Adolescentes são pessoas fascinantes, seres humanos cheios de energia, dúvidas, questionamentos e aflições. Ao mesmo tempo que nos desafiam e indagam, também precisam de orientação, limite, “colo” e “ouvidos” para suas angústias; muitas vezes não encontram isso em casa, no seio familiar.
Jovens são pessoas facilmente manipuláveis, facilmente influenciáveis, capazes de mudar o comportamento por usarem exemplos alheios.
As redes sociais e outras mídias trazem grande influência e grandes referências a esses jovens, é nelas onde muitas vezes se apoiam.
Acreditam nas “vidas perfeitas” encontradas não só nas redes, mas em filmes de séries “teen”; descobrem caminhos, nem sempre ideais, para tentar solucionar seus problemas, ou, no pior dos casos, encontram pessoas mal intencionadas que dizem ter a grande solução.
E qual é o papel da escola nisso tudo?
Foi-se o tempo em que a escola servia para “transferir” conhecimentos. As gerações mudaram, os aprendizados e, principalmente, as relações.
Segundo Henri Wallon, filósofo francês, o processo evolutivo do ser humano necessita tanto da parte biológica, quanto do ambiente em que está inserido.
Escola é onde o ser humano passa ou passou a maior parte da vida, interage, cria vínculos, descobre amores, mas é nela que aparecem os menores até piores conflitos.
Humanizar a escola é um trabalho árduo e intenso que envolve, além de amor à profissão, a sensibilidade profissional e pessoal de colocar-se no lugar do outro e entendê-lo naquela situação.
Empatia é o que permeia o ambiente de nossa escola Professora Semíramis Turelli Azevedo, em Tatuí.
Com mais afetividade, as professoras idealizaram o projeto Posso falar com você?, criando uma maneira de minimizar ou até mesmo prevenir alguns conflitos.
O projeto envolve alunos, professores e profissionais de outras áreas, todos de espírito aberto com um único intuito: elevar a autoestima dos alunos e ouvi-los.
Algo tão simples para uns, tem proporção gigantesca para outros. “Eu acredito que depende de como cada pessoa reage a determinado assunto, o que é de fácil resolução para mim pode trazer diversas dúvidas para outra pessoa”, diz a professora Natalie Montori, formada em História e Pedagogia e uma das precursoras do projeto.
A iniciativa ainda tem a participação de José Nanni Neto, presidente da Filial Tatuí do Racionalismo Cristão e o jovem militante Giovanni Caetano, fazendo um trabalho humano e acolhedor com os alunos, disponibilizando voluntariamente seu tempo e levando o autoconhecimento aos alunos que estão participando do projeto.
“Esse projeto veio em um momento delicado para alguns de nossos alunos, quando estavam necessitando urgente de um conselho, que deveriam encontrar na família”, ressalta professora Roseli Marques Militante da Casa em Tatuí, formada em Ciências/Matemática.
Com todo empenho e afetividade dos envolvidos, essa iniciativa tem tudo para alastrar-se a outros ambientes.
Como diz Rubem Alves, “Pois ser Mestre é isso ensinar a felicidade”.