Orientar sem destruir, direcionar sem corromper. Esse é o mote da psicopedagoga Isabela Minatel Bassi, que, em 2018, lançou o livro Crianças sem limites.
Sem limites? Isso mesmo. Para a profissional, o termo limite tem diversas conotações, boas e más.
“A parte boa do limite é a orientação”, sentencia Isa. “Explicar as regras de um ambiente é orientar. A forma adequada de se conduzir em determinado contexto é orientar. Se você transforma limite em orientação, você só fica com a parte boa do limite. E com isso fica com crianças sem limites”, brinca ela, falando sério em um vídeo que recebi pelo Whatsapp.
E a parte ruim do limite? É impedir o desenvolvimento, a expressão e a capacidade de expor as ideias e as vontades das crianças. Limitar tem também essa conotação negativa, e os pais devem estar atentos a isso.
“Na ideia do limite, você quebra o vínculo. Você quer estar ligado a alguém que o limita? Quer estar perto de alguém que o limita? Não, né?”, responde e dá exemplos. O filho de sete anos baixou no celular um joguinho que ela achou inadequado. Conversou com ele sobre isso, dizendo que o alimento da cabeça são as informações, assim como a comida alimenta o corpo. E aí perguntou a ele se aquele joguinho – violento – tinha informações boas para ele. A criança logo entendeu que deveria deletar o jogo e baixou outro.
Outra vez, ela conta, recebeu em casa o filho de três anos de uma amiga que insistia em levar um brinquedo de pilha para a varanda onde o irmão e o filho de Isa brincavam com água. A psicopedagoga disse ao menino que o brinquedo com pilha era para brincar no sofá, não na varanda molhada. Como ele insistiu, na terceira vez ela guardou o brinquedo, dizendo que, assim que o garoto estivesse pronto para brincar com o brinquedo no sofá, o objeto seria pego novamente.
Isso faz parte do que ela chama de criação respeitosa: “Você precisa mostrar para a criança que você está falando sério, não está brincando. A afetividade não exclui a firmeza. O equilíbrio é o desafio da vida em qualquer área”.
O pediatra Daniel Becker, a quem Isa dava entrevista no vídeo do Whatsapp, ensina a trabalhar na perspectiva da consequência e não do castigo. “Ações têm consequência. Se uma criança repete uma ação inadequada, a consequência será isto: remover o objeto da ação inadequada, por exemplo. É um aprendizado para a vida inteira.”
O importante é conversar e seguir combinados. Assim, a criança saberá que estará errando quando quebrar um acordo. Nesses casos, não é não.
Contato: Isa tem página no Facebook e disponibiliza o e-mail: contato@isaminatel.com