Paciência: uma virtude dinâmica

Não são poucos os seres humanos que se entusiasmam ao afirmar que finalmente concretizarão ideais e projetos desde há muito acalentados e que, a partir de agora, implementarão positivas mudanças em suas vidas. Aplaudimos tais iniciativas. São sempre saudáveis as atitudes racionalmente otimistas. Todavia, é importante ressaltar que nossos planos ganham força e vigor e se tornam viáveis quando desenvolvemos uma importante virtude: a paciência. Ao longo desta breve reflexão, procuraremos dar à paciência uma interpretação especialmente ampla e integradora.

Sem dúvida, a paciência é uma importante virtude. Assim sendo, conquistamo-la pelo hábito, ou seja, pelo exercício constante e disciplinado de atitudes serenas, equilibradas e firmes. Em termos práticos, adquirimos e desenvolvemos a paciência quando, com inteligência, optamos pelo silêncio ao invés da fala irrefletida, quando suportamos com dignidade e altivez determinada circunstância que, em um primeiro momento, se nos apresenta imodificável e quando toleramos os defeitos alheios à mesma proporção que queremos que tolerem os nossos.

O esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão, que amplia nossa percepção da realidade, é o caminho que nos leva a acreditar que dias melhores virão ao longo do futuro próximo. Contudo, só nos manteremos fortalecidos e firmes em nossas convicções se formos pacientes. A paciência emerge, nesse contexto, como um valor que produz estabilidade emocional e equilíbrio espiritual. Como o dissemos anteriormente, ela se desenvolve pelo exercício e pela prática, sendo para nós uma virtude dotada de um acentuado dinamismo que nos impele ao movimento e à ação, jamais à passividade e à inércia.

Os desafios, desde os mais comuns e frequentes aos mais rigorosos e difíceis, jamais encontram solução na esfera das lamúrias, das reclamações e dos queixumes; antes reclamam lucidez e paciência para ser superados condignamente: lucidez para escolher qual a melhor atitude a tomar e paciência para reconhecer o momento certo de agir.

Nas estâncias do silêncio e da reflexão é que melhor se vislumbram a importância e a magnitude da paciência. Quando, nos momentos de introspecção, sentimos serenar as emoções e os pensamentos, estamos em verdade vivenciando e exercitando a paciência – a verdadeira paciência, aquela que faz cessar a ríspida angústia oriunda da incerteza, aquela que domina e alivia os prejudiciais sentimentos de insegurança e instabilidade psíquica.

A impaciência, que é consequência da crueldade das emoções instintivas e dos sentidos mais primitivos e insanos, consterna e obscurece a razão e, expondo a pessoa ao descrédito e ao ridículo, dá amostras de frequentes danos, muitos dos quais são irreparáveis a curto e médio prazo. A impaciência, portanto, leva o ser humano a uma condição de deplorável vulnerabilidade emocional, impedindo-o de avançar em sua trajetória de crescimento espiritual e de protagonizar importantes conquistas.

É incontestável que o ser humano impaciente, sobressaltado e afoito em meio aos atropelos a que dá causa, pouca coisa de útil produz, pois não sabe utilizar bem seus talentos, faculdades e energias. Em contraste com essa realidade, houvemos por bem ressaltar, uma vez mais, o imensurável valor da paciência – e o fizemos, com critério e racionalidade, no transcurso da presente reflexão, com a qual buscamos sensibilizar, motivar e fortalecer aqueles que nos leem.

Prestigiar a virtude da paciência consiste na chave para uma vida exitosa e produtiva, mormente na agitada sociedade pós-moderna. Nessa perspectiva, desejamos que saibamos ser pacientes e confiantes, enfrentando os constantes desafios a que estamos expostos com a certeza inabalável de que tudo, em última análise, concorre para o bem, como nos ensina o Racionalismo Cristão.