À luz da espiritualidade, a paz e a felicidade se traduzem sinteticamente no desapego às sensações que perturbam o espírito, na superação dos sofismas que o mundo apresenta na forma de vícios e no cumprimento dos deveres assumidos com consciência. Para alcançá-las, é imperioso cultivar os valores do espírito enfatizados pelo Racionalismo Cristão e viver em consonância com eles. A presente reflexão pretende suscitar reflexões que façam germinar as potencialidades que todo ser humano possui em seu interior, capazes de elevá-lo e fortalecê-lo quando conduzidas pela razão.
Não há iniciativa mais eficaz para quem quer conquistar harmonia, alegria e êxito do que buscar compreender a si mesmo e ao mundo de maneira mais ampla e abrangente, ou seja, através do prisma da espiritualidade. No entanto, o desconhecimento acerca das próprias faculdades e talentos espirituais faz com que a pessoa desatenta não tenha ideia exata dos meios de que dispõe para a solução dos problemas que se lhe apresentam, sentindo-se, não raras vezes, sufocada pela pressão das circunstâncias que a envolvem.
O ser humano que não faz caso de seus atributos espirituais e dos mecanismos transcendentes que explicam os fenômenos físicos, quando alcança sucesso em algum projeto ou iniciativa, acaba por atribuí-lo à sorte ou ao acaso, ao invés de creditá-lo ao empenho e ao merecimento. Tais considerações devem ser apreciadas com seriedade, tanto porque tratam de elementos que sabotam a paz e a felicidade como, ainda mais, porque fazem parte de uma realidade comum e, infelizmente, muito disseminada.
A pessoa que toma consciência de sua essência espiritual e dos talentos associados a ela adquire uma fortaleza de ânimo que lhe alivia o peso dos aborrecimentos cotidianos e a aproxima da paz e da felicidade almejadas. Com certeza são os atributos espirituais a melhor provisão, por assim dizer, para o longo caminho que nos conduz ao autoaperfeiçoamento – sustentáculo da serenidade e da consciência do dever cumprido.
Por mais que não nos seja lícito, enquanto estudiosos dos ensinamentos racionalistas cristãos, incidir em pensamentos pessimistas ou derrotistas, não podemos deixar de lamentar os seres humanos que, por presunção ou insensibilidade, se privam do manancial energético que trazem dentro de si, reserva que, se bem utilizada, permitiria não apenas a superação de muitos desafios e adversidades, como também uma experiência de vida suave e plena, produtiva e realizadora.
Ao se dedicar ao estudo dos ensinamentos divulgados pelo Racionalismo Cristão e à prática de seus princípios, a pessoa compreende que a realidade que o envolve transcende ao mundo físico que lhe é perceptível pelos sentidos, passando a nutrir uma saudável inclinação para o aprendizado contínuo das verdades transcendentes e metafísicas. Isso lhe proporcionará o discernimento necessário para distinguir o verdadeiro do falso, para penetrar na essência das questões e para caminhar na vida com segurança.
Nossa motivação para tratar sobre este tema parte da constatação do exíguo número de abordagens que lidam com o assunto do ponto de vista da espiritualidade. Muito se fala em paz e felicidade, mas raramente se abordam os fundamentos que conduzem a elas. Portanto, sem esclarecimento espiritual, toda busca por paz e felicidade é infrutífera. Quando abandonamos os erros que ofuscam a razão e a sensibilidade, conscientizando-nos da força de nossos talentos interiores, alcançamos a certeza de que não se pode edificar nada de sólido sobre um alicerce vão e inútil, convictos de que, livres do materialismo, vivenciamos com intensidade os valores espirituais destacados pelo Racionalismo Cristão, que irradiam calma, equilíbrio e bem-estar.