O medo (no sentido geral) e o medo da morte já foram tratados em nosso livro Reflexões dobre os sentimentos, respectivamente nas páginas 218 e 223 da 4ª edição. De uma maneira mais ampla o medo é, basicamente, a maneira que nossa mente encontra de nos preparar para reagir a algo que nos amedronte, ameace ou traga qualquer tipo de perigo.
Sêneca (4 a.C.- 65 d.C.) foi um filósofo estoico nascido na Espanha, conselheiro do Imperador Nero e autor dos princípios estoicos sobre ética e moral. Lucílio, um cavalheiro de Roma, foi um amigo íntimo de Sêneca e, na época, tinha o cargo de governador da Sicília. Sêneca escreveu a Lucílio 124 cartas que garantiram a sobrevivência do estoicismo ao longo dos séculos até os dias de hoje. Em sua 13ª Carta a Lucílio, ele tratou dos chamados medos infundados.
Luiz de Mattos também já se referia aos medos infundados em seus livros, artigos e palestras, desde o início da fundação do Racionalismo Cristão. E o que é medo infundado? Medo infundado é, conforme o próprio nome diz, um sentimento de medo que não tem base na realidade, ou seja, é um medo que não se justifica diante da situação ou objeto que o causa. É um medo excessivo ou desproporcional à ameaça percebida. Os medos infundados são sentimentos de apreensão ou receio não justificado por qualquer ameaça real e presente. Trata-se, portanto, de reações exageradas a situações que, em circunstâncias normais, não vão ocorrer, mas martelam a mente de muitas pessoas. São bem diferentes de fobias, apesar de terem sintomas semelhantes. As fobias são caracterizadas por um medo persistente e irracional que causa grande perturbação na vida das pessoas, enquanto o medo infundado pode ser mais leve e não trazer tanta preocupação. Ambos são preocupações dos psicólogos que tratam desses males, evitando seu agravamento.
A principal consequência dos medos infundados é a qualidade de vida das pessoas mediante os sintomas de ansiedade, insônia, irritabilidade e até mesmo problemas de estresse e saúde. As pessoas sentem-se sufocadas, agoniadas.
De modo geral, a Psicologia classifica os medos em medos normais e fobias. Existe uma categorização mais detalhada para fobias, atingindo centenas de tipos, como, por exemplo, acrofobia (medo de alturas). Em geral, o tratamento focaliza dois tipos de distúrbios: o distúrbio de ansiedade e as fobias específicas.
Em resumo, podemos dizer que o medo normal é uma emoção que alerta o corpo para uma reação de perigo e manter a sobrevivência. A fobia é um medo doentio, irracional e repetitivo que acarreta um impacto na psiqué da pessoa, causando sofrimentos e doenças. As fobias específicas contam-se às centenas. Temos, ainda, as fobias sociais como, por exemplo, o medo de ser julgado por outras pessoas.
Neste artigo, colocaremos o foco de nossas atenções nos medos infundados que, conforme o nome sugere, são os medos sem fundamento racional, e que, por isso mesmo, fazem parte do instinto entranhado no âmago de nosso ser. Sugerimos como enfrentá-los para nos trazer segurança e proteção em situações incertas. Dentro do espaço limitado desse artigo, vamos elencar algumas fobias importantes e os principais medos caracterizados como medos infundados.
Medo da morte. Aqui devemos considerar duas condições opostamente diferenciadas. A primeira é representada pela maioria da população da Terra que é constituída por pessoas religiosas e/ou excessivamente materializadas. Para essas, o medo da morte é crucial e é um receio profundo que nasce da incerteza do que existe além da vida terrena. Essas pessoas procuram priorizar a segurança familiar via acúmulo de recursos financeiros e/ou patrimônio a serem distribuídos como herança para seus herdeiros. Há muitas formas de proteção desse tipo, inclusive seguros de vida. Já as pessoas que seguem doutrinas espíritas e/ou espiritualistas, que acreditam na vida após a morte do corpo físico, não têm medo da morte pois sabem que a vida do espírito é eterna.
Medo do fracasso. Seja como empresário, seja como empregado ou funcionário público, o medo de fracassar trava muitas pessoas em seus propósitos de vida. Elas buscam enfrentar este receio mediante investimento de suas reservas ou realizando cursos para ascender na escala social. As opções nesse sentido são inúmeras.
Medo da rejeição. Relacionar-se socialmente implica o sentido de pertencer. Isso é fundamental para qualquer pessoa. Porém, muitas pessoas fazem novas amizades e compartilham experiências com medo da rejeição. Reforçar a autoconfiança é importantíssimo como suporte emocional. Nos casos de forte vulnerabilidade siga a recomendação do ditado “mente sã em corpo são” para restaurar o bem-estar mental e fortalecer a saúde física ou procure ajuda de um psicólogo.
Medo de alturas (acrofobia). Há pessoas que têm medo de altura, o que é natural por constituir um instinto de autopreservação. Certas atividades, como por exemplo, o montanhismo apavora muitos iniciantes nesse esporte. Contar com a proximidade de montanhistas experientes encoraja bastante fazer desaparecer esse medo. Não há dúvida que constitui uma situação de risco para qualquer pessoa. Procura proteger-se com um bom seguro contra riscos para cobrir custos excepcionais de socorro e tratamento em caso de acidentes.
Medo de espaços fechados (claustrofobia). Esse é outro medo muito comum, principalmente nas grandes cidades, onde predomina a existência de elevadores e o uso de transporte aéreo para viagens nacionais e internacionais. Esse medo normalmente é muito estressante e tem como agravante o efeito ansiedade. Por exemplo, ao viajar usando aviões, é necessário um planejamento estratégico de ordem mental para evitar a deflagração da ansiedade, que pode até levar ao cancelamento da viagem.
Medo da solidão. O medo de ser abandonado por amigos e até por parentes próximos é crucial e pode causar estragos inevitáveis. A solidão pode afetar profundamente a pessoa especialmente se não se preparou emocionalmente para enfrentar situações desse tipo. Procure ter apoio de alguém em quem confia e planeje mentalmente alternativas viáveis para resolver o problema. Procurar o amparo de amigos não é vergonhoso e nem humilhante.
Medo do desconhecido. Essa é uma situação que reúne muitas possibilidades emergenciais como, por exemplo, ficar desempregado e subitamente ter que procurar novo emprego, principalmente quando as estatísticas mostram crise econômica no país. Muitas vezes a pessoa terá que se atualizar fazendo cursos que incluam novas tecnologias para poder ter chance de conseguir uma vaga próxima de sua residência. Ou seja, as incertezas são muitas vezes insustentáveis.
Medo de perder o controle. Este medo é muito comum entre pessoas que têm baixa autoestima e se vitimizam facilmente perdendo o controle de suas emoções, criando situações de incerteza e estresse quando se sentem ameaçadas. Ele requer apoio psicológico e acompanhamento contínuo para ser eliminado. A pessoa precisa fazer um esforço muito grande e criar uma base emocional mais sólida para enfrentar os momentos de maior desafio e adquirir confiança em seus relacionamentos.
Medo de ter longa vida. O problema maior com os idosos é a dependência de parentes, principalmente de filhos e/ou filhas. Muitas vezes, o problema se torna muito sério devido à perda de movimentos. As preocupações se agravam quando o idoso precisa usar cadeira de rodas, exigindo maior dependência direta dos parentes mais próximos ou de cuidadores. Na fase que podemos chamar de “terminal” os problemas se agravam financeiramente tornando o idoso mais vulnerável.
Medo de julgamento. É o receio do que os outros, nossos semelhantes, pensam sobre nós mesmos. Este é um medo muito mais comum do que se imagina. Desenvolver a autoconfiança é o melhor remédio para tais situações, necessitando ser bem trabalhada pelo próprio indivíduo. Não podemos deixar que isso aconteça conosco.
Conclusão. Os maiores medos humanos revelam a nossa busca por segurança e estabilidade. Em tempos de incerteza, ter suporte em áreas essenciais, como a saúde, as finanças e o bem-estar, permite-nos encarar os desafios de forma mais tranquila. Com uma proteção adequada e soluções de apoio, podemos reduzir a intensidade de cada receio, convertendo-os em fontes de motivação para viver com mais confiança. Procure espiritualizar-se com as orientações disponibilizadas pelo Racionalismo Cristão.