Os riscos dos vícios

A causa de incontáveis males que assolam muitos seres humanos reside no desprezo aos princípios construtivos da vida, bem como no afastamento da disciplina no viver. Surgem, daí, vícios de toda espécie, que penetram como um vírus no âmago da alma, desorganizando seu metabolismo e gerando a ruína de pessoas e lares. 

Em verdade, o ser humano é portador de faculdades que o capacitam a reagir às situações e analisá-las. Utilizando-se do raciocínio, poderá canalizar suas melhores energias no sentido de seu progresso material e espiritual, afastando-se dos vícios e de outros males tão comuns em uma rotina de preguiça. 

Podemos afirmar que a vivência dos autênticos princípios racionalistas cristãos tece, por assim dizer, uma blindagem a tais influências inadequadas, buscando salvaguardar o ser humano por intermédio de suas próprias ações, que, quando positivas e elevadas, retroalimentam sua força de vontade, permitindo-lhe reagir e criar novas formas de aprendizado e aprimoramento diante de quaisquer circunstâncias que se lhe apresentem. 

Como é evidente, o debate sobre a aquisição ou o desenvolvimento de vícios é importantíssimo, porquanto trata de uma questão grave para o viver humano. Aqueles que costumam estar desatentos às lições que a vida oferece e negam a si mesmos a possibilidade de crescer, amadurecer e caminhar na direção do bem estão sujeitos a ser negativamente influenciados pelas circunstâncias da vida. 

O esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão oferece as diretrizes seguras para que nos portemos com dignidade. Fortalecidos espiritualmente, não havemos de dissimular a gravidade da situação; contudo, mais do que nunca, estaremos atentos ao fato de que é tempo de rechaçar vícios e valorizar virtudes.  

Buscar formas diferenciadas, criativas e inovadoras de viver deve ser a preocupação de todos. Assim, as pessoas podem muito bem alterar a rotina doméstica criando novas formas, edificantes e inteligentes, de passar o tempo, evitando o contato com realidades propiciadoras dos vícios que contradizem as obrigações do ser humano para consigo mesmo. 

A leitura de bons livros, o contato com a música que eleva, a organização racional dos espaços da casa, o estudo de importantes temas muitas vezes esquecidos em nossa memória, a criação de projetos em prol daqueles que mais sofrem são antídotos eficazes diante das malfazejas ideias de suicídio, do perverso impulso de agressão aos mais fracos, do consumo exagerado de alimentos e bebidas. 

O trabalho é sempre um bem para o ser humano: um bem frutuoso, de máximo valor, apto a resolver muitos problemas e aplicável a praticamente todos os momentos da vida. Assume um papel importante na contemporaneidade, pois quem souber aplicá-lo racionalmente estará livre da ociosidade, raiz dos mais desprezíveis costumes. 

No que concerne aos vícios, não podemos evitar o encontro com eles, pois para isso teríamos de sair do mundo, como afirma Kant. Todavia, podemos e devemos opor-nos a eles vigorosamente. E de que maneira podemos fazê-lo? Sem dúvida, por meio do cultivo das virtudes e da vivência dos autênticos princípios racionalistas cristãos. 

Necessidades extraordinárias ou exigências naturais da vida que retiram o ser humano do convívio social ou profissional não devem ensejar hábitos prejudiciais nas pessoas. A interrupção das atividades externas e a consequente permanência no lar devem significar para a pessoa espiritualmente esclarecida um período de operosa atividade física, intelectual e espiritual, em que é preciso reservar atenções à família e aos parentes, mormente aos doentes e aos idosos. Trata-se, ademais, de um tempo propício à reflexão, meditação e estudo, atividades que favorecem o desenvolvimento integral do ser humano.  

A absorção dos elevados valores racionalistas cristãos, a que tantas vezes fazemos referência e que não está ligado a nenhum ritual ou coisa que o valha, tem como principal objetivo que as pessoas se tornem íntegras e saudáveis, felizes e realizadas, em quaisquer circunstâncias de suas vidas. Saibamos viver esse tempo, que tem muito a nos ensinar, reforçando nossa convicção no bem e em sua prática como objetivo de nossas vidas. Assim, estaremos todos em um mesmo circuito de amor, que nos fortalece e imuniza contra toda sorte de vícios. 

Muito Obrigado!