozinhos ou nos relacionando com nossos semelhantes, causando-nos emoções boas e ruins, inclusive de indiferença e apatia. É por isso que precisamos amenizar ou até mesmo evitar as discussões acaloradas. Nem sempre ficar indiferente pode trazer bons resultados, pois pode deixar o nosso interlocutor ficar ansioso ou até mesmo perder a confiança em nós.
Precisamos evitar ficar indiferentes, pois a indiferença causa ao nosso semelhante a sensação de ficar ignorado e isso dói muito por cortar a conversa. Proceder assim só em casos extremos, que pode ser seguido de um pedido de desculpas e afastamento. Não procure culpar-se ou culpar o outro. Em alguns casos, uma boa tática seria procurar baixar a voz. Se o outro o seguir nessa atitude, o diálogo estará salvo.
Não devemos iludir-nos quando um relacionamento, qualquer que seja, começa a enfraquecer, a perder interesse da outra parte. Não adianta querer culpar o outro. Muitas vezes, a culpa recai em nós mesmos e devemos reconhecer isso para evitar que a indiferença se interponha entre as partes. Pense sempre que algo errado deve ter acontecido para que a conduta indiferente do outro ocorra.
Em família. Voltemos nossa atenção para os relacionamentos familiares onde certas atitudes entre um ou outro cônjuge começam a ser percebidas, mas nem sempre conseguimos captar e explicar com clareza o que está acontecendo. Aquele amor que havia no início do casamento já não é o mesmo. As boas memórias vão perdendo lugar devido aos constantes desentendimentos. Nossos anseios e desejos já não se projetam mais no outro. Nesses casos, o casal não deve deixar a situação se agravar. Por sermos imperfeitos, não procure realçar as imperfeições do outro. Antes, percebam que é ora de terem uma conversa franca para acertarem as diferenças, para “acertarem os relógios”, usando essa expressão muito comum. Sejam francos e transparentes um com outro. De qualquer forma, conversem esses assuntos longe dos filhos e em ocasiões de muita calma. Desarmem suas emoções negativas e joguem pela janela as suas “culpas”. Responsabilize-se cada um pelos seus erros. Pedir desculpas normalmente resolve!
Neste ponto, torna-se necessário, tão comum hoje em dia, considerar os aspectos relacionados à carência humana, que se tornou um grande problema. Nos dias de hoje, observa-se um vazio emocional muito grande entre as pessoas, o que causa, também, a ocorrência de indiferença. Torna-se, portanto, necessário fazer um esforço para encontrar suas origens e dar soluções, de preferência por si mesmo. Se for possível, recomendamos frequentar reuniões públicas do Racionalismo Cristão para se fortalecer espiritualmente ou então submeter-se a terapias apropriadas com um bom psicólogo.
Portanto, evitemos ser indiferentes, já que, para o ser humano evoluir – a principal razão por ter encarnado neste mundo-escola, é necessário conviver em sociedade, pois isso propicia trabalhar para o seu sustento e de sua família, perceber, rir, chorar, conversar, dialogar, acertar ou errar, fracassar em suas escolhas, descartar as soluções erradas, tentar novamente. Enfim, é assim que podemos afirmar que adquirimos vivências e experiências completas que tornam as nossas vidas úteis e emocionantes.